Garota, Interrompida


Título: Garota, Interrompida

Autor: Susanna Kaysen
Editora: selo Única
Páginas: 190
ISBN: 9788573128628
Onde comprar: Comparar preços

O ano é 1967 e o mundo sofre grandes transformações. A revolta estudantil inicia-se nos Estados Unidos e segue para os países ocidentais, comunistas, chegando até o Oriente Médio e a América Latina. A revolta desses jovens era caracterizada por contestar aquilo tudo que estava estabelecido social e politicamente. Existe a necessidade de quebrar o que está estabelecido, um sentimento de não-adaptação e a busca de novas formas de ação diferentes das tradicionais contestações. 

"O mundo não havia parado só porque não estávamos nele; longe disso. Noite após noite, corpos diminutos tombavam ao chão em nossa tela de TV; negros, jovens, vietnamitas, pobres. Algumas pessoas mortas; outras apenas temporariamente arrebentadas. Sempre havia mais gente para substituir os que caíam e para somar-se a eles na noite seguinte." (p. 105)

Apesar de acreditar que o motivo para o suicídio é de suma importância, ou seja, deve ser forte, ou tudo dá errado, Susanna tem consciência que seus motivos eram fracos: um trabalho de História Americana que não queria fazer e a pergunta que ela se propusera meses antes: "Por que não me matar?". Oras, morta ela não precisaria fazer o trabalho. Mas ponderar sobre essas questões a desgastava. Como fazer uma pergunta dessas para si mesmo uma vez e depois livrar-se dela?

Talvez, pensava Susanna, muita gente se matasse para colocar fim ao dilema de se matar ou não. 

E tudo o que ela fazia ou pensava era imediatamente incorporado ao dilema. Se fez um comentário idiota, se perdeu o ônibus. Por que não se matar? Mesmo o que era bom entrava nesse jogo. Havia assistido um filme bacana? Talvez não devesse se matar. 

Mas o que Susanna realmente queria era matar uma parte de si, aquela parte que queria se matar, que a arrastava para o maldito dilema do suicídio e transformava cada objeto, cenário ou utensílio de cozinha no ensaio de uma tragédia. Mas ela só descobriu isso depois que tomou cinquenta aspirinas. 

Quando fez isso ligou para seu namorado dizendo que iria se matar, tomou as cinquenta aspirinas e então percebeu seu erro. Saiu para comprar leite e seu namorado foi até a sua casa e contou tudo para a sua mãe. 

Enquanto caminha Susanna sente-se humilhada e arrependida, pranteava sua morte e chegou a sentir compaixão por si mesma e por toda a infelicidade que continha dentro de si. Passando mal, desmaiou. Encontrada, foi levada ao hospital e lá fizeram uma lavagem estomacal nela, uma experiência horrível. 

"No entanto, quando terminaram, perguntei-me se haveria uma próxima vez. Eu me sentia bem. Não estava morta, mas alguma coisa havia morrido. Talvez eu tivesse alcançado meu estranho objetivo de suicídio parcial. Senti uma leveza e uma animação que havia anos não sentia." (p. 47)

Susanna nunca tinha visto o médico que levou vinte minutos para decidir interná-la. A internação foi voluntária, já que Susanna era maior de idade (tinha dezoito anos na época) se não fosse assim, seria por meio de um mandado judicial. O que Susanna não sabia na época era que em seu caso nunca teriam conseguido um mandado judicial. Ela sabia que não era uma ameaça para a sociedade. Talvez para si mesma? Mas aquelas cinquenta aspirinas haviam sido metafóricas, ela queria expurgar um aspecto da sua personalidade. Mas como o médico poderia entender isso? 

Para ele, um homem que vive em um bairro elegante e possui bases que fomentam sua vida, vê o mundo como um todo "ameaçador" e ao se deparar com uma jovem que veste uma saia minúscula e fala em monossílabos, conclui que ela está chapada. Se o mundo é ruim e os padrões da sociedade decaem, essa jovem poderia ser arrastada pela maré abaixo dos padrões "corretos" da sociedade se a devolvesse para esse mundo no estado em que ela se encontra. O que ele estaria fazendo? Algo como "medicina preventiva". 

Sabendo que não era louca, Susanna não acreditava que poderiam trancafiá-la em um hospício. Mas foi no Hospital McLean que ela passou os dois anos seguintes de sua vida. 

Lá ela conheceu várias garotas, entre elas:

Lisa, que sempre costumava fugir, o que deixava as outras garotas tristes, pois Lisa sempre as animava. Ela raramente comia ou dormia e seus pais nunca a visitavam pois Lisa era uma sociopata (pelo menos era o que ela dizia). Lisa aprontava com os outros pacientes e com as enfermeiras, mas também podia ser agradável quando queria. 

Polly havia ateado fogo em si mesma com gasolina quando era mais jovem, as cicatrizes piores eram as que exibia no pescoço e nas faces. Polly nunca estava triste e era gentil com os outros, confortando-os. Não se queixava, mas sempre tinha tempo para ouvir as queixas dos outros. Ninguém sabia o que a levara a fazer aquilo e ninguém se atrevia a perguntar. 

Georgina divide o quarto com Susanna e é esquizofrênica, seu namorado, Brad, acha que seu pai é um agente da CIA e que possui amigos muito perigosos. 

Daisy era um evento sazonal, aparecia antes do feriado de Ação de Graças e ficava até depois do Natal. Sempre conseguia um quarto só para ela e possuía duas paixões: laxantes e frango.

Cynthia era depressiva e sempre voltava em prantos do eletrochoque, uma vez por semana. 

Janet era anoréxica e dividia o quarto com Polly. Precisava ser alimentada à força toda vez que seu peso descia abaixo de 34 quilos. 

Lisa Cody chegou depois de Susanna e logo se tornou amiga de Lisa. Quando Lisa Cody foi diagnosticada como sociopata, Lisa não gostou nada disso e as Lisas passaram a criar ainda mais problemas. 

O dia a dia dessas garotas é relatado no hospital. Como interagem umas com as outras, com as enfermeiras, como percebem o mundo trancafiadas em um hospital e como a amizade se dá, as consultas, as saídas do hospital, as rondas, o desespero, a loucura x sanidade. 

"Para muitas de nós, o hospital era tanto um refúgio quanto uma prisão. Embora estivéssemos afastadas do mundo e de todas as confusões que adorávamos aprontar nele, também estávamos afastadas das cobranças e das expectativas que nos haviam enlouquecido. O que podiam cobrar de nós, enfiadas no hospício?" (p. 109)

Garota, Interrompida, de Susanna Kaysen, é um relato marcante e franco das experiências que a autora passou no final da década de 1960. O livro conta com documentos, como ficha de internação, avaliações médicas etc. e o que aconteceu depois dos dois anos passados internada no hospital. Garota, Interrompida é um livro que mexe com diversos sentimentos e é de uma intensidade honesta e brutal, que leva o leitor a refletir sobre o que torna alguém louco ou sã. São as circunstâncias? A sociedade? A genética? E qual o grau de loucura que faz com que alguém possa ser considerado perigoso (tanto para a sociedade quanto para si mesmo)? 

Susanna tinha perfeita consciência de suas interpretações equivocadas da realidade. Mas seriam suas interpretações realmente equivocadas? 

"Essa lucidez permitia que eu me comportasse normalmente, o que suscitava algumas questões interessantes. Será que todos viam aquilo e fingiam que não viam? Seria a insanidade uma simples questão de parar de fingir? Se algumas pessoas não viam aquelas coisas, o que estava acontecendo com elas? Estariam cegas ou o quê? Perguntas como essas me deixavam abalada." (p. 52)

Quando tudo é tão volúvel, em que acreditar?

Assisti ao filme, adaptação do livro, diversas vezes, e é um dos meus filmes favoritos. No entanto, o filme é bem diferente do livro, uma coisa bem mais "hollywoodiana" mesmo, mas não deixa de ser um ótimo filme com ótimas atuações. 

Garota, Interrompida foi lançado em 1993 lá fora e aqui no Brasil neste ano pela Única Editora, selo da Editora Gente. Susanna Kaysen já publicou outros livros:

- Asa, As I Knew Him (1987)
- Far Afield (1990)
- The Camera My Mother Gave Me (2001) 

Tem promoção do livro aqui no blog, faltam só 23 horas para terminar!

Divulgando #12

Promoção: "Kit Luz da Minha Vida"


Início: 13/09/2013
Término: 13/10/2013

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Concurso Cultural: "Jardim de Inverno"


Início: 24/09/2013
Término: 24/10/2013

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Concurso Cultural: "Prata, Terra & Lua Cheia"


Resultado: 17/10/2013

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Concurso Cultural: "O silêncio das montanhas"


Resultado: 03/10/2013

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Fahrenheit 451


Título: Fahrenheit 451
Autor: Ray Bradbury
Editora: Globo
Páginas: 215
ISBN: 9788525042118

Muita gente tem medo dos bombeiros, mas Clarisse McClellan não. Ela é a nova vizinha de Guy Montag, 30 anos, bombeiro há dez. Com 17 anos, Clarisse é uma garota bem diferente de todas daquelas que Guy já conheceu, além de gostar de caminhar durante a noite, apenas andando por aí, sentindo o cheiro das coisas e olhando para elas, ela o faz rir. Clarisse também sabe de muitas coisas, coisas que Guy não faz ideia, ou pelo menos nunca parou para pensar. 

"- Você pensa demais - disse Montag, incomodado.
- Eu raramente assisto aos "telões", nem vou a corridas ou parque de diversão. Acho que é por isso que tenho tempo de sobra para idéias malucas. Já viu os cartazes de sessenta metros no campo, fora da cidade? Sabia que antigamente os outdoors tinham apenas seis metros de comprimento? Mas os carros começaram a passar tão depressa por eles que tiveram de espichar os anúncios para que pudessem ser lidos.
- Eu não sabia disso! riu Montag abruptamente." (p. 21)

Não só Clarisse era estranha, como sua família também. Pela noite sua casa ficava com todas as luzes acesas, coisa extremamente incomum. Sua mãe, seu tio e seu pai costumavam conversar e Clarisse explica para Montag que é algo como andar a pé, só que muito mais gostoso. Ele não entende, sobre o que eles poderiam conversar?

"- É verdade que antigamente os bombeiros apagavam incêndios em lugar de começá-los?
- Não. As casas sempre foram à prova de fogo, pode acreditar no que eu digo.
- Estranho. Uma vez me disseram que, muito tempo atrás, as casas pegavam fogo por acidente e as pessoas precisavam dos bombeiros para deter as chamas." (p. 20)

Aquele encontro com Clarisse causou grande impacto em Montag, apesar de ter durado alguns minutos parecia ter durado um longo tempo. A garota parecia uma figura imensa em um palco diante dele. Ela tinha a capacidade de captar e devolver a expressão de outra pessoa, seus pensamentos e seus receios mais íntimos. Ele era feliz? Foi o que Clarisse perguntou. Claro que era! Mas aquele seu outro eu, o idiota do subconsciente que por muitas vezes desatava a tagarelar, independente de sua vontade, hábito e consciência, rumava a novas escuridões e também, por que não, a um novo sol. 

Depois daquele encontro, entrar em seu quarto era como entrar em um frio mausoléu, com janelas bem fechadas e onde nenhum som da cidade conseguia penetrar. No escuro, sabia que não era feliz. Sabia também que sua mulher, Mildred, estava estirada na cama, os olhos presos no teto e as pequenas conchas nas orelhas, rádios firmemente ajustados, onde um oceano eletrônico de sons chegava, como música e vozes, em sua mente vigilante. 

Montag tropeçou em um objeto e percebeu que se tratava de um pequeno frasco com pílulas para dormir que, pela manhã, contivera trinta cápsulas e agora estava sem tampa e vazio. 

"- Nenhum de vocês é médico. Por que não enviaram um médico da Emergência?
- Ora essa! - O cigarro do operador agitou-se em seus lábios. - Resolvemos uns nove ou dez casos desses por noite. De uns anos para cá, passaram a ser tantos que mandamos construir as máquinas especiais. A novidade, é claro, foi a lente; o resto é antigo. Não é preciso médico para um caso como este; bastam dois biscateiros que, em meia hora, resolvem o problema." (p. 28)

No dia seguinte, com as conchas nas orelhas, Mildred não lembra de nada da noite anterior. Montag tenta lembrá-la do acontecido mas Mildred diz que nunca faria algo tão estúpido.

Montag continuava a encontrar Clarisse quando ia ou voltava do trabalho. Ela dizia coisas estranhas, mas que o faziam rir, agora um riso de verdade, um riso relaxado.

"(...) Às vezes ando de mansinho pelo metrô só para ficar escutando. Ou fico à escuta nos bebedouros de refrigerantes, e sabe de uma coisa?
- O quê?
- As pessoas não conversam sobre nada. 
- Ah, elas devem falar de alguma coisa!
- Não, de nada. O que mais falam é de marcas de carros ou roupas ou piscinas e dizem: "Que legal!". Mas todos dizem a mesma coisa e ninguém diz nada diferente de ninguém. E, nos bares, ligam as jukebox e são sempre as mesmas piadas, ou o telão musical está aceso e os desenhos coloridos ficam subindo e descendo, mas é só cor e tudo abstrato." (p. 45 e 46)

As pessoas denunciavam seus vizinhos e lá iam os bombeiros. Seu trabalho era como uma faxina, nada de gritos ou choro, a polícia chegava antes para tapar a boca da vítima com fita adesiva e ninguém era ferido, apenas coisas. Nada podia importunar a consciência de um bombeiro, ele estava limpando. Com sua mangueira, encharcava o local denunciado (local com livros, um ou dois, ou uma biblioteca) com querosene e riscava um fósforo. Fácil e rápido.

Mas em uma dessas chamadas Montag acaba surrupiando um livro...

Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, não é só um livro que traz ao leitor uma reflexão acerca da censura, já que aqui temos uma distopia onde em um futuro não identificado todos os livros foram proibidos e são queimados pelos bombeiros que, como Montag e a maioria da população acreditam que sempre causaram incêndios e nunca os apagaram.

Não existe História, os livros não existem, os poucos que restam são queimados. As pessoas também não conversam, ou estão conectadas às suas conchas (uma espécie de smartphone) ou estão interagindo com seus telões, espécie de TV do tamanho de uma parede que cerca todo o ambiente e onde os personagens interagem com o indivíduo. Em determinada parte do livro, Mildred desespera-se com a possibilidade de perder sua "família", é assim que ela chama aqueles personagens que invadem a sua sala.

Quando estão entediadas ou frustradas, mas sem entender esse sentimento de frustração, já que essa sociedade é completamente apática, anêmica, pegam seus carros e dirigem em alta velocidade, atropelando animais e extravasando a falta de algo que não (re)conhecem.

A imaginação foi erradicada, assim como a reflexão, os sonhos, a paixão etc.

Montag, apesar de ter vivido nesse mundo e ser um bombeiro, possui um afã, algo que está adormecido dentro dele mas que é despertado com a chegada de Clarisse. Será instinto? Uma sensação de não pertencimento? No entanto, não é fácil apagar o que foi aprendido, deixar de lado velhas crenças, ter coragem para ir além do território já conhecido e predeterminado.

Outra coisa: queimar um livro não significa apenas colocar querosene nele e acender um fósforo. Ao observar o personagem Beatty, capitão dos bombeiros, podemos perceber que um livro pode ser "queimado", "assassinado", quando a leitura é meramente funcional.

O livro foi lançado em 1953 e ganhou uma adaptação cinematográfica em 1966 com direção de François Truffaut. Não assisti ao filme, mas no final do livro o autor diz que houveram várias mudanças.


A capa



Essa é uma das melhores capas que já vi. Quem projetou essa capa foi a designer Elizabeth Perez. Fahrenheit 451 é a temperatura que o papel pega fogo, nessa capa, o número 1 é um palito de fósforo que pode ser riscado na lateral da capa.

A música

Estava procurando outros títulos do autor quando me deparei com o vídeo Fuck Me, Ray Bradbury. Ri muito! Apesar de muita gente achar que é uma ofensa ao autor, eu achei bem bacana. O vídeo é da cantora e comediante Rachel Bloom e lá ela faz uma performance com uma música pra lá de sexualmente explícita sobre seu desejo por Ray Bradbury. O vídeo é de 2010 e várias obras do autor são citadas nele.

Mark Edward (você pode ler o artigo completo aqui) visitou o autor alguns dias antes de Ray fazer 90 anos (ele nasceu em 1920 e morreu em 2012) e mostrou o vídeo para ele. Sabe qual foi sua reação?

"Nós falamos com o Ray por alguns minutos. Ele está incrivelmente frágil e sua saúde não está muito boa, com problemas de visão e audição, o que torna um desafio conversar com ele. Mas ele ainda é tão afiado quanto uma navalha. Quando ele fala, é sempre algo profundo. Ele não mede as palavras e quando você está perto dele, é melhor prestar atenção. Colocamos para rodar o vídeo que tínhamos baixado na internet em um laptop. Considerando o título e o conteúdo desse vídeo, foram alguns minutos tensos. Ainda assim, logo vimos um brilho em seus olhos e ouvimos alguns risos suaves. E pudemos ver que ele ficou encantado com a coisa toda. E quem não ficaria? Quantos autores de sua envergadura consegue ver jovens mulheres brincando em uma escola só para garotas e cantando aquela música?"

Ok, como o vídeo não é muito apropriado para o blog (não tem nada de "oh, nossa!", é mais a letra), vou deixar o link aqui para quem quiser assistir. Não deixem de conferir a letra também. (:

Novidades da Editora Valentina

Várias coisas novas e ótimas notícias da Editora parceira Valentina!


O livro A Moderna Ciência da Yoga, de William J. Broad, foi lançado na Bienal junto com Passarinha (leia sobre o segundo título aqui).


Neste surpreendente livro sobre yoga, William Broad, praticante desde 1970, nos mostra, a partir da visão de um premiado e experiente jornalista do caderno de Ciência do New York Times, que, apesar dos enormes benefícios, os riscos da prática do yoga não podem nem devem ser ignorados.

Uma obra que levou cinco anos para ser escrita, A Moderna Ciência do Yoga nos apresenta um amplo quadro que mostra mais de um século de meticulosa pesquisa e apresenta a leigos e praticantes uma visão imparcial dessa prática milenar.

O livro celebra o que é real sem deixar de expor o que é ilusório. Descreve o que é edificante e benéfico e revela o que é controverso e muitas vezes perigoso, sem deixar de explicar os porquês. Lança luz sobre benefícios pouco conhecidos do yoga, como a melhora do humor e o estímulo à criatividade, e não deixa de nos alertar sobre os movimentos que podem aleijar e até matar. E, como é comum durante investigações científicas, alguns mistérios surgiram ao longo da preparação desse estudo inédito: seriam a animação suspensa e o êxtase sexual sem limites capacidades humanas latentes?

Prepare-se para uma instigante viagem que vai leva-lo dos velhos arquivos de Calcutá até centros de pesquisa médica de última geração, de famosos ashrams a impecáveis laboratórios, de deliciosos estúdios de yoga com renomados professores a salinhas de curandeiros.

O livro também descortina a burguesa indústria global do yoga, que atrai não somente cientistas curiosos como também fervorosos praticantes e embromadores carismáticos. Em essência: derruba mitos, apresenta benefícios inesperados e uma emocionante visão crítica sobre como essa prática ancestral pode – e deve – ser desenvolvida.

"Um olhar instigante e lúcido sobre a mística que envolve o yoga. Broad descortina a pouco falada questão das lesões e riscos, ao mesmo tempo em que contabiliza os enormes benefícios em potencial."
DANIEL GOLEMAN, autor do megaseller Inteligência Emocional

Quer saber mais sobre o autor? Visite o site dele clicando aqui.

Outra novidade bem bacana (esta é para os fãs de Alma?, de Gail Carriger) é o lançamento de Metamorfose?, segundo livro de O Protetorado da Sombrinha, que sairá para o Natal! \o/ Leia a resenha do primeiro volume aqui.


O primeiro volume da Trilogia Newsoul, de Jodi Meadows, logo será lançado com o título Almanova (título original: Incarnate). 



(capa norte-americana)

Sinopse traduzida:

Almanova

Ana é nova. Por milhares de anos, no Range, milhões de almas vêm reencarnando repetidas vezes, mantendo suas memórias e experiencias de vidas passadas. Quando Ana nasceu, outra alma desapareceu, e ninguém sabe por quê.

Sem-alma

Mesmo a mãe de Ana acha que ela é uma sem-alma, algo como um presságio de que coisas ruins virão, e acabou por afastar a filha da sociedade. Para escapar de sua reclusão e descobrir se ela mesma reencarnará, Ana viaja para a cidade de Heart, mas os cidadãos temem pelo o quê sua presença pode representar. Quando dragões e sílfides atacam a cidade, Ana será a culpada?

Heart

Sam acredita que a nova alma de Ana é boa e valiosa. Quando ele a protege, o relacionamento dos dois floresce. Mas será que Sam conseguirá amar alguém que poderá viver apenas uma vez? E deixarão os inimigos de Ana - humanos e criaturas - em paz o casal? Ana precisa descobrir muitas coisas, mas será que sua jornada irá ameaçar a paz de Heart e destruir a promessa de reincarnação para todos? 

Lá fora, o segundo volume da Trilogia (Asunder) foi lançado em janeiro desse ano. O último volume, Infinite, será lançado em janeiro de 2014. 

A última novidade é o lançamento da série Immortals After Dark, de Kresley Cole, pela Valentina (ainda sem data).


Ufa, bastante coisa não? ^^

Lançamentos do mês de setembro - Novo Conceito

Quando uma Garota entra em um Bar (Helena S. Paige)



Então você se arrumou toda para uma noite de amigas, daquelas onde só as mulheres participam, mas suas amigas mudaram de planos sem avisar e, agora, você está sozinha em um bar superbacana, arrumada e perfumada, e sem saber bem para onde ir...

O que você faz? Aproveita que já está por ali, pede uma tequila e dá uma boa olhada no yuppie que está na mesa ao lado? Ou pede uma cerveja e vai pra perto do palco arrebatar o baterista? Pode ser que você prefira uma paquera com o rapaz de botas de bico fino e músculos trabalhados que está encostado à parede.

Ou, quem sabe, tomar um café com o bombeiro que está cuidando da segurança dos clientes e que, neste instante, está verificando o funcionamento do extintor...

E isso tudo só pra começar! A escolha é sua — e você tem um mundo de possibilidades nesta noite que parecia começar mal!

Só não espere que esta experiência seja como outra qualquer, porque esta noite ficará definitivamente marcada em sua memória de erotismo e paixão.

Divirta-se com esta definitiva experiência sensual onde você, e só você, terá o controle de seu próprio prazer!

Os Adoráveis (Sarra Manning)


Jeane é blogueira. Seu blog, o Adorkable, é um blog de estilo de vida — na verdade, o estilo de vida dela — e já ganhou até prêmios na categoria "Melhor Blog sobre Estilo de Vida; pelo Guardian e um Bloggie Award. Adora balas Haribo, moda (a que ela cria, comprando em brechós) e colorir (ou descolorir totalmente) os cabelos...

Cheia de personalidade e meio volúvel, ainda assim Jeane é bacana — mesmo nos momentos em que se transforma numa insuportável...

Mas, certamente, ela não olharia duas vezes para Michael. Porque Michael é o oposto de Jeane.

Ele é o tipo de cara que namoraria a garota mais bonita da escola. E compra suas roupas na Hollister, na Jack Wills e na Abercrombie. Além disso, diferente de Jeane, que é autossuficiente, Michael é completamente dependente do pai, o Clínico Geral que condena açúcar, e ainda permite que sua mãe compre suas roupas! (Embora, para Jeane, o pior mesmo sobre Michael é que ele baixa música da internet e nunca paga por isso.) 

Jeane e Michael têm pouco em comum, além de algumas aulas e uma maçante dupla de "ex" — Scarlett e Barney. Mas, apesar disso, eles não conseguem se desgrudar desde que ficaram pela primeira vez.

O Amor Mora ao Lado (Debbie Macomber)


Lacey Lancaster sempre quis ser esposa e mãe. No entanto, depois de um divórcio bastante doloroso, ela decide que é hora de dar um tempo em seus sonhos e seguir sozinha mesmo. Mas não tão sozinha: sua gatinha abissínia, Cléo, torna-se sua companhia de todas as horas. Até é uma vida boa — um pouco aguada, é verdade — a de Lacey. A não ser por seu escandaloso vizinho, Jack Walker.

Quando Jack não está discutindo, sempre em voz muito alta, com sua namorada — com quem insiste em morar junto — está perseguindo seu gato, chamado Cão, pelos corredores do prédio. E Cão está determinado a conseguir que a gatinha Cléo sucumba aos seus avanços felinos. Jack e Cão são realmente muito irritantes.

Mas acontece que a primeira impressão nem sempre é a que fica...

Dois Rios (T. Greenwood)


Harper Montgomery vive ofuscado pela tristeza. Desde a morte de sua mulher, há 12 anos, ele aprisionou-se em uma pequena cidade, Dois Rios, onde todo mundo se conhece, porque ali — justifica-se — poderia criar melhor sua única filha. Atormentado pelo desgosto, Harper prefere esconder-se.

Mas a verdade é que a morte de sua mulher é somente um dos motivos de sua dor. Além de sofrer por sua perda, ele se sente culpado por um ato abominável: quando mais jovem foi cúmplice de um crime brutal e sem sentido. Há muito sentimento em jogo quando se trata de sua vida cheia de remorsos...

Então, um acidente de trem oferece a Harper a chance de redenção: uma das sobreviventes, uma menina de 15 anos, grávida, precisa de um lugar para ficar, e ele se oferece para levá-la para casa.

No entanto, a aparição dessa menina, Maggie, não tem nada de simples acaso, talvez, ela tenha alguma coisa a ver com o crime do qual ele participou um dia...

Corações Feridos (Louisa Reid)


Hephzibah e Rebecca são irmãs gêmeas, mas muito diferentes. Enquanto Hephzi é linda e voluntariosa, Reb sofre da Síndrome de Treacher Collins — que deformou enormemente seu rosto — e é mais cuidadosa.

Apesar de suas diferenças, as garotas são como quaisquer irmãs: implicam uma com a outra, mas se amam e se defendem. E também guardam um segredo terrível como só irmãos conseguem guardar. Um segredo que esconde o que acontece quando seu pai, um religioso fanático, tranca a porta de casa.

No entanto, quando a ousada Hephzibah começa a vislumbrar a possibilidade de escapar da opressão em que vive, os segredos que rondam sua família cobram-lhe um preço alto: seu trágico fim. E só Rebecca, que esteve o tempo todo ao lado da irmã, sabe a verdadeira causa de sua morte...

Hephzi sonhara escapar, mas falhara. Será que Rebecca poderia encontrar, finalmente, a liberdade?

Até eu te Encontrar (Graciela Mayrink)


Na Universidade de Viçosa, em Minas Gerais, calouros e veteranos começam a se conhecer e as amizades vão se formando em um mundo de estranhamentos que é a vida universitária.

Até que... Até que as paixões começam a aparecer.

Carla é uma moça intragável que acredita ser a dona do mundo — e que tem atitudes que podem ser bem mais perigosas do que pensam seus amigos...
Flávia é caloura na universidade e aprendeu muito mais do que se ensina nas salas de aula — especialmente sobre alguns temas esotéricos, como o encontro de almas gêmeas e a existência de bruxas (boas e más)...
E Luigi — que além de lindo é querido por todos os amigos — está prestes a ter, mais uma vez, sua vida modificada de uma maneira arrebatadora...

No redemoinho destas paixões, até onde podemos controlar nossas vidas? E será que a perversidade de alguns é mais forte que a força do destino?

Fale!


Título: Fale!

Autor: Laurie Halse Anderson
Editora: Valentina
Páginas: 248
ISBN: 9788565859073

"Os alunos mais velhos podem ficar perambulando até o sinal tocar, mas os do primeiro ano são conduzidos como rebanho até o auditório. A gente se divide em tribos: Atletas, Clubbers, Pseudointelectuais, Cheerleaders, Lixo Humano, Euro-ralé, Futuros Fascistas Americanos, Minas Cabeludas, as Marthas, Artistas em Crise, Jovens Atores, Góticos, Esportistas Radicais. Eu não pertenço a nenhuma. Desperdicei as últimas semanas de férias vendo desenhos idiotas. Não fui para o shopping, nem para o lago, nem para a piscina, nem atendi ao telefone. Entrei no ensino médio com o corte de cabelo errado, as roupas erradas, a atitude errada. E não tenho ninguém com quem possa me sentar." (p. 16)

Melinda é uma excluída e sabe disso já no seu primeiro dia de aula no colégio Merryweather. Não procura ir atrás de suas ex-amigas, não faria a menor diferença. A tribo delas, as Basiconas, acabou se fragmentando e cada caco restante acabou sendo recolhido por uma "facção" rival. Nicole acabou por passar seu tempo ao lado dos Atletas e Ivy oscila entre os Artistas em Crise e os Jovens Atores. Jessica se mudou para Nevada e Rachel, ex-melhor amiga de Melinda, tem andado com os alunos de intercâmbio, em uma tentativa de resgatar sua herança europeia.

Se existe alguém com quem Melinda gostaria de falar sobre o que aconteceu, essa pessoa seria Rachel. E mesmo com sua garganta pegando fogo sabe que não adianta, Rachel a odeia. Todos a odeiam. Afinal, Melinda foi a garota que ligou para a polícia e destruiu a tradicional festinha que os veteranos promovem para comemorar a chegada das férias e, para piorar, mandou vários "colegas" para a prisão. 

Melhor não pensar mais nisso, imagina Melinda. Foi péssimo, mas já acabou. 

"São 8:50 da manhã. Só faltam 7 tempos de aula e 699 dias para a formatura." (p. 19)

O ensino médio é uma grande mentira, deveriam ser mais claros:

1) Não, ninguém está aqui para ajudá-los;

2) Os orientadores educacionais não dão a mínima para vocês e não estão dispostos a escutá-los;

3) Você não irá sentir saudade do tempo passado conosco.

As duas primeiras semanas de colégio terminam sem Melinda ter uma crise de nervos. Ela tem uma técnica: é muito mais fácil não dizer nada, fechar a matraca. Tudo aquilo que se ouve na TV sobre se comunicar e se expressar o que sente não passa de babaquice, o negócio é calar o bico. 

Melinda consegue sentar com uma nova garota que acabou de se mudar de Ohio no refeitório, um dos lugares mais críticos do colégio. Heather é bem tagarela, o que ajuda na "relação" das duas. Melinda apenas precisa acenar com a cabeça ou soltar um "a-hã" quando Heather passa horas ao telefone. Rachel e seus amigos, pelo menos aquelas pessoas que Melinda conhecia há nove anos, continuavam a ignorá-la, apesar de esbarrarem nela constantemente e seus livros serem arrancados de seus braços e jogados no chão com frequência. 

A aula de artes é logo depois do almoço, o momento crítico do dia, e muito bem-vinda. O professor Freeman é feio, com um corpo de gafanhoto velho e um nariz como um cartão de crédito enfiado nos olhos, mas é o único professor que sorri quando todos os alunos entram em fila na sala. 

"Ele está encurvado sobre um pote girando, as mãos avermelhadas, por causa da argila. - Bem-vindos à única aula que vai ensiná-los a sobreviver - diz o professor. Bem-vindos à Arte." (p. 23)

O professor Freeman tem um projeto para o ano letivo. Todos os alunos pegam um pedaço de papel dentro de um globo e nele existe o nome de um objeto, uma palavra. Os alunos deverão passar o resto do ano aprendendo a transformá-lo em uma obra de arte e para isso farão esculturas, moldes de papel machê, entalhes, desenhos, tudo com base no objeto ou na palavra. Existe uma condição: os alunos deverão encontrar uma forma de fazer com que o objeto diga algo, transmita uma emoção. 

"O prof. Freeman desliga a roda e pega um pedaço de giz sem nem lavar as mãos. "ALMA", escreve no quadro. Filetes de argila riscam a palavra, parecendo sangue seco. - É aqui que vocês encontrarão suas almas, se ousarem. Que poderão achar aquele lado de vocês que jamais se atreveram a ver antes. Não me venham pedir que lhes mostre como desenhar um rosto. Venham pedir, isso sim, que eu os ajude a encontrar o vento." (p. 24)

Melinda pega a palavra árvore. Fácil, ela sabe desenhar uma desde a segunda série. Essa tarefa parece ser divertida. Mas enquanto se empenha cada vez mais no projeto se vê perdida. Definitivamente as aulas de arte são o seu refúgio, mas até que ponto Melinda consegue se expor? 

Enquanto isso, ela falta as aulas e suas notas caem cada vez mais. Melinda definha e torna-se cada vez mais frágil. A relação com seus pais também não é nada boa: Melinda sempre está sozinha, a comunicação se dá através de bilhetes no balcão da cozinha. 

""Por que você não diz nada?""Pelo amor de Deus, abra a boca!""Quanta imaturidade, Melinda.""Diga algo.""Ao se recusar a colaborar, a maior prejudicada é você mesma.""Eu não sei por que ela está fazendo isso conosco."" (p. 135)

O diretor, a orientadora, seus pais. Com o que eles realmente estão preocupados? Estão dispostos a ouvir Melinda? 

"Eu sei que os parafusos da minha cabeça estão meio soltos. Quero ir embora, pedir transferência, me mandar daqui em velocidade de dobra espacial para outra galáxia. Estou a fim de confessar tudo, de passar a culpa, o erro e a raiva para outra pessoa. Tem um monstro nas minhas entranhas, posso até ouvi-lo arranhando minhas costelas. Mesmo quando descarto a lembrança, ela continua comigo, me ferindo. O meu cubículo é um cantinho legal, um lugar tranquilo, que me ajuda a manter esses pensamentos dentro da minha mente, onde ninguém pode ouvi-los." (p. 67)

Fale!, de Laurie Halse Anderson, é um livro que causa impacto e é de um extremo realismo. Assim como Garotas de Vidro (resenha aqui), da mesma autora, é um livro sobre jovens e com uma linguagem para jovens. Laurie sabe fazer isso muito bem, envolver o leitor adolescente em uma narrativa moderna (a autora não parou no tempo) e que transmite todo o sofrimento, desespero e, por que não, terror da personagem? 

Melinda é uma personagem retraída, machucada, fragilizada, traumatizada e calada. Seus diálogos são internos e mesmo assim a personagem se torna cativante desde o início da leitura. Sua visão sobre o colégio, os estereótipos etc., são divertidas e ao mesmo tempo tristes, bastante realistas mas com uma dose de pessimismo que acompanha a personagem. 

Os diálogos entre os outros personagens, os professores, o dia a dia no colégio, a relação de Melinda com seus pais, que mesmo quando presentes são ausentes emocionalmente etc., são tratados de forma formidável. Laurie convida o leitor a todo momento para a reflexão e o debate e mergulhamos de cabeça neste romance tão honesto e crítico.

Fale! se transformou em obra paradidática em diversas escolas de ensino fundamental, médio e até mesmo universidades. Além disso, nos últimos dez anos a autora recebeu milhares de cartas e e-mails de pessoas confidenciando suas histórias. No início do livro existe um poema feito com frases e palavras extraídas dessas cartas e e-mails, é algo lindo e forte de se ler. 

"Eu gostaria de pensar que, em uma pequena escala, Fale! os está ajudando a encontrar suas vozes. Mas esta obra é só um instrumento. Os verdadeiros heróis e heroínas são os que olharam para dentro de si - para além do medo, da vergonha, da depressão e da raiva - e criaram CORAGEM para contar as suas histórias. Tenho o mais profundo respeito por elas." (Laurie Halse Anderson)

Assisti ao filme logo depois de terminar de ler o livro (aqui o filme leva o título O Silêncio de Melinda). Não posso dizer que não gostei do filme, mas ele também não me agradou tanto assim. Kristen Stewart não conseguiu convencer no papel de Melinda, seu personagem não passou a dor e a angústia da Melinda do livro. Uma adaptação também não precisa ser 100% fiel ao livro, mas na minha opinião precisa manter sua essência e isso não aconteceu. 

Está rolando promoção do livro Fale! aqui no blog. Clique aqui para participar. (:

Metanfetaedro



Título: Metanfetaedro
Autor: Alliah
Editora: Tarja Editorial
Páginas: 232
ISBN: 978856154154

Iara, sereia transfigurada em humana, possui cabelos esverdeados e o corpo nu é de um verde-água, sujo pelo esgoto. Já Mogul tem a pele preta feito carvão e olhos amarelos amassados por alguma doença, ele veio traficado da África. Cercados por gigantes carcaças de metal velho e fedorento que buzina sem parar, fazem malabarismo nos sinais com frutas ou cabeças de animais mortos. Roubam comida, bebida, dinheiro e paciência. Cheiram cola e fumaça. Suas existências são ignoradas em meio ao cinza apodrecido sobre o cinza nevoento. O lixo e a lama brilham, o circo chegou na cidade! Ele pinta as ruas e agita os viadutos, acumulando purpurina no meio-fio e trazendo criaturas assustadoramente felizes.

Enquanto isso, a irmã de Marmelo, irmão de Mogul, é vendida aos traficantes em troca de um naco de pão duro e fatias de carne. Esse é o preço da sua violação. Crianças são fáceis de fabricar, quando a fome apertar talvez seus pais façam mais uma. Marmelo grita pelo nome da irmã enquanto mata os pais, passa um ano, segura um fuzil. A matança para a qual é preparado não passa de diversão. Os espectadores estão ali: uma elite sádica. Marmelo marcha, acovarda-se, é violado, enlouquece. O estômago urge, pólvora, canibalismo. 

*

Agora imagine um capricho de uma metrópole. Ela sonhou um dia com seus metais. A cidade ficou recheada de prédios lamentosos e estruturas retorcidas, ela consumia, mastigava e sugava as energias de suas vítimas, aqueles que não obedeciam a Cidade e a frieza de seus prédios doentes. 

Um patrulheiro que violara as fronteiras, um soldado que acordara metamorfoseado: uma dupla improvável. A busca: uma cidade lendária (uma outra dimensão?). O caminho: demônios, variáveis, lutas. 

Virar algo que não existe. Sonhar com algo que não é. Desespero. Quem sonhou primeiro?

*

Nas calçadas largas disputam o mesmo espaço fedido humanos, ciberoganiformes, animorfos, translienígenes e pacotes de consciência vaporizadas. Nas portas do ZooSex são poucos os que param e os que param são atendidos por uma mulher-raposa de seios à mostra e calça de vinil.

Época de reeleição do Governador, as coisas não andavam bem, como não andavam desde o surgimento de uma nova identidade na praça, os translienígenas, alvos de preconceito e agressões em meio aquela sociedade caleidoscópica, onde ciberorganiformes e animorfos haviam sido "tolerados" recentemente por grupos conservadores e extremistas. 

"Originalmente assexuados e provenientes de uma cultura extraterrestre em que a sexualidade era inexistente e a reprodução dava-se através de uma forma complexa da cissiparidade, os alienígenas que aportaram na Terra havia algumas tortuosas décadas devido a um acidente viram-se imersos num mundo extremamente sexualizado." (p. 90)

Conforme iam penetrando entre os terrenos, humanos orgânicos e modificados vinham absorvendo sua diversidade e ansiando por seus prazeres. Logo muitos imigrantes decidiram submeter-se a cirurgias que lhe dariam um sexo, identidade biológica de gênero essencialmente humana. 

Os transaliens viviam à margem da sociedade e aqueles que haviam feito a cirurgia foram obrigados a se mudar para um bairro isolado no subúrbio, um buraco imundo e esquecido chamado Roulette. 

Translienígenas começam a ser sequestrados e o criptoaçougue parece funcionar além de sua função principal. Para resolver este caso, ninguém melhor que Morgana Memphis: ex-rockstar, ciberorganiforme e apresentadora do programa Shot de Cianureto, com quem vive suas aventuras ao lado de Amadahy, uma mulher metade humana de descendência cherokee e metade reconstruída a partir de engenharia biotemporal, cheia de tatuagens, geralmente seminua e com um cocar branco gigante na cabeça. 

"- Só um minuto, rapazes - ela respondeu, deixando-os apreensivos como crianças. - Certo. Então ela passou por aqui. Ótimo. Lembra se ela estava com alguém e em que direção ela foi? Ou se houve algum incidente? 
- Ela tava falando com umas freiras esquisitas, e depois acho que foi na direção do criptoaçougue do Tutano. 
- Freiras... Que freiras?
- Sei lá, porra. Freiras são freiras, pra mim é tudo a mesma merda. Ainda mais com quinhentas religiões novas surgindo a cada segundo, e tudo com isenção fiscal e privilégios territoriais. Depois reclamam de orgias animorfas..." (p. 93)

*

"- Que lugar é esse? - perguntei enquanto sentava-me no banco.
- É o brancaverso, uma tela vazia esperando alguma ideia - ele respondeu sem mover um parafuso." (p. 211)

Metanfetaedro, de Alliah. O que escrever? Como exprimir em palavras as sensações que em mim foram despertadas através deste livro? Minha mente realmente viajou para lugares fantásticos, inesperados, vertiginosos, frios, lamacentos, arenosos, espaçosos, claustrofóbicos e outros tantos lugares sem igual e, certamente, diferentes de todos os que já visitei. Imaginem só a minha reação! Espanto, felicidade, tristeza, raiva, nojo, êxtase. Uma gama enorme de reações para um único livro e oito contos, nem todos mencionados durante a resenha.

Metanfetaedro é o tipo de leitura "tapa na cara, soco no estômago", um convite para aqueles que querem se perder ou se encontrar, como Cristina Lasaitis escreve no prefácio da obra, nos lisérgicos mundos de Alliah.

O senso comum está fora de questão aqui: prepare-se para uma boa dose de licor de frutas azuis. Alguns costumam chamá-lo de fluxo de ideias. Aproveite para se deliciar com uma diagramação perfeita que conta com ilustrações da própria autora, também artista visual. Boa viagem!

Obs.: Provavelmente você não voltará o mesmo.  

Literatura New Weird


(arte da Claire)

O que é


Logo estarei postando a resenha do livro Metanfetaedro, da escritora e artista visual Alliah. A leitura foi uma das melhores do ano e foi o primeiro livro do gênero New Weird que tive a oportunidade de ler (tive a sorte de ganhar o livro em um sorteio no site da autora). E por isso gostaria de escrever um pouquinho sobre esse gênero, que tem como estreia nacional o próprio livro da Alliah. Mas o que seria o New Weird ("novo estranho")? 

No prefácio escrito pela Cristina Lasaitis temos o seguinte:

"(...)

Dizem os centauros que o novíssimo weird é um filhote da ficção especulativa que mora em um cruzamento entre a ficção científica, a fantasia, o horror, e também o policial, o noir, o pulp e mais tudo o que a criatividade permitir. Já as sereias dizem que é uma ficção surrealista, o resultado químico de uma omelete de elementos aparentemente sem conexão entre si, mas encaixados harmoniosamente para compor um todo esteticamente bizarro, estranhamente excitante e – por que não? – poético, e até mesmo hiper-realista.

(...)"

Navegando por aí e lendo diversas matérias, percebi que existe uma grande dificuldade em definir o que é e o que não é New Weird. Fóruns na internet estão cheios de discussões, mas ninguém chega a uma conclusão. Algumas pessoas até mesmo dizem que o New Weird não existe. Mas ele está aí, não está? O grande desafio é classificá-lo. 

Mas como outros gêneros, o New Weird não trata de um movimento, um movimento literário assim não faria sentido, pois os escritores relacionados ao New Weird não estão inclinados a ditar regras, pelo contrário, querem quebrar todas elas. Então, o que caracteriza esses autores? A mistura ilimitada de genêros (como mencionado acima). Eles utilizam elementos tradicionais da FC e agregam o que estiver ao alcance: thriller político, romance histórico, personagens reais, faroeste, diários de viagem, policial noir etc. Tudo isso para libertar a literatura fantástica dos clichês. Ok, e que clichês são esses? Gnomos, elfos, dragões, clones, universos inteiros que são simulacros da realidade etc. 

Como tudo começou

Aqueles que assinalaram o termo e o defendem buscam a origem do New Weird na primeira metade do século passado, nos livros de H.P. Lovecraft (aqui você encontra uma resenha de um livro do autor, Histórias de Horror: O Mito de Cthulhu). Lovecraft misturava FC, horror e fantasia em uma pulp fiction (também conhecidas como "the pulps", eram revistas de ficção bem baratas e com baixo custo de produção que começaram a ser publicadas em 1896 e perduraram até os anos 1950 (uma espécie de zine)) em que aliens são deuses e monstros são anjos caídos. 

Seguindo a cronologia, as características do New Weird ressurgem na série Gormenghsat, novelas góticas publicadas nos anos 1940 e 1950 por Mervyn Peake

Autores mais recentes

Dentre os autores mais recentes, estão o italiano Valerio Evangelisti (1952), que teve sua obra mais famosa lançada aqui no Brasil pela Conrad: O Inquisidor, um passeio da Espanha do século 14 a uma viagem interplanetária em 2194. 


China Miéville (1972) é mais "pop" que Evangelisti e teve publicado pela Tarja Editorial seu livro Rei Rato


A Situação de Jeff VanderMeer também foi publicado pela Tarja Editorial.


New Weird em novas pairagens

Hoje em dia já se fala em New Weird na música, no cinema, na televisão e nos quadrinhos. Exagero? Acho que não. 

Gostei do gráfico abaixo (para visualizar a imagem melhor é só clicar nela ou abrir em outra aba). Aparecem ainda mais gêneros e subgêneros o que despertou ainda mais a minha curiosidade.


Fontes:

Promoção - Garota, Interrompida

Neste post aqui comentei sobre a nova parceira do blog, a Editora Gente e seu selo, a Única Editora. E para comemorar essa parceria que tal uma promoção bem bacana? 



Garota, interrompida é um novo clássico que fala sobre a passagem da adolescência para a vida adulta. A personagem principal, Susanna, termina o ensino médio, mas não sabe que caminho seguir, o que para os pais já seria um problema. Mas a jovem se confunde ainda mais quando ela se envolve com um professor e tenta se matar. Seus pais a convencem de passar um tempo em Claymoore, um hospital psiquiátrico, onde ela conhece outras jovens, com problemas maiores e distúrbios grandes, mas suas diferenças irão uni-las. Agora cabe a Susanna usar esta experiência para se encontrar e superar seus medos ou ser esquecida ali.

O livro que inspirou o filme que foi um sucesso de bilheteria e que criou uma geração de fãs, pela primeira vez publicado no Brasil.

Não saber o que quer ser não é uma opção.

Quando a realidade torna-se brutal demais para uma garota de 18 anos, ela é hospitalizada. O ano é 1967 e a realidade é brutal para muitas pessoas. Mesmo assim poucas são consideradas loucas e trancadas por se recusarem a seguir padrões e encarar a realidade. Susanna Kaysen era uma delas. Sua lucidez e percepção do mundo à sua volta era algo que seus pais, amigos e professores não entendiam. E sua vida transformou-se ao colocar os pés pela primeira vez no hospital psiquiátrico McLean, onde, nos dois anos seguintes, Susanna precisou encontrar um novo foco, uma nova interpretação de mundo, um contato com ela mesma. Corpo e mente, em processo de busca, trancada com outras garotas de sua idade. Garotas marcadas pela sociedade, excluídas, consideradas insanas, doentes e descartadas logo no início da vida adulta. Polly, Georgina, Daisy e Lisa. Estão todas ali. O que é a sanidade? Garotas interrompidas.

Um relato pessoal, intenso e brutal que nos faz refletir sobre nosso papel na sociedade, Garota, interrompida é uma leitura obrigatória, que inspirou o filme homônimo sucesso de bilheteria que concedeu a Angelina Jolie seu papel mais importante e o Oscar de melhor atriz coadjuvante.

"Fiquei obcecada com a honestidade brutal das personagens deste livro."Angelina Jolie

O prêmio será o livro Garota, Interrompida, de Susanna Kaysen, cedido pela Editora. Quem gostou do filme, com certeza irá adorar (os livros sempre são melhores, não?) e para quem não assistiu o filme, não perca a chance de assistir esse longa maravilhoso!


Como participar?

Para participar você deve ter endereço de entrega em território nacional e ser seguidor do blog via GFC e pronto, já está concorrendo! Fácil, não? 

Para aumentar suas chances você poderá preencher os itens no formulário, que são opcionais.

A promoção começa hoje, dia 04/09/2013 e vai até o dia 30/09/2013. 

Obs.: O prêmio será enviado pela Editora.

A Menina Que Semeava



Título: A Menina Que Semeava
Autor: Lou Aronica
Editora: Novo Conceito

Páginas: 416

ISBN: 9788581632407



"(...)
Um murmúrio se destacou dos outros. De certo modo era algo conhecido, mas tinha um timbre diferente. Gage não tinha prestado atenção a essa voz em particular. Era uma voz cansada. Uma que havia passado por uma experiência dolorosa. Era a voz de um velho em um jovem.
Gage se concentrou naquela voz com mais cuidado. Havia mais coisa por trás da sua história. Significativamente mais. Uma sensação de desconexão. Essa história tinha terminado antes mesmo de começar.
(...)
Quando a oportunidade surgisse, Gage ia oferecer a eles a ponte. No entanto, os dois iam precisar atravessá-la sozinhos. Precisariam encontrar seu próprio caminho para harmonizar seus sussurros.
Até isso acontecer, Gage continuaria a escutar.
Essas histórias continham muitas promessas." (p. 47 e 48)

Chris, o pai de Becky, havia se mudado de casa fazia quatro anos, não morava mais em Moorewood, onde sua ex-mulher, Polly, morava. Preferiu por Standridge, não ficava muito distante e assim ele podia buscar Becky para os jantares as terças à noite e aos sábados, uma vez por mês, em que a filha dormia em sua casa. Chris não estava feliz com essa condição, tudo reduzido a planos e momentos agendados, além da tentativa de manter um nível de continuidade em seu relacionamento com Becky, que mostrava-se distante do pai, através de conversas telefônicas e ocasionais mensagens de texto. A mudança para Standridge mostrou-se a mais sensata: Chris não se sentia bem em encontrar pessoas que conheciam ele e Polly em Moorewood, esse tipo de encontro sempre o constrangia e o fazia perceber que praticamente todos os seus amigos eram na verdade amigos de Polly. Sentia que fora simplesmente um acessório durante todos os anos de casamento.

E mesmo passados os quatro anos após a separação, Chris ainda se sentia confuso com o fim repentino de seu casamento, apesar de saber que as coisas não iam nada bem, especialmente quando Becky adoeceu. Discutiam todos os dias e as diferenças de opiniões, antes dribladas, tornaram-se impossíveis de lidar. A leucemia de Becky, então com cinco anos de idade, parecia ter separado os dois de várias maneiras. Apesar do casamento ter se tornado impossível, Chris não queria o divórcio, não queria ficar longe da filha. Ele sabia que logo ela entraria na adolescência e então não iria passar tanto tempo com a família, preferindo os amigos, mas Chris queria se certificar que sempre estaria perto de Becky e que ela soubesse disso. Mesmo adolescente, seu pai estaria lá, e seria tão legal para ela quanto foi em sua infância.

E agora as coisas funcionavam dessa forma, uma Becky de quatorze anos distante e uma Polly que não conseguia encarar o ex-marido. Até mesmo Al, atual marido de Polly, conseguia ser mais simpático com Chris.

"Chris encarou o cardápio, confuso. Ele nunca sabia como responder quando Becky se comportava desse modo. Como os pais rompem essas barreiras criadas pelos filhos? Ele imaginou se ela agia da mesma maneira com a mãe. Se o seu relacionamento com a ex-mulher fosse um pouquinho diferente, talvez pudesse perguntar a ela. Do jeito como as coisas estavam entre eles, não poderia confessar esses problemas de comunicação com a filha. Seria muita munição para o inimigo." (p. 31 e 32)

Chris sentia-se péssimo pelo estado atual de sua relação com Becky, afinal os dois sempre haviam se relacionado muito bem. Lembrava-se com carinho e nostalgia um dos momentos mais fascinantes que vivenciara: a criação de Tamarisk. Logo após o início do tratamento de quimioterapia de Becky, a garotinha estava muito assustada e confusa, tinha dificuldades para dormir e seu pai já havia passado várias noites com ela pensando em alguma maneira de consolá-la. Chris acreditava que Becky não iria morrer e seu otimismo ou fracasso em "levar sua doença a sério" foi um dos pontos que levaram marido e mulher a brigarem na época. Mas de qual outra forma ele conseguiria incutir confiança na filha?

Em uma noite Chris teve uma ideia, criar algo com a mente dos dois, uma história, mas não uma simples história, criaria com Becky um mundo inteiro para colocar lá em suas mentes. O reino foi chamado de Tamarisk e pai e filha ficaram tão envolvidos no exercício de inventar as partes do mundo, que só começaram a criar uma história na outra noite. Ao longo dos anos a história evoluiu de diversas formas e à medida que Becky ficava mais velha, ia desenvolvendo uma lógica interna dentro desse mundo.

"Embora algumas coisas ali não mudassem nunca. O mesmo rei e a mesma rainha ainda reinavam no país, eles ainda tinham como seus mais ferozes inimigos os thorns, povo que fazia fronteira ao sul do reino, muito embora isso não seguisse as regras da nomenclatura, e a linda, inteligente, sofisticada e brilhante princesa ainda estrelava quase todas as aventuras." (p. 56 e 57)

Quando o câncer de Becky entrou em remissão as visitas noturnas a Tamarisk se tornaram o ponto alto dos dias. Os dois sempre davam um jeito de darem uma passadinha rápida pelo mundo que haviam criado. Mas com o final de seu casamento, tudo acabou. No dia em que Chris se mudou, Becky disse que nunca mais iria querer contar outra história de Tamarisk. Havia sido incrível, uma fuga com Becky, mas todos aqueles anos de criação haviam chegado ao fim.

Enquanto isso, Becky sofre em silêncio por sentir tonturas e perceber que os sangramentos em seu nariz tornam-se mais constantes. Isso nunca mais havia acontecido, pelo menos não depois de a quimioterapia funcionar quando ela tinha cinco anos e ela melhorar. Ela não estava curada, mas em remissão. Mas depois de tanto tempo, será que não havia derrotado a "coisa"?

Paralelamente, sem Becky ou Chris terem conhecimento, Tamarisk continua viva, contando a sua própria história. Miea, a princesa e agora rainha, enfrenta um grande problema: uma doença em Tamarisk devasta todas as plantas e com isso extingue animais e plantações. Vários especialistas trabalham para encontrar o motivo da praga, mas ninguém consegue entender o que está acontecendo.

Becky sentia a falta do pai e precisava de ajuda. Miea estava devastada e também precisava de ajuda.

"- Eu não sabia o que estava procurando. Mas, pensando bem, um pouco antes disso acontecer, eu pedi ajuda.
- Pra quem?
- Eu não sei. Pra qualquer um.
- Talvez tenha algo aqui pra nós duas. Nada que a gente possa perceber só olhando.
- Por falar nisso, sou a Becky. Eu me refiro a você como Vossa Majestade?
Miea estremeceu.
- Seria muito bom se você fosse a única pessoa que conheço que não me tratasse assim. E nestas circunstâncias, não parece apropriado.
- Quais são as circunstâncias?
- Acho que isso é algo pra nós duas descobrirmos." (p. 99)

Esse encontro definitivamente aproximaria Becky de seu pai, afinal ele era louco por Tamarisk e não só por ser algo que ele podia fazer com ela, mas porque ele parecia realmente levar tudo muito a sério. Mal sabia Becky que seu pai faria tudo para se reaproximar da filha. Tamarisk era real para ela, mas como convencê-lo?

"Ouça, Lon, tem uma coisa que eu não contei pra você.
Lonnie ergueu a sobrancelha curiosa.
- Em circunstâncias normais eu estaria me preparando para uma má notícia se alguém dissesse alguma coisa assim pra mim, mas acho que eu já passei dessa fase.
Becky sorriu carinhosamente para a melhor amiga.
- Não, não são más notícias, mas você vai achar que elas são bem estranhas.
- Estou pronta. Pelo menos eu acho.
- Parte dos motivos pelo qual eu preciso passar mais tempo na casa do meu pai é o fato de eu precisar fazer uma coisa que eu só consigo fazer lá e em nenhum outro lugar. Lá eu posso viajar pra Tamarisk." (p. 305)

A Menina Que Semeava, de Lou Aronica é lindo! Uma história emocionante e mágica, que me surpreendeu e me deu um nó na garganta (ok, eu chorei). Sabe aquele livro que tem vários aspectos positivos e nada para se reclamar? A Menina Que Semeava é assim, não consigo ver um defeito ou algo que tenha me desagradado. A história flui tão bem, com capítulos que vão intercalando o que se passa no mundo de Becky e em Tamarisk, aliás, esse último é um lugar fantástico, mágico! As descrições que o autor usa para esse mundo são maravilhosas, levam o leitor direto para Tamarisk e o deixam deliciado com tanta beleza, seres e objetos diferentes, cheiros, música e costumes.

Os personagens dos "dois lados" são cativantes, cheios de profundidade, assim como a história. Mesmo não tendo gostado da Polly de início, entendi seu comportamento ao longo da história. São, ao mesmo tempo, frágeis e fortes (mais uma vez, assim como a história). A Menina Que Semeava é um livro com uma história delicada, que só poderia ser escrita com muito sentimento.

Outro dos muitos pontos positivos do livro é a interpretação que cada um que o lê pode dar. A Menina Que Semeava está livre para diversas opiniões. Quem é Gage? Tamarisk realmente é real? E tantas outras indagações. Cheguei a uma conclusão mas não irei compartilhá-la aqui, acredito que cada um deve ser "raptado" para este mundo repleto de magia e poder e ficar até tarde da noite sendo mantido acordado para chegar a sua conclusão. Vale a pena! (: