Literatura Fantástica


No livro Introdução à Literatura Fantástica, Tzvetan Todorov coloca em primeiro plano a ambiguidade do gênero fantástico para defini-lo. É realidade ou sonho? Verdade ou ilusão? O coração do fantástico está aí, em um mundo que é nosso, que conhecemos de antemão, sem vampiros, demônios etc., onde se produzem acontecimentos impossíveis de serem explicados pelas leis de nosso mundo. Existem duas soluções: ou se trata de uma ilusão dos sentidos, produto próprio da imaginação ou é parte de uma realidade desconhecida para nós. O fantástico irá ocupar o tempo dessa incerteza. Ao se escolher uma das alternativas, deixa-se o terreno do fantástico para adentrar em um gênero vazio: o estranho ou o maravilhoso. 

O conceito de fantástico, então, define-se com relação ao real e imaginário. O conceito, enunciado primeiramente pelo filósofo e místico russo Vladimir Soloviov, explicitando que a vontade de vacilar ambas causas (naturais ou não), cria o efeito do fantástico: "No verdadeiro campo do fantástico, existe sempre a possibilidade exterior e formal de uma explicação simples dos fenômenos, mas, ao mesmo tempo, esta explicação carece por completo de probabilidade interna". Com relação as definições do fantástico mais recentes que aparecem nos trabalhos de autores franceses, são diferentes das definições já citadas, mas tampouco as contradizem. Castex afirma que "O fantástico se caracteriza por uma intrusão brutal do mistério no marco da vida real". 

Mas quem vacila nas alternativas? A personagem ou o leitor? Se o leitor conhecer de antemão a "verdade" e souber por qual dos dois sentidos (natural ou sobrenatural) terá que se decidir, a situação fica bem distinta. Sendo assim, o fantástico irá implicar em uma integração entre o leitor com o mundo das personagens. Mas é a vacilação do leitor que irá ser a primeira condição do fantástico. 

Obs.: Essa é uma pequena explanação sobre um gênero que aprecio tanto. Para quem estiver interessado, pode dar uma olhada na obra do autor na íntegra aqui

Com relação aos subgêneros do fantástico, estão entre eles: a Ficção Científica (FC) ou Sfi-Fi (SF), que consiste na extrapolação sobre fatos e princípios científicos (como em O Médico e O Monstro, de Robert Louis Stevenson); a Fantasia, que usa a magia e elementos sobrenaturais como elementos principais (como em O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien); o Horror, que possui histórias que descrevem por vezes acontecimentos macabros ou sobrenaturais, regadas de seres como demônios, vampiros, espíritos etc. (entre eles, Drácula, de Bram Stoker); entre outros. 

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