Título: Os Detetives Selvagens
Título original: Los Detectives Salvages
Autor: Roberto Bolaño
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 624
ISBN: 9788535908749
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2666 (resenha aqui), de Roberto Bolaño, me deixou sem fôlego. É um livro-experiência que me fez querer conhecer mais as obras do autor e, felizmente, a Companhia das Letras enviou para mim um exemplar de Os Detetives Selvagens, vencedor do prêmio Rómulo Gallegos de 1999 e eleito em 2006 o livro chileno mais importante dos últimos 25 anos.
Os Detetives Selvagens é extraordinário, um livro desconcertante e comovente, que traz ao leitor a experiência da literatura como forma de vida, experiência representada pelos dois personagens principais, Arturo Belano (alter ego de Bolaño) e Ulises Lima (baseado em Mario Santiago, poeta mexicano e amigo de Bolaño) que, curiosamente, são sempre vistos de viés.
Belano e Lima, poetas e pais do real-visceralismo, movimento que aqui homenageia o infrarrealismo, movimento ideológico-literário idealizado por Bolaño e outros poetas no México em 1975, são apresentados ao leitor através dos olhos de outros personagens em testemunhos vários. O detetive, nessa obra, é o próprio leitor, que percorre um longo caminho que resulta não numa revelação da verdade final, mas na descoberta de um mundo repleto de ambiguidade.
Dividido em três partes, Os Detetives Selvagens inicia na forma de um diário, onde acompanhamos o jovem aspirante a poeta García Madero. Estamos no México e o ano é 1975. García Madero conhece Belano e Lima e os reais-visceralistas, vive suas primeiras experiências sexuais e uma vida boêmia. Na segunda (e mais longa) parte do romance encontramos mais de cinquenta testemunhas que conheceram Belano e Lima. Essa segunda parte vai de 1976 a 1996 e é através de múltiplos olhares que encontramos os dois poetas que desapareceram do México numa busca por Cesárea Tinajero, a misteriosa (e desaparecida) poeta do início do século XX. Os testemunhos são de pessoas que tiveram contato com os dois e muitas vezes prolongam-se com histórias pessoais das próprias testemunhas, histórias que parecem não ter nada a ver com Belano e Lima ou com o romance em si, mas acabam tendo um significado, um sentido, através de uma narrativa que conduz a história de forma imperceptível e eficaz. Nessa parte, além da multiplicidade de personagens, abundam os cenários: México, Nicarágua, Estados Unidos, França, Espanha, Áustria, Israel, África.
Na terceira parte, retornamos ao diário de García Madero e então temos um final fora do comum e original, o único, talvez, capaz de traduzir o significado desse grande livro. Comovente, divertido e belo, Os Detetives Selvagens é um livro-experiência essencial.
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