Hell


Hell/Ella (vou chamá-la de Hell daqui por diante), é uma garota rica, arrogante, fútil e detestável nos mais variados aspectos. Logo na primeira frase do livro ela se descreve como: "uma putinha, daquelas mais insuportáveis, da pior espécie". Ela é assumidamente preconceituosa e frívola. Começa o livro dizendo o quanto é bonita, rica, como frequenta lugares chiquérrimos, veste roupas bacanas, possui diversos amigos e faz o que bem entende, diferente de nós, pobres mortais. 

A autora Lolita Pille, nesse seu primeiro livro, Hell, escreve sobre o seu dia a dia, apesar do livro não ser completamente auto-biográfico. Sem pudor algum, Lolita descreve sob o pseudônimo Hell o mundo ao seu redor, a juventude rica e consumista de Paris, com uma vida regada a sexo, drogas e álcool. Os valores e o comportamento desses jovens poderiam se passar em qualquer cidade do mundo: são belos, consumistas e vivem com um profundo vazio (cliché? Mas é a verdade). 

Para preencher essa vida tão banal, encontram na superfície das coisas e nas aparências um significado que só um cartão de crédito pode pagar. A sucessão de prazeres, boates, restaurantes, bares de hotéis, passeios em Porsches e jatinhos, sexo casual, drogas, bebida, vira uma bola de neve onde esses jovens estão cada vez mais presos. 

Apesar de muitos ficarem com raiva de Hell/Lolita, a autora acaba desvendando toda a hipocrisia do seu mundinho fútil e de seus amigos, ao mesmo tempo em que continua sugada por essa engrenagem toda. Ela é cínica, sarcástica, mas não consegue se livrar do seu papel nesse meio. 

O livro é provocador, a autora não poupa nada nem ninguém, ela parece uma metralhadora, cospe as frases de uma vez só, e a leitura acaba fluindo de uma forma muito rápida. 

Hell foi fenômeno editorial na França e, depois de seu lançamento, Lolita foi proibida de entrar em boates e rejeitada por amigos que se viram retratados nas páginas do livro. A autora não disse ter exagerado em nada, apenas afirmou que romanceou um pouco a sua vida real. 

O livro ganhou uma adaptação para o cinema, onde vemos uma Hell mimada, mas mais interior, ou seja, a Hell que existe dentro da mente dessa garota que sente repulsa por tudo o que vê. Vemos mais a destruição de Hell e Andrea no filme, que não acompanhamos no livro.


O livro também ganhou uma adaptação para o teatro aqui no Brasil. A personagem é vivida por Barbara Paz, com um guarda-roupa repleto de roupas de marcas e um cigarro após o outro, a curadoria é do diretor de arte Giovanni Bianco e é dirigida Hector Babenco.


Um comentário:

  1. Tenho mais medo de ler esse do que livros de causos de assombração, viu :x
    Porque pelo menos as assombrações não são reais, embora alguns dizem que não! hahaha

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