O Doador de Memórias


Título: O Doador de Memórias
Autor: Lois Lowry
Editora: Arqueiro
Páginas: 192
ISBN: 9788580412994

Na pequena comunidade onde Jonas vive tudo é perfeito. Todos estão satisfeitos com a vida ordenada e pacata que levam, onde o crime, a pobreza, a fome e a dor não existem. Mas como não experimentam a dor e nenhum sentimento ruim, as pessoas também desconhecem qualquer tipo de sentimento bom, como amor e alegria, vivendo uma existência apática regida por normas de conduta que estabelecem um convívio harmonioso entre todos. 

Neste mundo não existem escolhas. Aos doze anos as crianças recebem dos governantes sua Atribuição, a carreira que irão seguir pelo resto de suas vidas, de acordo com suas habilidades e inclinações. Os casais são escolhidos de acordo com suas compatibilidades e cada casal pode ter duas crianças, um menino e uma menina, entregues em uma cerimônia realizada todo mês de dezembro. Essas crianças-novas são responsabilidade dos Criadores, Atribuição do pai de Jonas, que cuidam delas até se tornarem aptas para a vida em comunidade. Quando uma criança-nova não possui as condições adequadas para ser inserida na comunidade, é dispensada, assim como os velhos, no entanto, a dispensa destes últimos é celebrada pela vida plena alcançada. Mas para onde vão aqueles que são dispensados? Jonas não sabe e ninguém se preocupa em questionar o bom funcionamento da comunidade.

Mas logo Jonas irá descobrir que o preço pela vida pacífica e tranquila é alto demais. Na Cerimônia de Doze o garoto é escolhido para desempenhar um papel muito especial, o de Recebedor de Memórias, mas fica bastante nervoso e desconfortável ao perceber que sua Atribuição é muito diferente das tão costumeiras, como a de Diretor-Assistente de Recreação, recebida por seu melhor amigo Asher ou a de Curador de Idosos, recebida por sua amiga Fiona. Além disso, constam em suas instruções como Recebedor itens um tanto estranhos, como não poder mais relatar os seus sonhos, poder mentir (uma verdadeira abominação) e estar isento da obediência às regras da cortesia, podendo fazer qualquer pergunta a qualquer cidadão (coisa que o deixa pasmo). A dor e o isolamento também farão parte de seu treinamento e Jonas fica sabendo que a última pessoa designada à função 10 anos antes fracassara e desaparecera de forma misteriosa. 

Confuso mas sem nenhuma outra opção, Jonas vai até o seu mentor, o Doador, aquele que irá transmitir ao garoto todas as lembranças do passado que foram banidas do mundo, deixando-o envolto na Mesmice. Jonas passa a ter conhecimento de sensações, experiências e sentimentos humanos que mais ninguém possui, o que compreende uma variedade de coisas boas e ruins. O Doador lhe transfere lembranças de um verão escaldante, do amor, da fome e do horror da guerra, enquanto Jonas vê surgir dentro de si sentimentos conflitantes e se afasta da família e dos amigos, tornando-se um estranho aos olhos dos outros, alguém para ser evitado. O garoto se questiona se aquela felicidade vale a pena, mesmo tendo conhecido tantos níveis terríveis de dor e sofrimento, ressentindo-se cada vez mais pelo mundo que lhe foi roubado e descobrindo uma terrível realidade por trás daquele mundo aparentemente perfeito. 

O Doador de Memórias, de Lois Lowry, foi relançado esse ano pela Editora Arqueiro e ganhou uma adaptação cinematográfica dirigida por Phillip Noyce (O Colecionador de Ossos, Salt). O livro foi lançado em 1993 com o título "The Giver" e aqui no Brasil em 1996 como O Doador. Esse é o primeiro livro de uma série de quatro e a premissa de O Doador de Memórias é realmente muito boa, com todos os ingredientes que podem transformar uma distopia memorável, mas este não é o caso. O livro é voltado para o público infanto-juvenil, mesmo assim, acredito que, independentemente da idade, o público deseja um livro completo, que traga consigo uma história bem elaborada com aspectos que o aproximem daquilo que está sendo proposto. Lois Lowry peca ao simplificar demais a história, dando apenas algumas pinceladas em temas realmente interessantes e oferecendo personagens pouco complexos, o que distancia o leitor. 

O final, incerto, não me incomodou. Na verdade, finais enigmáticos são bem-vindos e oferecem uma gama de interpretações que enriquecem a história, deixando a cargo do leitor imaginar um final (ou diversos finais) para o livro, o que é bem diferente de quando somos deixados no vácuo (assim não vale, né).

7 comentários:

  1. Eu ainda não li e nem vi o filme, mas muitas pessoas estão me falando que o livro não é tão bom quanto o esperado e o filme tem muitas modificações, muitas partes que não existem no livro. Quero ler/assistir para tirar minhas próprias conclusões, apesar de eu já ter uma noção de que vou "seguir" a opinião de todo mundo.
    Concordo com você sobre o final enigmático, gosto assim pq deixa mais interessante e você acaba ansiando para o próximo volume.
    Beijos

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  2. Se eu já n estava tãão afim de ler esse livro fiquei menos afim ainda depois da sua resenha...hahaa
    Ela só comprovou o q eu estava achando..=/
    Acho q tem distopias melhores a serem lidas...só isso..=)

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  3. Estava TAP interessada nesse livro, mas agora estou meio apreensiva, geralmente gosto de livros que seja tudo explicado, odeio finais enigmáticos, pois fico remoendo isso por dias ...

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  4. Eu não consigo imaginar algo assim..
    quando leio sobre esse livro me vem logo na mente a
    imagem de zumbis.. sei lá as pessoas nessa realidade devem ser
    meio sem vida..

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  5. Eu ainda não li e nem assisti ao filme, mas primeiro eu quero ler o livro, pois gosto de ficar comparando um com o outro, o que faltou e tal.
    Eu não sabia que esse livro era tão antigo, achei o máximo quando foi relançado para a geração mas jovem poder ter conhecimento dessa obra.

    Abçs :)

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  6. Antes do filme ser anunciado nunca tive interesse por esse livro e ainda não tenho, como você disse tinha tudo para ser memorável e não é, sinto que falta algo nessa história que consiga me motivar, me fazer ler, acho que os conflitos que Jonas passa apesar de serem perfeitamente compreensíveis não são detalhados assim como várias outras coisas no livro, nesse caso farei o inverso irei assistir o filme primeiro e caso goste procuro o livro, a continuação será publicada ainda esse ano, tomará que consiga resolver os problemas do primeiro e guiar a história de forma melhor.

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  7. Oi Paula, quero muito ler esse livro e só acho que ele é muito pequeno. Pela história dele, imaginaria um livro grande e só na sua resenha que vi que o autor simplificou muito a história. Quando conseguir vou ler ele para saber como o autor desenvolveu tudo e como é esse final. Beijos

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