Autor: Cecelia Ahern
Editora: Novo Conceito
Páginas: 368
ISBN: 9788581630342
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Tamara Goodwin é uma adolescente de 16 anos que vive em uma mansão contemporânea de 650 metros quadrados, seis quartos, com piscina, quadra de tênis e uma praia particular em Killiney, na região de Dublin. Seu quarto tinha uma vista panorâmica para a praia, um banheiro completo com chuveiro, banheira Jacuzzi, uma TV de plasma acima da banheira, um armário cheio de bolsas de grife, um computador, um video game e uma cama com dossel. Quando descobriu uma forma de escapar de seu quarto, encontrava-se com seus amigos à noite e ia até uma área da praia particular beber e ficar com os garotos. Tamara costumava passar os verões com seus pais em sua mansão em Marbella, Espanha, o Natal no chalé de Verbier, nos Alpes suíços e a Páscoa no Ritz de Nova York.
Um Mini Cooper conversível pink com seu nome a esperava em seu décimo sétimo aniversário, além de um amigo de seu pai que possuía uma gravadora a esperava cantar e talvez contratá-la.
Mas tudo isso agora não pertencia mais à Tamara. Ela encontrara seu pai morto no chão de seu escritório com um frasco de pílulas ao lado e uma garrafa vazia de uísque na escrivaninha. E suas finanças gozavam de tanta saúde quanto seu pai. O banco já havia decretado a ordem de retomada da posse da casa e de todos os outros bens da família, o que obrigava sua mãe a vender tudo o que tinham para pagar as dívidas que não sabiam existir.
"Quando percebi que papai ia nos deixar passar por tudo aquilo sozinhas - soprar o ar em seu corpo morto, deixar mamãe arranhar o caixão diante de todo mundo e, depois, nos observar destituídas de tudo o que já havíamos possuído -, tive absoluta certeza de que ele se fora para todo o sempre". (p. 12)
Tamara amava o pai, mas sabia que ele não era um homem bom. Raras vezes se falavam e quando conversavam, sempre acabava em briga. Já sua mãe não era uma pessoa muito afetuosa e por esse motivo não costumava receber afeto de mais ninguém. No entanto, Tamara acreditava que isso não significava que ela não se importasse, mesmo tendo sentido isso algumas vezes.
"(...) eu era um pesadelo de filha, grosseira, respondona, esperava que me dessem tudo e, pior ainda, achava que merecia tudo, apenas porque todos que eu conhecia mereciam". (p. 14)
Tamara nunca pensou no amanhã, sempre viveu no aqui e agora. Nunca deu um passo para fora de seu mundinho e, sem saber o por quê, sempre dizia ou fazia coisas com a intenção de magoar a outra pessoa.
Com a morte de seu pai e a linha de suas vidas rompida, Tamara e sua mãe foram morar com Arthur, irmão de sua mãe e Rosaleen, sua mulher, em uma antiga guarita reformada, anexa a um antigo castelo no campo, em um lugar chamado Meath, no meio do nada e com quase ninguém por perto. A moradia media um quarto do tamanho da antiga casa de Tamara, com três quartos, uma sala de estar e cozinha.
Rosaleen sempre está pra lá e pra cá, arrumando e limpando as coisas. Os temas de sua conversa são completamente sem importância: o tempo, a triste notícia de alguém que vive do outro lado do mundo, vizinhos etc. Já Arthur é quieto e reservado, expressando-se através de grunhidos, meneios da cabeça e bufos nasais.
Em frente à ex-guarita em que estava morando, havia um bangalô. Tamara não fazia idéia de quem podia morar lá, mas Rosaleen partia depressa para lá todos os dias com pequenos embrulhos de comida. Há alguns quilômetros podia-se encontrar uma agência de correio e, em frente, uma pequena escola.
A vida de Tamara não estava de maneira alguma do jeito que ela planejara.
"Em vez disso, moro na roça, numa antiga guarita reformada, com três pessoas loucas e as quatro coisas mais próximas de nós são: um bangalô ocupado por gente que nunca vi, uma agência de correio instalada de fato na sala de estar de alguém, uma escola vazia e um castelo em ruínas. Não tem nada a ver com meu estilo de vida". (p. 30)
Ou pelo menos era assim que Tamara pensava...
Torcia para que sua mãe, Jennifer, melhorasse. De início pensava que ela estava agindo como uma boa viúva, mas quando seu comportamento não mudou, perguntava-se o quanto de sua mãe ainda continuava lá. Parecia que aquele fissura que iniciara logo após a morte de seu pai apenas aumentara e logo que as pessoas pararam de olhá-la e retomaram suas vidas, Tamara parecia ser a única a enxergá-la.
Sua mãe não saía do quarto, dormia ou ficava sentada em uma cadeira de balanço, sem se balançar e olhando pela janela que dava para o quintal. Sempre exibia um pequeno sorriso no rosto, mas nunca passava das mesmas breves palavras e suspiros nas conversas.
"- Tem razão, mamãe. Tudo ficará bem. - Minha voz tremeu. Decidi avançar mais um passo. - E veja o elefante branco no quarto, não é lindo?
Mamãe fitou a árvore no jardim, o mesmo sorriso nos lábios pink.
- Sim, é lindo.
- Foi o que imaginei que você acharia". (p. 56)
Rosaleen dizia que Jennifer estava apenas passando por uma fase difícil e que logo melhoraria. Mas Tamara se sentia perdida, achava que a mãe deveria ver um médico. Ocorrera-lhe que os problemas dos Goodwin eram resolvidos assim, na superfície, sem chegar às raízes, ignorando sempre o elefante branco no quarto. Depois daquela conversa com sua mãe, compreendeu que sempre vivera com um grande elefante em cada aposento.
Sem nada para fazer naquele local, acaba passando os dias em casa, até que conhece Marcus que, em um ônibus com livros, vai até cidades que não possuem biblioteca. Como na cidade não existe serviço de ônibus, Tamara fica feliz com o convite de Marcus em levá-la para a cidade, o que acaba por decepcioná-la: a cidade é composta por uma igreja, um cemitério, dois bares, uma lanchonete, um posto de gasolina com uma banca de jornais e uma loja de ferragens.
Apesar da decepção, Tamara conseguiu se divertir viajando ao México com Marcus através de um livro que o rapaz encontrou na seção de viagens e saiu com um livro que logo chamou a sua atenção: grande e encadernado de couro na seção de não ficção. Marrom, grosso, sem nome do autor nem título na lombada. Além disso, o livro tinha as páginas fechadas com uma barrinha dourada, presa à um pequeno cadeado dourado.
Tamara não era do tipo explorador e tudo que envolvia movimento a aborrecia, nada parecia intrigar-lhe a ponto de se aprofundar um pouco e entender melhor, mas ela se sentia tão entendiada... ultimamente pensava muito e falava pouco, coisa que fazia pela primeira vez na vida.
Andando ao redor da propriedade encontrou a autoritária ruína do castelo, com cicatrizes expostas, ferido e coberto do sangue das batalhas. Parada, naquele momento, sentiu-se com suas cicatrizes expostas e no mesmo instante Tamara e o castelo se uniram.
A antiga guarita em que Tamara estava vivendo, protegia a entrada lateral do castelo Kilsaney, nos anos 1700. Gerações haviam passado por lá e os descendentes dos Kilseney continuaram a viver no castelo até a década de 1920, até que um incêndio transformou o local em um lugar inabitável, restando apenas uma pequena seção do prédio, e como não tinham recursos para reerguê-lo, os Kilseney acabaram se mudando na década de 1990. Tamara não sabia quem era o proprietário atual, mas o estado do castelo era deplorável, no entanto, sentia-se atraída pelo local.
Percorrendo mais uma vez as redondezas, encontrou um jardim, um pequeno oásis.
"Não sabia ao certo o que esperar, mas, decididamente, não esperava o que vi. No fim do jardim, a origem da cantoria e a pessoa, que então me encarava como se eu tivesse chegado de outro planeta, vestida no que parecia um macacão espacial branco, a cabeça coberta por um véu branco, nas mãos um par de luvas de borracha e nos pés um par de botas de borracha na altura da panturrilha. Parecia que acabara de descer de uma nave espacial de encontro a um desastre nuclear". (p. 101)
Tudo fez sentido quando Tamara observou o armário de vidros com mel, as dezenas de caixas no jardim murado e o ridículo macacão espacial. Despindo-se das peças, Tamara deparou-se com uma senhora de 70 anos, que logo se apresentou. Tratava-se da irmã Ignatius, uma freira extremamente divertida, com uma risada cantarolada, meiga e clara. A irmã Ignatius percebeu o livro que Tamara carregava e disse que ajudaria a garota a abrir o cadeado com algumas de suas ferramentas.
Mas quando abriram o cadeado, o livro se revelou algo um tanto estranho: não havia escrito nada nele. As páginas creme encadernadas, duplas, pareciam vir de outra época.
"- Páginas brancas à espera de serem preenchidas! - continuou com aquela voz maravilhosa.
- Que emocionante! - Revirei os olhos.
- Mais emocionante que um já preenchido, pois você, sem a menor dúvida, não poderia usá-lo.
- Então, eu poderia lê-lo. Daí se chamar livro - respondi irritada e mais uma vez senti que esse lugar me decepcionava.
- Preferiria que lhe dessem uma vida já vivida também, Tamara? Desse modo você pode relaxar e observá-la. Ou preferiria você mesma vivê-la? - perguntou, com um sorriso nos olhos". (p. 113)
Tamara nunca escrevera um diário, não via utilidade alguma nisso e nem suas amigas. Faziam contato por Twitter e Facebook, postavam suas fotos quando estavam de férias, nas noites fora e ao experimentar vestidos nos provadores. Enviavam mensagens de textos e e-mails umas às outras, acerca de assuntos genéricos divertidos, mas tudo se limitava a informações superficiais. Nada emotivo ou com profundidade. Mas por que não tentar? Apenas não conseguiria escrever em casa, com Rosaleen para lá e para cá, entupido-a de carboidratos.
O castelo seria o local ideal para escrever um diário. Tamara queria que as primeiras palavras escritas significassem realmente algo e quando pensou em um início, abriu o livro. No entanto, seu queixo caiu: a primeira página já havia sido escrita com a sua própria caligrafia. A data remetia ao dia seguinte e não ao atual.
A garota pensou que aquilo fosse uma brincadeira de mau-gosto, mas conforme ia lendo, percebia que apenas sua mãe poderia saber daquelas coisas e sua mãe não saía do quarto. Terminada a leitura, percebeu que só ela mesma poderia ter escrito aquilo. Mas como? Enquanto isso, sentia que era observada naquele castelo em ruínas.
Logo pensou que a irmã Ignatius poderia ter respostas ou estar envolvida com aquilo. Foi ao encontro da freira no dia seguinte e lhe mostrou o diário, contou a freira que escrevera coisas que não poderia saber que iriam acontecer, mas aconteceram.
"- Nossas mentes fazem coisas estranhas às vezes, Tamara. Quando procuramos coisas, ela toma sob sua responsabilidade seguir o próprio rumo. Só nos resta acompanhá-la.
- Mas não estou procurando nada!
- Não?" (p. 146)
Tamara pensou que poderia ser sonâmbula e aquelas anotação não passavam de uma simples escrita ininteligível, inconsequente. Mas o fato era que todo dia Tamara verificava o diário e lá ela encontrava algo escrito sobre o dia de amanhã e, como em um script, tudo acontecia como o diário havia previsto.
Mas Tamara tinha o poder de transformar o que o amanhã lhe reservava, poderia mudá-lo, pelo menos tentar. Mas seria possível mudar completamente o seu destino?
Além disso, Tamara precisa lidar com a estranha relação de Arthur e Rosaleen, o estado de sua mãe, que apenas parece piorar e cavar fundo para descobrir o que se passa naquele pitoresco vilarejo.
O Livro do Amanhã, de Cecelia Ahern (P.S. Eu Te Amo e A Vez da Minha Vida) não me agradou de início, mas só de início mesmo. Logo me vi presa à trama e torcendo, vibrando, além de formar diversas suposições sobre o que aquela cidadezinha poderia estar escondendo ou qual a verdadeira intenção de cada um dos personagens.
Com uma narrativa em primeira pessoa que destaca a voz de uma adolescente sem papas da língua e que sofre todo um processo de amadurecimento, o livro torna-se envolvente e compreende uma história verdadeiramente encantada, onde apresenta um mundo que mistura fantasia e realidade, cheio de risos e lágrimas, aprendizados e superações.
O Livro do Amanhã é lindo, com personagens de personalidades variadas e mistérios que me fizeram não conseguir largar o livro. É um verdadeiro conto de fadas moderno.
Mas tudo isso agora não pertencia mais à Tamara. Ela encontrara seu pai morto no chão de seu escritório com um frasco de pílulas ao lado e uma garrafa vazia de uísque na escrivaninha. E suas finanças gozavam de tanta saúde quanto seu pai. O banco já havia decretado a ordem de retomada da posse da casa e de todos os outros bens da família, o que obrigava sua mãe a vender tudo o que tinham para pagar as dívidas que não sabiam existir.
"Quando percebi que papai ia nos deixar passar por tudo aquilo sozinhas - soprar o ar em seu corpo morto, deixar mamãe arranhar o caixão diante de todo mundo e, depois, nos observar destituídas de tudo o que já havíamos possuído -, tive absoluta certeza de que ele se fora para todo o sempre". (p. 12)
Tamara amava o pai, mas sabia que ele não era um homem bom. Raras vezes se falavam e quando conversavam, sempre acabava em briga. Já sua mãe não era uma pessoa muito afetuosa e por esse motivo não costumava receber afeto de mais ninguém. No entanto, Tamara acreditava que isso não significava que ela não se importasse, mesmo tendo sentido isso algumas vezes.
"(...) eu era um pesadelo de filha, grosseira, respondona, esperava que me dessem tudo e, pior ainda, achava que merecia tudo, apenas porque todos que eu conhecia mereciam". (p. 14)
Tamara nunca pensou no amanhã, sempre viveu no aqui e agora. Nunca deu um passo para fora de seu mundinho e, sem saber o por quê, sempre dizia ou fazia coisas com a intenção de magoar a outra pessoa.
Com a morte de seu pai e a linha de suas vidas rompida, Tamara e sua mãe foram morar com Arthur, irmão de sua mãe e Rosaleen, sua mulher, em uma antiga guarita reformada, anexa a um antigo castelo no campo, em um lugar chamado Meath, no meio do nada e com quase ninguém por perto. A moradia media um quarto do tamanho da antiga casa de Tamara, com três quartos, uma sala de estar e cozinha.
Rosaleen sempre está pra lá e pra cá, arrumando e limpando as coisas. Os temas de sua conversa são completamente sem importância: o tempo, a triste notícia de alguém que vive do outro lado do mundo, vizinhos etc. Já Arthur é quieto e reservado, expressando-se através de grunhidos, meneios da cabeça e bufos nasais.
Em frente à ex-guarita em que estava morando, havia um bangalô. Tamara não fazia idéia de quem podia morar lá, mas Rosaleen partia depressa para lá todos os dias com pequenos embrulhos de comida. Há alguns quilômetros podia-se encontrar uma agência de correio e, em frente, uma pequena escola.
A vida de Tamara não estava de maneira alguma do jeito que ela planejara.
"Em vez disso, moro na roça, numa antiga guarita reformada, com três pessoas loucas e as quatro coisas mais próximas de nós são: um bangalô ocupado por gente que nunca vi, uma agência de correio instalada de fato na sala de estar de alguém, uma escola vazia e um castelo em ruínas. Não tem nada a ver com meu estilo de vida". (p. 30)
Ou pelo menos era assim que Tamara pensava...
Torcia para que sua mãe, Jennifer, melhorasse. De início pensava que ela estava agindo como uma boa viúva, mas quando seu comportamento não mudou, perguntava-se o quanto de sua mãe ainda continuava lá. Parecia que aquele fissura que iniciara logo após a morte de seu pai apenas aumentara e logo que as pessoas pararam de olhá-la e retomaram suas vidas, Tamara parecia ser a única a enxergá-la.
Sua mãe não saía do quarto, dormia ou ficava sentada em uma cadeira de balanço, sem se balançar e olhando pela janela que dava para o quintal. Sempre exibia um pequeno sorriso no rosto, mas nunca passava das mesmas breves palavras e suspiros nas conversas.
"- Tem razão, mamãe. Tudo ficará bem. - Minha voz tremeu. Decidi avançar mais um passo. - E veja o elefante branco no quarto, não é lindo?
Mamãe fitou a árvore no jardim, o mesmo sorriso nos lábios pink.
- Sim, é lindo.
- Foi o que imaginei que você acharia". (p. 56)
Rosaleen dizia que Jennifer estava apenas passando por uma fase difícil e que logo melhoraria. Mas Tamara se sentia perdida, achava que a mãe deveria ver um médico. Ocorrera-lhe que os problemas dos Goodwin eram resolvidos assim, na superfície, sem chegar às raízes, ignorando sempre o elefante branco no quarto. Depois daquela conversa com sua mãe, compreendeu que sempre vivera com um grande elefante em cada aposento.
Sem nada para fazer naquele local, acaba passando os dias em casa, até que conhece Marcus que, em um ônibus com livros, vai até cidades que não possuem biblioteca. Como na cidade não existe serviço de ônibus, Tamara fica feliz com o convite de Marcus em levá-la para a cidade, o que acaba por decepcioná-la: a cidade é composta por uma igreja, um cemitério, dois bares, uma lanchonete, um posto de gasolina com uma banca de jornais e uma loja de ferragens.
Apesar da decepção, Tamara conseguiu se divertir viajando ao México com Marcus através de um livro que o rapaz encontrou na seção de viagens e saiu com um livro que logo chamou a sua atenção: grande e encadernado de couro na seção de não ficção. Marrom, grosso, sem nome do autor nem título na lombada. Além disso, o livro tinha as páginas fechadas com uma barrinha dourada, presa à um pequeno cadeado dourado.
Tamara não era do tipo explorador e tudo que envolvia movimento a aborrecia, nada parecia intrigar-lhe a ponto de se aprofundar um pouco e entender melhor, mas ela se sentia tão entendiada... ultimamente pensava muito e falava pouco, coisa que fazia pela primeira vez na vida.
Andando ao redor da propriedade encontrou a autoritária ruína do castelo, com cicatrizes expostas, ferido e coberto do sangue das batalhas. Parada, naquele momento, sentiu-se com suas cicatrizes expostas e no mesmo instante Tamara e o castelo se uniram.
A antiga guarita em que Tamara estava vivendo, protegia a entrada lateral do castelo Kilsaney, nos anos 1700. Gerações haviam passado por lá e os descendentes dos Kilseney continuaram a viver no castelo até a década de 1920, até que um incêndio transformou o local em um lugar inabitável, restando apenas uma pequena seção do prédio, e como não tinham recursos para reerguê-lo, os Kilseney acabaram se mudando na década de 1990. Tamara não sabia quem era o proprietário atual, mas o estado do castelo era deplorável, no entanto, sentia-se atraída pelo local.
Percorrendo mais uma vez as redondezas, encontrou um jardim, um pequeno oásis.
"Não sabia ao certo o que esperar, mas, decididamente, não esperava o que vi. No fim do jardim, a origem da cantoria e a pessoa, que então me encarava como se eu tivesse chegado de outro planeta, vestida no que parecia um macacão espacial branco, a cabeça coberta por um véu branco, nas mãos um par de luvas de borracha e nos pés um par de botas de borracha na altura da panturrilha. Parecia que acabara de descer de uma nave espacial de encontro a um desastre nuclear". (p. 101)
Tudo fez sentido quando Tamara observou o armário de vidros com mel, as dezenas de caixas no jardim murado e o ridículo macacão espacial. Despindo-se das peças, Tamara deparou-se com uma senhora de 70 anos, que logo se apresentou. Tratava-se da irmã Ignatius, uma freira extremamente divertida, com uma risada cantarolada, meiga e clara. A irmã Ignatius percebeu o livro que Tamara carregava e disse que ajudaria a garota a abrir o cadeado com algumas de suas ferramentas.
Mas quando abriram o cadeado, o livro se revelou algo um tanto estranho: não havia escrito nada nele. As páginas creme encadernadas, duplas, pareciam vir de outra época.
"- Páginas brancas à espera de serem preenchidas! - continuou com aquela voz maravilhosa.
- Que emocionante! - Revirei os olhos.
- Mais emocionante que um já preenchido, pois você, sem a menor dúvida, não poderia usá-lo.
- Então, eu poderia lê-lo. Daí se chamar livro - respondi irritada e mais uma vez senti que esse lugar me decepcionava.
- Preferiria que lhe dessem uma vida já vivida também, Tamara? Desse modo você pode relaxar e observá-la. Ou preferiria você mesma vivê-la? - perguntou, com um sorriso nos olhos". (p. 113)
Tamara nunca escrevera um diário, não via utilidade alguma nisso e nem suas amigas. Faziam contato por Twitter e Facebook, postavam suas fotos quando estavam de férias, nas noites fora e ao experimentar vestidos nos provadores. Enviavam mensagens de textos e e-mails umas às outras, acerca de assuntos genéricos divertidos, mas tudo se limitava a informações superficiais. Nada emotivo ou com profundidade. Mas por que não tentar? Apenas não conseguiria escrever em casa, com Rosaleen para lá e para cá, entupido-a de carboidratos.
O castelo seria o local ideal para escrever um diário. Tamara queria que as primeiras palavras escritas significassem realmente algo e quando pensou em um início, abriu o livro. No entanto, seu queixo caiu: a primeira página já havia sido escrita com a sua própria caligrafia. A data remetia ao dia seguinte e não ao atual.
A garota pensou que aquilo fosse uma brincadeira de mau-gosto, mas conforme ia lendo, percebia que apenas sua mãe poderia saber daquelas coisas e sua mãe não saía do quarto. Terminada a leitura, percebeu que só ela mesma poderia ter escrito aquilo. Mas como? Enquanto isso, sentia que era observada naquele castelo em ruínas.
Logo pensou que a irmã Ignatius poderia ter respostas ou estar envolvida com aquilo. Foi ao encontro da freira no dia seguinte e lhe mostrou o diário, contou a freira que escrevera coisas que não poderia saber que iriam acontecer, mas aconteceram.
"- Nossas mentes fazem coisas estranhas às vezes, Tamara. Quando procuramos coisas, ela toma sob sua responsabilidade seguir o próprio rumo. Só nos resta acompanhá-la.
- Mas não estou procurando nada!
- Não?" (p. 146)
Tamara pensou que poderia ser sonâmbula e aquelas anotação não passavam de uma simples escrita ininteligível, inconsequente. Mas o fato era que todo dia Tamara verificava o diário e lá ela encontrava algo escrito sobre o dia de amanhã e, como em um script, tudo acontecia como o diário havia previsto.
Mas Tamara tinha o poder de transformar o que o amanhã lhe reservava, poderia mudá-lo, pelo menos tentar. Mas seria possível mudar completamente o seu destino?
Além disso, Tamara precisa lidar com a estranha relação de Arthur e Rosaleen, o estado de sua mãe, que apenas parece piorar e cavar fundo para descobrir o que se passa naquele pitoresco vilarejo.
O Livro do Amanhã, de Cecelia Ahern (P.S. Eu Te Amo e A Vez da Minha Vida) não me agradou de início, mas só de início mesmo. Logo me vi presa à trama e torcendo, vibrando, além de formar diversas suposições sobre o que aquela cidadezinha poderia estar escondendo ou qual a verdadeira intenção de cada um dos personagens.
Com uma narrativa em primeira pessoa que destaca a voz de uma adolescente sem papas da língua e que sofre todo um processo de amadurecimento, o livro torna-se envolvente e compreende uma história verdadeiramente encantada, onde apresenta um mundo que mistura fantasia e realidade, cheio de risos e lágrimas, aprendizados e superações.
O Livro do Amanhã é lindo, com personagens de personalidades variadas e mistérios que me fizeram não conseguir largar o livro. É um verdadeiro conto de fadas moderno.
O primeiro ponto que já tinha me feito olhar com um carinho para este livro foi a escritora.
ResponderExcluirDepois a li a sinopse e achei que a história renderia bem no livro e depois comecei a ler resenhas super positivas.
Muitas pessoas pelo que andei lendo também tiveram dificuldade de se empolgar nas primeiras paginas, mas acho que depois com o desenvolver da história acabam se encantando com a história.
cara eu achei a tia da tamara uma doida D: morri de medo dela
ResponderExcluireu adorei esses livro, mesmo nao tendo gostado de ps:eu te amo.
Essa capa é linda.
ResponderExcluirAdorei a resenha Paula.
Não esperava tantas emoções nas páginas dele, e ao mesmo tempo acompanhar o amadurecimento da Tamara.
Eu fiquei interessada pela leve semelhança com a série "Edição de amanhã". A ideia é bem interessante de poder saber o que acontecerá, e um tanto perigoso tb. XD
Bj
Adorei o quote que ela fala do livro em branco, realmente, escrever é tão bom quando ler ^^
ResponderExcluirTenho muita vontade de ler esse livro
Olá, Paula! O começo desse livro também não me agradou, mas ao longo da leitura fui me apaixonando pela história e seus personagens. Ótima resenha!
ResponderExcluirBjs
www.marianaesuaestante.com
Amo conto de fadas e acho q vou gostar muito desse livro.
ResponderExcluirNo começo da resenha fiquei meia confusa mas no fim da leitura estou desejando ainda mais o livro. Tamara teve uma mudança súbita e difícil, estou curiosa para entender melhor os pensamento dela e sobre o livro....
Quando li a sinopse a primeira vez desse livro, não me interessei muito, pois achei que a protagonista seria muito superficial, afinal a menina tinha tudo o que queria sem esforço nenhum. Mas com sua resenha mudei totalmente de opinião. (:
ResponderExcluirBeijos!
Conto de fadas modernos *-------*
ResponderExcluirHá muito tempo venho querendo ler esse livro, toda vez que leio resenha sobre ele eu fico mais curiosa e quando eu olho para essa capa linda então...
Eu preciso descobrir esses mistérios do livro!
Fiquei me imaginando com um livro desses, que pudesse ver o amanhã.
ResponderExcluirRealmente deve ser uma história maravilhosa e cheia de um misto de emoções.
Pretendo ler em breve ^^
Já tinha lido alguns comentários que a trama é um pouco lenta no início.
ResponderExcluirAcho que ainda não li nenhum conto de fadas moderno, rsrs.
Esse livro tem dividido as opiniões. Pretendo lê-lo em breve e tirar as minhas conclusões.
Ainda não li este livro, mas já li alguns livros da autora. Gosto muito da escrita dela, infelizmente ouvi outros blogueiros reclamarem do começo do livro, mas acho que isto acontece quase sempre e não atrapalha a minha vontade de ler o livro.
ResponderExcluirAh sou loucaaaaaa pra ler esse livro.. louca mesmo!!!
ResponderExcluirUm conto d fadas moderno? quer me matar d vontade??? adoro isso!!! hahaa
Vi varias pessoas falando bem dele e quero ler ainda mais..
acho a capa linda tbm!!
bjs