Filha da Ilusão


Título: Filha da Ilusão
Autor: Teri Brown
Editora: Valentina
Páginas: 288
ISBN: 9788565859295

Anna Van Housen teve uma infância nada convencional em meio a um grupo heterogêneo de excêntricos no circo, vivendo ao lado de personalidades únicas que foram a sua única família, enquanto sua mãe, uma mulher de humor instável e língua afiada, almejava um futuro glamouroso longe de toda essa gente esquisita. 

A famosa médium Marguerite Van Housen finalmente vem adquirindo um mínimo de respeitabilidade com a ajuda de sua filha que é uma talentosa ilusionista e sua assistente nos seus shows e sessões espíritas. Anna adora praticar o ilusionismo, mas detesta as sessões, que são proibidas por infringir as leis (Anna já está cansada de ajudar a sua mãe a fugir da cadeia). Além disso, a garota de dezesseis anos finalmente tem um lar de verdade e está tentando levar uma vida normal e odeia extorquir dinheiro de pessoas inocentes que estão sofrendo, afinal sua mãe não é de fato uma mentalista, médium ou ilusionista, mas uma ótima atriz com a habilidade de fazer as pessoas acreditarem no que ela quer que acreditem. 

"Detesto quando as pessoas chamam o ilusionismo de farsa. O que minha mãe faz é uma farsa. O que eu faço é entretenimento". (p. 26)

"Jamais contei a ela o quanto adoro praticar o ilusionismo. É um segredo que guardo a sete chaves, com medo de que ela comece a perseguir minha vocação se eu a revelar. Às vezes faço de conta que estou estrelando meu próprio show". (p. 24)

Anna, filha ilegítima de Harry Houdini, ou pelo menos é o que sua mãe alega, fica eletrizada pela ideia de uma vida onde a plateia espera ansiosamente para vê-la, mas se pergunta se essa vida teria lugar na discrição e estabilidade pelas quais também anseia. No fundo, Anna não sabe o que quer e sem conseguir expressar sua opinião para sua gananciosa mãe, ela se vê diante da nata da sociedade nova-iorquina louca atrás de sessões. 

Mas o que realmente preocupa a jovem que transita livremente pelo mundo clandestino dos mágicos e mentalistas da Nova York dos anos 1920 são as visões apavorantes que começa a experimentar. Anna tivera visões da Primeira Guerra Mundial, da gripe espanhola e do Titanic, visões realmente horrendas, mas nunca lhe ocorreram visões tão recorrentes como as que estava tendo com ela mesma e sua mãe. 

"Flashes elétricos. Imagem após imagem. Uma água como tinta negra me rodeia. Desorientada e confusa, não consigo encontrar a superfície. Meus braços tornaram-se inúteis, amarrados com força às minhas costas, e meus pulmões ardem pela falta de oxigênio. A morte ronda ao meu redor como um tubarão cada vez mais próximo, mas não é por mim que estou aterrorizada. O rosto de minha mãe se acende à minha frente, as narinas dilatadas, os olhos arregalados de pavor, e eu a ouço gritar meu nome uma vez atrás da outra". (p. 46)

Além das visões, Anna experimenta uma nova espécie de pavor quando seus poderes são intensificados. A garota, que é capaz de se comunicar com os mortos e captar os sentidos das pessoas passa a explorar suas habilidades por tanto tempo escondidas, especialmente da mãe. 

"Como se revela uma coisa que se escondeu a vida inteira? Principalmente quando se sabe, por intuição, que toda a sua sobrevivência depende de mantê-la escondida?" (p. 102)

Desesperada para proteger a sua mãe, Anna acaba conhecendo o jovem enigmático e austero Cole, seu novo vizinho, que lhe apresenta uma sociedade secreta de caráter um tanto duvidoso, enquanto Harry Houdini se encontra na cidade desmascarando médiuns em seu livro e em palestras. 

Filha da Ilusão é o primeiro livro da Trilogia Herdeiros da Magia, de Teri Brown, com uma história repleta de fantasia e mistério, embalada por uma atmosfera de magia e paixão onde o pano de fundo encanta o leitor pelo seu charme irresistível e revelado em detalhes estimulantes, fazendo-nos passear pela Nova York de 1920 com seus encantos e obscuridades. 

Teri Brown criou uma narrativa envolvente em primeira pessoa e que empolga o leitor e, com certeza, isso se deve ao fato de encontramos aqui uma personagem com a qual facilmente nos identificamos. Anna é extremamente humana, possui força e momentos de fraqueza, é uma garota a frente de seu tempo e sabe ser durona, mas também tem suas dúvidas e dilemas, além de manter um relacionamento conturbado com a mãe, outro ponto alto do livro. Marguerite pode ser uma personagem intragável e ao mesmo tempo possui determinados comportamentos que a redimem, tornando-a tão humana e real quanto Anna. 

Os elementos de ilusionismo incorporados na trama são outro ponto alto do livro, descritos de forma admirável, fazendo com que possamos visualizar cada cena e deixando o leitor familiarizado com esse novo mundo apresentado, cheio de mágica e truques. 

Apesar de no decorrer da leitura ter conseguido prever o que iria acontecer, fazendo com que o final não fosse nenhuma surpresa, gostei do desenrolar da história e do modo como foi desenvolvida pela autora, fazendo com que eu não me decepcionasse com a leitura. Espero ansiosa pelo próximo volume!

Fiquei babando por essa capa e a Editora Valentina caprichou na diagramação!

4 comentários:

  1. Essa história parece ser tão incrível *—* faz tempo que não leio algo com esse tipo de história, já quero ler.
    Gostei também da capa

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  2. Essa capa é tão perfeita *------*
    Simplesmente adorei essa trama, já tinha ouvido falar do livro, mas não sabia que era tão bom, quero muito ler ...

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  3. Oi Paula, acho essa capa linda e já estou desejando ele desde que foi anunciado que iria ser lançado. Não tinha lido nenhuma resenha dele ainda e fiquei com muito mais vontade de ler por causa da sua resenha. Beijos

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  4. A capa ficou muito bem feita, a história desde o lançamento me deu vontade de ler, por envolver exatamente o que você disse mistério e fantasia com elementos do ilusionismo, todos os itens para tornar essa trilogia muito boa, os conflitos que ela tem com a mãe, bem como seus poderes aumentando podem rendem bons momentos e ótimos ganchos para os dois livros que ainda virão, ainda bem que a autora consegui criar personagens reais e que nos levam a uma identificação mais fácil, o relacionamento com o vizinho e todos os desdobramentos mesmo que não sejam tão surpreendentes foram muito bem desenvolvidos, o que só aumenta minha curiosidade em relação a história de Anna.

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