Proibido

Título: Proibido

Autor: Tabitha Suzuma

Editora: Valentina

Páginas: 304

ISBN: 9788565859363

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Maya e Lochan vivem em Londres com seus três irmãos mais novos, Kit, de 13 anos, um adolescente rebelde e infeliz que anda se metendo em encrencas, Tiffin, um garoto travesso de 8 anos cheio de energia e Willa, uma garotinha meiga e dócil de 5 anos, e sua mãe, uma mulher alcoólatra e irresponsável que está sempre no trabalho ou com o namorado e que, com o passar do tempo, afasta-se cada vez mais dos filhos. O pai das crianças foi embora há alguns anos e nunca mais entrou em contato, assim, Maya e Lochan, os irmãos mais velhos, com uma diferença de 13 meses, ela com 16 e ele com quase 18, cuidam dos mais novos como verdadeiros pais, desde a higiene, a alimentação, até o dever de casa e as brincadeiras, tomando conta também da casa e das contas com o parco dinheiro que conseguem (com muita dificuldade) com a mãe.

Os dois jovens tentam desesperadamente manter o que resta da família unida, temendo sempre a visita do serviço social. Mas ambos carregam um peso enorme nas costas enquanto lidam com o caos de sua casa e a vida escolar. Lochan é um jovem inteligente que tem grandes chances de entrar para uma boa universidade, mas seu comportamento antissocial atrapalha essas chances e a convivência com os outros alunos. Na escola ele é considerado estranho e em casa ele mantém uma máscara enquanto brinca com os menores, dá comida, banho, ajuda-os com o dever de casa e lê histórias para eles na hora de dormir, mas dentro dele existe um grito abafado que o sufoca e desespera, fazendo com que essa máscara possa quebrar em pedacinhos a qualquer momento.

Maya é doce e sensível, uma garota que tenta levar uma vida normal apesar do caos que vive em sua casa. É a melhor amiga de Lochan e está sempre ao seu lado, desde sempre. Ela é quem conhece Lochan por inteiro, sem ele precisar dizer qualquer coisa. Os dois carregam o mesmo fardo e isso os une de uma forma própria, o que também acaba por isolá-los do restante do mundo.

"Isso nos aproximou em meio a uma existência que só nós podíamos compreender. Juntos, ficávamos a salvo - à margem, mas a salvo - do mundo exterior…". (p. 113)

A relação dos dois acaba sendo de igual para igual. Os dois são melhores amigos, pai e mãe de seus irmãos mais novos, confortam-se, dão força um ao outro e compartilham um vínculo que vai além do fraterno. 

"Mas sei que é ridículo, absurdo demais até pensar nisso. Nós não somos assim. Não somos doentios. Somos apenas um irmão e uma irmã que por acaso também são os melhores amigos um do outro. É assim que sempre foi entre nós dois. Não posso perder isso, ou não vou sobreviver". (p. 102)

Fiquei muito dividida com esse livro, não pela história, mas pela forma como foi escrita e por isso demorei tanto para escrever essa resenha. 

Iniciei a leitura de Proibido, de Tabitha Suzuma, sem qualquer tipo de julgamento, com a mente bem aberta (o que eu faço com qualquer livro), mas é importante salientar que esse tipo de atitude é bem importante aqui, já que esse é um livro que trata de incesto, um tema bastante delicado, além de tabu. 

Mas por que um livro que trata desse tema tem gerado comentários tão apaixonados? Por que muitos leitores acabam torcendo pelo amor de Maya e Lochan? 

Em diversas entrevistas a autora alegou querer chocar com sua história, por isso buscou um tipo de relacionamento realmente proibido, e o incesto é um deles, praticamente universal (e punido criminalmente em alguns países). Mas o desenvolvimento da história e as circunstâncias que envolvem os personagens acabam justificando de tal forma seus comportamentos que não existe choque no que diz respeito a essa relação. 

Aliás, esquecemos por muitas vezes que Maya e Lochan são irmãos e percebemos muitas vezes a presença da autora ali por trás, nos relembrando de seu parentesco e de que deveríamos estar chocados ou enojados, ao mesmo tempo em que tenta nos convencer que esse amor é razoável, com mais justificativas. No entanto, essas justificativas acabam se tornando a explicação para toda a problemática que envolve a vida destes dois jovens. 

Apesar disso, sofremos com os dois. Em uma narrativa em primeira pessoa, intercalada entre Maya e Lochan, percorremos o duro caminho dos jovens, o dia a dia deles e o surgir de uma paixão e um amor tão arrebatadores que sufoca e ao mesmo tempo liberta. 

Proibido traz sentimentos diversos durante a leitura, como em uma montanha-russa, às vezes de forma um tanto melodramática, mas que envolve o leitor, deixando-o sem chão por alguns momentos, sem saber o que esperar ou até mesmo querer do final.