Título: Apocalipse Z - O Princípio do Fim
Autor: Manel Loureiro
Editora: Planeta
Páginas: 365
ISBN: 9788576655343
Um incidente em algum lugar desconhecido na Rússia logo se torna notícia ao redor do mundo, com os meios de comunicação transmitindo constantemente mensagens e comunicados que logo são desmentidos e bloqueados. Fala-se sobre o vírus da febre do Nilo enquanto equipes sanitárias do exército de várias partes do mundo são mandadas para a Rússia para controlar sabe-se lá o que acontece no país.
Quarentenas, vacinas, fechamentos de aeroportos... cada país toma uma medida enquanto a população não faz ideia do que está acontecendo. As pessoas ficam angustiadas, andam de máscara pelas ruas e os engarrafamentos são enormes, todos, pelo menos os que podem, dirigem-se ao campo, para longe das multidões. Nos Estados Unidos existem seitas apocalípticas se preparando para a vinda dos marcianos, há dias não se tem notícias da cidadezinha russa onde tudo começou e incêndios muito grandes arrastam quarteirões em diversas cidades.
Tudo piora quando um gabinete é criado para emitir oficialmente as informações para toda a União Européia com o intuito de evitar um estado de pânico na população, o que para nosso narrador sem nome mais parece censura. Além disso, qual seria o objetivo de tantas tropas armadas passeando por aí? Assustar o vírus?
"Sinto que vai acontecer alguma coisa em breve, mas não sei o quê. O medo é mais rápido que pólvora... e já riscaram o fósforo". (p. 27)
Os informes do gabinete vão minguando, enquanto notícias na internet aparecem cada vez mais cabeludas (e logo são retiradas). Logo são organizadas áreas de segurança no centro das cidades onde insistem que a população deve se concentrar nelas pela própria segurança. Nosso narrador, instalado em um condomínio em uma pequena cidade espanhola, não pretende deixar seu chalé feito de tijolos, um jardim de bom tamanho e um muro de três metros, especialmente levando em conta que nestas áreas seguras não permitem levar animais domésticos e ele, nem ferrando, deixaria Lúculo, seu gato, sozinho, mesmo esse não sendo o melhor dos animais.
Sozinho numa terra de ninguém, depois de toda a área onde vive ser evacuada, nosso narrador só tem Lúculo, comida para algumas semanas e energia elétrica graças ao investimento nas placas no telhado devido aos constantes cortes de energia. Enquanto ainda possui energia e a internet não vai para o espaço, ele escreve no seu blog narrando o seu dia a dia, ficando cada vez mais angustiado pela ausência de contato humano e a falta de notícias relacionadas a sua família.
Num momento a internet deixa de existir e nosso narrador continua seu relato em uma espécie de diário, onde podemos acompanhar todo o desenrolar do início de uma trajetória ao mesmo tempo sinistra e cheia de momentos cômicos. Nosso narrador acaba descobrindo que não está sozinho, seu vizinho, Miguel, um cara de meia-idade que mora com um cão psicótico também resolveu não ir para a área segura e quer, a qualquer custo, sair do seu chalé e procurar outros sobreviventes, já que as coisas que passam constantemente pela casa dos dois arrastando os pés são qualquer coisa, menos seres humanos.
E é numa narrativa que aproxima o leitor ao máximo da história, das cenas mais grotescas e de ação, dos estados de espírito do narrador, que permanece sem nome e que é extremamente humano, sem complexo de herói, que faz de Apocalipse Z - O Princípio do Fim, de Manel Loureiro, um livro sobre zumbis extremamente bom, com uma linguagem simples e ótimo para aqueles que ainda não se aventuraram pelo universo dos mortos-vivos.
A história torna-se ainda mais interessante por se passar na Espanha e levar o leitor por um passeio pelo país, já que muitas histórias desse gênero se passam nos Estados Unidos. O autor, nascido em Pontevedra, na Espanha, não menciona nenhuma vez a palavra "zumbi" no livro, livro que começou como um simples blog com registros de estranhos acontecimentos e acabou fazendo bastante sucesso, tornando-se uma trilogia (todos os volumes já foram publicados por aqui pela Planeta, o primeiro volume em 2010, Os Dias Escuros (2011) e A Ira dos Justos (2011)).
Se um dia um apocalipse zumbi viesse a acontecer, fica difícil não imaginar que não seria como Manel Loureiro descreveu nesse primeiro livro da trilogia.
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