A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra



Título: A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra
Autor: Robin Sloan
Editora: Novo Conceito
Páginas: 288
ISBN: 9788581632483

Clay Jannon, web designer desempregado devido a recessão econômica, insiste em anúncios de empregos e logo seus padrões vão caindo. 

"No início, insisti que só aceitaria trabalhar numa empresa que tivesse uma missão na qual eu acreditasse. Depois, achei que estaria tudo bem se pelo menos eu estivesse aprendendo algo novo. Ainda depois, decidi que só não podia ser uma empresa do mal. Agora, estava revendo com cuidado a minha definição de "do mal"." (p. 14)

Caminhando pelas ruas de São Francisco encontra um anúncio na vitrine de uma livraria (um pouco suspeito para Jannon) onde estão a procura de um atendente para o turno da noite. A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra, que fica ao lado de um local chamado Booty's (uma casa de strip-tease), é como uma livraria normal, sua forma e volume, só que virada de lado. O lugar é absurdamente estreito e alto, com estantes que vão até o teto e prateleiras que desaparecem suavemente nas sombras dando a impressão que poderiam continuar para sempre. 

"Por que livrarias sempre o obrigam a fazer coisas estranhas com seu pescoço?" (p. 15)

Jannon é contratado e agora é o atendente noturno na livraria, subindo e descendo a escada para buscar e repor livros como um macaco. A livraria nunca fecha, apesar de quase não haver fregueses e Jannon se sente mais como um vigia do que como um vendedor às vezes. 

Penumbra é o chefe de Jannon e vende livros usados num estado de conservação excelente, não dá muita atenção às listas de best-sellers e seu acervo é bem eclético.

"Não há indício de padrão ou objetivo além de, imagino, seu próprio gosto pessoal. Então, não há adolescentes feiticeiros nem vampiros policiais aqui. É uma pena, pois é exatamente o tipo de loja que dá vontade de comprar um livro sobre um mago adolescente. É o tipo de loja que faz você querer ser um mago adolescente." (p. 19)

Alguns amigos de Jannon apareceram na livraria e ele tenta convencê-los comprar algo novo: um romance de Steinbeck, contos de Borges, um volume grosso de Tolkien etc. No entanto, seus amigos compram, no mínimo, um postal. Há uma pilha deles na mesa da frente e mostram a fachada da loja desenhada a bico de pena, Penumbra vende os postais por um dólar cada e Jannon não consegue imaginar o que paga o seu salário e nem o quê mantém a loja funcionando: claramente não são os postais vendidos esporadicamente. 

A livraria possui várias curiosidades, entre elas: há uma livraria mais ou menos normal que fica na frente, cheia de livros em torno do balcão. As estantes são baixas e o acervo é bem precário. A outra livraria fica empilhada em cima e atrás desta, em prateleiras com escadas altíssimas e possui volumes que, segundo o Google, não existem. Muitos têm aparência de antiguidades, com couro rachado, títulos folheados a ouro e outros são recém-encadernados com capas novinhas, nada antigos, apenas especiais. Jannon pensa neles como o Catálogo Pré-histórico. 

"Quando comecei a trabalhar aqui, achei que eram todos de editoras pequenas. Pequenas editoras Amish sem gosto para o registro de informações digitais. Ou talvez fossem todos livros publicados pelos autores, uma coleção inteira de exemplares únicos, encadernados à mão, e que nunca chegaram à Biblioteca do Congresso nem a nenhum outro lugar. Talvez a loja de Penumbra fosse uma espécie de orfanato." (p. 22 e 23)

Mas depois de um mês de trabalho, Jannon começa a achar que é algo mais complicado, pois quem aparece na livraria para pedir um livro do Catálogo Pré-histórico são pessoas bem diferentes da garota que trabalha na Booty's e adora biografias, são como uma pequena comunidade que orbitam em torno da loja e são bem mais velhos, chegam sempre com uma regularidade algorítmica e nunca ficam procurando, chegam bem determinados e trêmulos de necessidade. 

"O sino acima da porta toca e antes que termine de soar o Mr. Tyndall já está gritando a plenos pulmões:
- Kingslake! Preciso de Kingslake!
Ele tira as mãos da cabeça (Será que ele vem mesmo correndo pela rua com as mãos na cabeça?) e agarra o balcão. Ele repete, como se já tivesse me dito uma vez que minha camisa está pegando fogo e não estou tomando nenhuma providência rápida." (p. 23)

Esses clientes não pagam pelos livros, possuem um cartão com um código que Jannon deve anotar. Ele se pergunta se aquilo é um clube do livro com membros importados de outra época e lugar: grisalhos, obsessivos e estranhos. 

Jannon não conhece o conteúdo desses livros. Quando foi contratado, Penumbra fez três exigências: Um, Jannon teria que estar na livraria das 22 às 6 horas; dois, ele não poderia ler, folhear ou inspecionar os volumes da estante e; três, Jannon deveria tomar notas detalhadas de todas as transações, como a hora, a aparência do cliente, seu estado de espírito, como ele pediu o livro e o recebeu, se estava usando um raminho de alecrim no chapéu etc. 

Algo um pouco assustador, mas nas condições atuais Jannon estava pronto para encarar tudo numa boa. Mas Mat, colega de apartamento de Jannon, é um pouco mais curioso. Vai até a livraria e abre um dos livros do Catálogo Pré-histórico, dentro dele uma camada de hieroglifos mal deixam sobrar espaços em branco, as letras são grandes e grossas e Jannon reconhece o alfabeto: romano. Mas não consegue identificar as palavras, na verdade, não há nenhuma palavra lá, as páginas são longas fileiras de letras, uma verdadeira confusão indecifrável.

"- Bem - diz Mat. - Não há como saber que isso não é uma enciclopédia de rituais satânicos..." (p. 36)

"- Talvez sejam apenas quebra-cabeças para se divertirem - diz Mat. - Como um sudoku superavançado." (p. 36)

Com a intervenção de Mat, Jannon se sente mais ousado com relação ao Catálogo Pré-histórico, ele quer descobrir o que aqueles livros possuem de tão especial.

Ao mesmo tempo em que está curioso, Jannon quer dar à livraria uma ajuda no quesito comercial e é por isso que começa uma campanha hiperdirecionada, que acaba não dando certo. Seu segundo passo é criar um modelo da loja em 3-D para que as pessoas possam visitar a loja em suas casas. No modelo em 3-D da loja Jannon não só  mostra onde os livros estão localizados, mas também quais estão emprestados no momento e para quem. Dessa forma, os livros ficam brilhando como lâmpadas nas grandes estantes em 3-D e cada um possui cores-código: os livros retirados por Tyndall ficam azuis, os de Lapin ficam verdes etc. E Jannon percebe uma coisa: as luzes seguem umas as outras. Existe um padrão.

"Há coisas estranhas e misteriosas acontecendo na Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra." (p. 64)

A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra, de Robin Sloan é um livro pelo qual me apaixonei e olha que de início eu não fui "com a cara" do livro. Pensei que o livro iria tratar apenas de uma história de suspense mas não é só isso, além dos personagens estarem no meio de um tremendo mistério e precisarem unir forças (como em uma jornada de RPG), muita coisa é discutida, pois o autor inseriu personagens com personalidades e idades bem diferentes no livro, o que traz diversos diálogos divertidos sobre tecnologia (novas e antigas), futuro, livros etc. Os personagens também são muito divertidos e fazem o leitor rir, a narrativa em primeira pessoa é deliciosa e convidativa, Jannon é completamente engraçado e relativamente nerd. O encontro de diversas gerações e diferentes estilos de vida é um convite a mais ao leitor.

A história prende o leitor pelo mistério e encanta e diverte através dos personagens, amores, amizades e o grande segredo: a vida eterna. Uma ótima leitura!

9 comentários:

  1. Desde que lançou que eu quero muito ler esse livro! Pela sinopse, pelo titulo, pela capa, tudo é maravilhoso <3
    Que bom que gostou, espero ler logo :)

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  2. A capa e o titulo, já despertou o meu interesse haha. Já li algumas resenhas sobre esse livro, e concluir que, é um livro muito bem escrito, com um enredo muito bom, e com mistério (amo). Espero que não me decepcione, pois criei expectativa rs
    Adorei a resenha :)

    Beijos, Andressa.

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  3. Parece bem intrigante esse livro, como vc disse, mistério. A parte tecnológica está me deixando curiosa, não sei bem como foi desenvolvido isso na narrativa e fico imaginando melhor... rs

    Luciana

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  4. Pela sinopse e pelo título, esse livro sempre me lembrou A sombra do vento, acho que não tem nada a ver, só o fato dos dois falarem de livros kkk'
    Uma livraria 3D seria muito legal, imagina só saber onde estão os livros, tudo organizado com lampadas e tal? Acho que ia morar em uma kkkk
    Parece mesmo um livro maravilhoso :)

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  5. Oi Paula,
    Eu tinha achado legal a capa, mas a sinopse em si também não tinha me animado. Mas vi resenhas positivas e claro que o nome "livraria" no título me fez pensar em dar uma chance.
    Acredito que o Jannon fará umas boas descobertas e gostei da questão de terem que unir forças.
    Adorei a resenha.

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  6. Esse livro ou faz as pessoas adorarem ou detestarem. Eu acho a ideia até bem interessante mas, sinceramente, não sei se iria gostar de lê-lo;

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  7. Olhando a capa do livro não achei que a historia fosse tão boa. Deve ser bem legal a leitura de um livro que parece uma jornada de RPG. Não tinha curiosidade de ler o livro, mas agora até leria se tivesse oportunidade.

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  8. Desde o lançamento do livro eu fiquei super curiosa, talvez por ele mencionar livraria logo no título e parecer tão misterioso despertou a minha simpatia mesmo sem saber sobre o que se tratava. Mas a cada resenha eu me interesso mais, já está no topo da lista de desejados.

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  9. Esse capa me leva lá pra Londres. Eu olho pra ela e penso "Londres" não imagino o porque. Ela é linda, sem dúvidas, e juntamente com o titulo disperta logo de cara um grande interesse!

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