A Morte de Paula D., que encontrei por acaso na livraria da Ufal. Não tinha sinopse, mas o nome me chamou a atenção, especialmente por ter meu nome nele e pela capa, uma borboleta em um fundo verde. Mas ela não está voando. Há outra borboleta dentro dela. E suas asas parecem o mundo, o peso do mundo, e a borboleta parece estar carregando tudo isso e dá a impressão de que a qualquer momento irá tombar.
O livro de estréia de Brisa Paim, foi finalizado em 2007 e lançado em 2009, ganhando o Prêmio LEGO. A autora, que nasceu em Salvador, foi para Manaus, resolveu voltar para Salvador e depois passou um tempo em Maceió, onde estudou Direito, é mestra e doutoranda em Direito pela Universidade de Coimbra, Portugal, dedicando-se ao estudo do movimento Law and Literature.
Fiquei feliz e surpresa por encontrar um livro tão interessante, tão envolvente, assim, só pelo nome e pela capa. Estava claro que o tema abordado seria o suicídio, mas não da forma como foi expressado pela autora.
Paula D., que não é Paula D. (na verdade ela tirou o nome de um livro), mas que agora é Paula D., narra a história. O tema é totalmente voltado para o psicológico da personagem, em uma linguagem ora bem coerente, ora com quebras na sequência. É uma verdadeira diarréia mental pela qual a personagem passa. Ela reflete, questiona e questiona.
O tipo de linguagem me lembrou muito Kerouac, ainda mais Ginsberg, pelo fato de ser uma narrativa desenfreada. Parece que você vai perder o fio da história se largar o livro, e é impossível deixá-lo descansando, quando você mal espera continuar na mente de Paula D.
Muitos valores e costumes são postos em xeque, é uma verdadeira explosão, um insight. Os devaneios pré-morte da personagem são desconexos, mas ao mesmo tempo, interligam-se, fazendo com que as frases não percam seu sentido.
Paula D. é puro niilismo contra tudo aquilo a sua volta (o sistema, as normas etc.), mas, em vez de lutar contra aquilo que questiona, ela conserva algo completamente autodestrutivo em si.
Excelente leitura.
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