Contato Imediato

Título: Contato Imediato

Autor: Elle S. 

Editora: Mor

Páginas: 346

ISBN: 712421541207

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Separe várias barrinhas de chocolate se for ler Contato Imediato. Viciado ou não no doce, você irá precisar de muito chocolate para não enlouquecer durante a leitura. 

O primeiro livro físico da Editora Mor me surpreendeu, não só pela história, é claro, que é maravilhosa e viciante, mas pela qualidade da obra em relação a diagramação e a revisão, além da capa que é linda e diz muito sobre a história. 

Acabei me apaixonando por todos os personagens: Emma, Queeny, Hunter e Caleb. Todos com personalidades tão diferentes e que ao mesmo tempo se completam e dão a história um "algo a mais".

Contato Imediato é narrado em primeira pessoa por Emma, uma pessoa extremamente racional e que nunca acreditou na possibilidade de vida alienígena ou qualquer baboseira UFO.

"Filmes de ETs eram o ponto alto de minha birra com alienígenas. Céus, o que Spielberg tinha na cabeça quando criou aquele E.T? As crianças poderiam ficar traumatizadas com aquela figura magrela e cabeçuda, enrugada e cor de sei-lá-o-quê. Eu fiquei traumatizada!". (p. 8) 

Queeny é sua melhor amiga e apesar de formada em Arquitetura e Design, sua verdadeira paixão estava ligada as estrelas, a ufologia etc., e trabalhava em uma loja de produtos exotéricos que a ajudava a pagar por seus cursos de astronomia. Queeny é uma personagem extremamente divertida, destemida e curiosa. Não tem medo do novo ou de se arriscar, ao contrário de Emma, formada na mesma universidade, mas no curso de Jornalismo, carreira que seguiu em frente. Emma é extremamente controladora com relação aos seus sentimentos, mas nutre um amor profundo por sua melhor amiga de infância, sempre se sentindo na obrigação de cuidar da amiga e acompanhá-la, para seu desgosto, em palestras e convenções sobre ufologia e astronomia. Queeny tem o poder da persuasão e Emma não consegue dizer não à amiga. 

É por isso que Emma acaba indo acampar com Queeny para ver um cometa raro, que só passa a cada cento e cinquenta anos. Emma arruma a barraca enquanto Queeny monta o telescópio e quando o cometa passa, Queeny não desgruda os olhos do telescópio. No entanto, apesar do cometa não poder ser visto a olho nu, Emma consegue vê-lo. 

"Era lindo, chamava a minha atenção de uma forma muito inédita. Meus olhos estavam fixos naquele objeto cadente, a fumaça que saía dele era clara e fazia desenhos estranhos pelo céu. Pela inclinação do objeto, dava para perceber que ele estava prestes a cair perto de nós". (p. 15) 

As duas amigas se olham e percebem que aquilo não poderia ser uma estrela, muito menos um cometa. O objeto havia caído nas árvores que ficavam atrás de suas barracas e uma fumaça estranha saía do local. 

Queeny estava extasiada e Emma morrendo de medo. 

Queeny, é claro, queria ir até o objeto não identificado e Emma sabia que não poderia impedir a amiga. Querendo protegê-la, vai atrás dela pela cratera recém formada. A nave era enorme, prateada, com luzes que agora estavam apagadas e um material desconhecido. Parecia com um globo de espelhos gigante, só que um pouco mais oval. A cratera emanava um calor surreal, como toda aquela cena. 

As duas acabam encontrando dois homens feridos e desacordados, provavelmente humanos que também estavam acampando por ali e foram atingidos pela nave. Queeny vai cuidar de um enquanto Emma se encarrega do outro. 

Queeny é a primeira a perceber que os dois não são terráqueos depois de inspecionar suas roupas: os dois usavam um suéter preto de gola estranha, com calças pretas e botas da mesma cor. O material era o que os estregava, a calça parecia couro, mas lembrava jeans misturado com moletom e a linha no suéter que parecia ser lã era brilhante e ao ser tocado lembrava seda. 

Queeny tira o primeiro "rapaz" da cratera para ajudá-lo com seus ferimentos com um kit de primeiros socorros, enquanto Emma permanece com o outro ser na cratera, tentando tirá-lo de lá e sua mão segura a dela com força. 

"Seus olhos eram castanhos, tão castanhos como chocolate. Intensos, mas não doces. Eles me deixaram sem ar, perdida, tensa, mas não de medo. O seu olhar teve o poder de apagar todo o medo que eu sentia até então. Sua mão passava um calor pelo meu corpo que me deixava ainda mais perturbada, sem chão". (p. 32)

Os dois saem da cratera e Queeny já havia cuidado de Caleb, que se apresentou e foi simpático com as duas, enquanto Hunter, o outro alien, vai até Queeny para ter seus ferimentos tratados. 

Caleb era sociável e simpático, enquanto Hunter apenas resmungava e olhava para todos com desdém, especialmente para Emma. 

"Ele era arrogante demais, metido demais, irritante demais. Entorpecente e sedutor demais". (p. 42)

"Os olhos de Caleb eram mais doces. Se comparássemos realmente os olhos de Caleb e Hunter a chocolates, os de Hunter seriam algo como chocolate amargo. Aqueles que a gente adora comer, mas que dá uma vontade absurda de beber água depois. Os de Caleb seriam chocolate ao leite. Doces, suave e que derretem facilmente". (p. 43)

Caleb e Hunter precisam de uma carona, para longe da nave, mais especificamente, para Wyoming. Os dois não fazem idéia que Nova York e Wyoming ficam extremamente distantes e resolvem (Queeny resolve), que eles ficarão em suas casas e quando o feriado de Ação de Graças chegar levarão os dois para Wyoming. Queeny está realmente preocupada, Caleb diz que a ARE pode pegá-los a qualquer momento (seja lá o que for isso) e Emma está extremamente enervada por ter de bancar a babá de um alien. Com o flerte inegável entre Queeny e Caleb, é claro que os dois irão ficar no mesmo apartamento, enquanto Emma terá de aturar Hunter, o sexy, porém, irritante alien. 

"- Sei que não tem um companheiro, Emma, e isso é tudo o que eu precisava saber para ter certeza dos desígnios das estrelas.

- Do que você está falando? Você nem ao menos me conhece.

- Aí que você se engana, Emma Munnighan. Eu te conheço melhor do que pensa, porque eu sei tudo o que se passa dentro da sua cabeça - imediatamente senti uma pressão estranha na cabeça como se uma mão tivesse sido colocada em cima dela, acariciando os meus cabelos e escorregando em direção ao meu rosto. (...)". (p. 80)

Hunter tem momentos de ternura alternados com momentos de arrogância e frustração, parece frustrado com Emma, com sua forma racional, controladora e robótica de ser. Os dois conseguem manter uma conversa civilizada por pouco tempo, logo estão brigando ou se ofendendo. Mas o desejo de Emma por Hunter, mesmo que ela tente negar, existe e sua presença desperta nela os instintos primitivos que tanto odeia, quebra as barreiras de sua racionalidade que levou décadas para erguer. 

Os planos de manter Caleb e Hunter escondidos não irão dar certo, pois Emma recebe a visita de agentes da ARE (Agência de Relatório Extraterrestre). Ela consegue sair do interrogatório informal mas precisa correr para avisar os demais. 

Os quatro partem então para a viagem com destino à Wyoming, sabendo que estarão levando Caleb e Hunter para uma espécie de nave-mãe que os levará para Airamidniv, seu Planeta natal. Emma está ao mesmo tempo angustiada e aliviada por se livrar de Hunter, já Queeny não se sente nada bem: ela encontrou a sua alma-gêmea. 

"Mesmo sem querer, não conseguia parar de prestar atenção em toda mínima demonstração de afeto que um exibia para o outro. Fosse um simples roçar de mãos, um sorriso ou um som, indicando que estavam atentos no que o outro falava, tudo era motivo para que eles mostrassem que estavam conectados um com o outro e sintonizados de uma maneira linda". (p. 167)

Ah, mas quando Emma e Hunter, durante uma parada na viagem, não se controlam, beijam-se da maneira mais quente possível. É uma verdadeira explosão e os dois parecem se completar. No entanto, o beijo não é capaz de fazer com que os dois teimosos parem de brigar. 

"- De onde você vem tem isso, não tem? - ele me olhou interrogativamente. - Amor? 

- Em Airamidiniv as coisas são um pouco diferentes. 

(...)

- Quão diferentes?

- Nossos companheiros são definidos no nascimento. São os pais que decidem com quem os filhos irão casar para evitar complicações futuras. - ele sorriu para o ar ao seu redor e eu senti algo se partir em meu peito. Ele era lindo demais quando abandonava toda aquela pose arrogante. - Os prometidos passam uma vida inteira conhecendo a pessoa com quem vão se casar, criando um vínculo íntimo-romântico com a pessoa. 

(...)

- Vocês não amam?

(...)

- O amor é algo muito especial, Emma. Só as pessoas fortes são capazes de senti-lo. Nem todos em Airamidniv têm sorte de conhecer as suas... metades perfeitas". (p. 209 e 210)

Agora a CIA e a ARE estão atrás de Emma e Queeny e suas fotos apareceram na televisão como procuradas. Precisam encontrar a nave-mãe e, o mais dolorido, precisam se despedir de Caleb e Hunter. Suas vidas estão uma bagunça e seus corações despedaçados, o que poderá acontecer se Caleb e Hunter forem pegos? E se conseguirem se salvar, o que restará de Queeny e Emma? 

A narrativa é muito gostosa, coesa e confesso que chorei bastante no final. Não era o que eu esperava (foi melhor! Surpreendente). Final? Parece que as coisas não irão parar por aí. 

O livro também tem cenas bem quentes, mas não é, de jeito nenhum, erótico. Adorei, pois os personagens são bem desenvolvidos, assim como a história, nada acontece "do nada", não é uma história mirabolante ou aleatória sobre aliens e terráqueas e almas-gêmeas, é um livro delicioso, cheio de surpresas e romance.

Neperd, a resenha ficou um pouquinho grande, não?

A autora

Elle nasceu em São Bernardo do Campo, mas mudou-se cedo para Jaú. Determinada a cursar Jornalismo, sua criatividade nata levou-a a cursar Publicidade e Propaganda. Ao contrário de seus personagens, morre de medo de alienígenas!

Já criança sabia que queria encantar as pessoas por meio de suas palavras e em 2006 começou a escrever fanfics e contos breves, e publicá-los na internet. 

Contato Imediato é o primeiro livro de uma série a qual a autora chama de Trilogia Estelar e garante que, apesar de seu medo, os aliens e as estrelas continuarão com ela por mais algum tempo. 

Leia mais sobre a Trilogia aqui.