Liberta-Me

Título: Liberta-Me
Autor: Tahereh Mafi

Editora: Novo Conceito

Páginas: 444

ISBN: 9788581632353

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Essa é a resenha do segundo volume da Trilogia Estilhaça-Me, se você não leu o primeiro livro (resenha aqui), esse post possui spoilers!

Juliette encontra-se 15 metros abaixo da terra e tem que se lembrar todos os dias que não é mais uma prisioneira, no entanto, os antigos medos percorrem sua pele e ela parece não conseguir se libertar da claustrofobia que a atormenta. Sua nova vida não é o que ela esperava, ela deveria estar feliz, dormindo melhor, mais saudável e mais tranquila no espaço seguro do Ponto Ômega, onde o líder é Castle. Castle, aquele que diz que a Energia de Juliette deve ser controlada, que aqueles que se encontram no Ponto Ômega não são aberrações, mas pessoas com dons, indivíduos com habilidades tiradas do universo e todos eles treinam nesse lugar no meio do caos que o mundo se tornou, preparando-se para derrotar Warner e seus homens, preparando-se para uma guerra sangrenta. Mas Juliette não se sente bem ou melhor, ela está preocupada, não sabe se conseguirá treinar da forma certa, se irá machucar alguém de propósito ou acidentalmente. 

Há duas semanas Juliette faz parte do movimento clandestino dedicado a lutar contra o Restabelecimento, há duas semanas ela e Adam se encontram poucas vezes, apenas nos horários das refeições e quando conseguem driblar a vigilância do Pronto Ômega e, apesar das raras ocasiões, compensam esses momentos íntimos com grande intensidade, mas Juliette não teve coragem para contar nem para Adam ou qualquer membro do Ponto Ômega sobre o fato de Warner poder tocá-la.

Enquanto Juliette está feliz por imaginar que Adam pode tocá-la por pura coincidência, Castle acredita que o rapaz provavelmente possa ter um dom como Juliette. Ela queria, no fundo, acreditar que tivera sorte, mas infelizmente seus piores temores vêm à tona. 

"É muito mais difícil agora. Muito mais difícil resignar-me a uma existência de gelo e vazio agora que já conheci o calor, a urgência, a ternura e a paixão; o extraordinário conforto de poder tocar outro ser". (p. 106) 

Sem poder se aproximar de Adam e sem conseguir esquecer o passado onde fora desprezada, Juliette se fecha cada vez mais, enquanto se torna uma estranha no Ponto Ômega, uma pessoa para ser temida, que não consegue controlar seus sentimentos nem conceber a grandeza de seu poder. Ao mesmo tempo, a tensão no mundo a cima do Ponto Ômega aumenta e um confronto contra os soldados do Restabelecimento torna-se cada vez mais inevitável.

Liberta-Me, segundo livro da Trilogia Estilhaça-Me, de Tahereh Mafi, traz uma narrativa e uma história mais maduras e envolventes, onde a autora ainda faz bastante uso das metáforas e da sinestesia, o que só acrescenta pontos positivos para uma narrativa impecável e apaixonada. 

Encontramos neste segundo volume uma Juliette ainda traumatizada, presa nos seus delírios/pensamentos, perdida e pouco confiante, o que pode incomodar um pouco, mas que acaba se superando no decorrer de uma trajetória árdua, onde testa seus limites e acaba se descobrindo (ainda não totalmente) quando percebe que precisa lutar por si mesma e fazer o possível para ajudar aqueles que tanto ajudaram-na. 

O amadurecimento de Juliette também se dá, em grande parte, por não estar mais com Adam, o que é bem bacana. Ela precisa provar para si mesma que consegue superar os obstáculos sozinha. Outra coisa que ela precisa enfrentar são seus lapsos, sua natureza "selvagem", aquilo que existe de mais primitivo dentro dela e que muitas vezes foge ao seu controle. 

Neste volume também somos apresentados a um Warner diferente, não completamente mudado, é claro, mas podemos compreendê-lo melhor e vemos nascer um triângulo amoroso. Aqui nascem os "times", "Team Warner" ou "Team Adam" e eu já tenho o meu favorito. Ah, e não posso deixar de mencionar aqui que fiquei bem feliz por poder acompanhar mais do Kenji, um personagem que já havia me conquistado bastante. Agora quero ir logo para Incendeia-Me!