Um Ano Inesquecível

Título: Um Ano Inesquecível

Autor: Ronald Anthony

Editora: Novo Conceito

Páginas: 303

ISBN: 9788581630335

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Gostei de Um Ano Inesquecível. É um livro com uma história bonita, comovente e que envolve o leitor mas, de alguma maneira, eu esperava mais: talvez algo que comovesse ainda mais. 

A narrativa é bem interessante, flui de maneira bem tranquila e as mudanças entre primeira e terceira pessoa não me incomodaram (como no caso de Ladrão de Almas (resenha aqui)), pois segue um mesmo ritmo sem comprometê-lo.

Jesse é o caçula da família, sua mãe engravidou dele quando já havia passado dos 40 e para ela ele era "uma maravilhosa surpresa", enquanto que para sua irmã Denise, a mais nova desde então (doze anos mais velha que Jesse), referia-se a ele como um "acidente". 

Jesse sentia que era um membro que estava sobrando na família. As reuniões familiares com seus irmãos mais velhos eram estranhas para ele, como se sempre estivesse nos bastidores, não participando das discussões o que o tornou um rapaz e, depois, um homem sem jeito com as palavras, pelo menos na hora de falar, afinal formou-se em Jornalismo. 

A pessoa com quem mais era grudado, sua mãe, morreu e seu pai, com quem nunca teve um bom relacionamento, pois tinha a idade para ser o seu avô e não acompanhou a infância nem a adolescência do filho acabou continuando na grande casa em que toda família havia vivido. Com 83 anos Mickey Sienna estava bem, apesar de mover-se devagar e andar aéreo. 

Após um episódio onde vai fritar alguns ovos e acaba colocando fogo na cozinha, os irmãos se reúnem para decidir o que fazer com o pai. Todos acham que uma casa de repouso seria a melhor opção, enquanto Jesse se oferece para viver com o pai em seu apartamento, uma idéia ridícula aos olhos dos irmãos. 

Reunindo coragem, Jesse vai falar com o pai, que não aceita de primeira, mas ao saber da casa de repouso, não vê outra opção. 

Enquanto isso Jesse trabalha como escritor freelancer e no momento não consegue pegar nada que lhe interesse, mas pelo menos pode pagar as contas. Também está em um relacionamento com Marina, uma mulher incrível e logo percebemos o quanto os dois se dão bem e o quanto o relacionamento é bonito, baseado na amizade e no companheirismo. Mas Jesse não é o tipo de cara que acredita em relacionamentos duradouros. 

Depois de duas grandes decepções amorosas, tornou-se cético com relação ao amor. 

"(...) Percebi que existem diversos tipos de amor romântico e cada um tem um tempo de validade. Você pode ser terno, generoso e doce. Você pode ser amargo, egoísta e ferino. Mas não importa como se vista, uma hora você vai ficar nu. Não há meios de manter a profundidade nas emoções. E, se você realmente se importa, vai doer muito mais no final". (p. 27 e 28)

O relacionamento de seus pais também não o ajudou a ter uma visão muito romântica sobre o amor. Apesar dos mais de 50 anos de casados, o casamento mais parecia uma parceria que um romance. E mesmo formando uma boa dupla, nunca viu seus pais trocando um beijo demorado ou se abraçando. 

"Simplesmente, construíram muita coisa juntos. Como uma empresa de arquitetura". (p. 28)

Marina havia passado por um relacionamento bem ruim e parecia concordar com Jesse, deixando as coisas rolarem, pensando apenas no hoje. 

Com a vinda de Mickey para a casa de Jesse temos momentos engraçados entre pai e filho, que parecem pertencer a mundos diferentes e momentos de muita tensão também. O humor dos dois oscila bastante, o que não ajuda muito. 

Mickey conhece Marina e se encanta por ela, fica furioso com o filho pelas suas atitudes nada otimistas e resolve que chegou a hora de contar uma história que nunca contou para seus outros irmãos, o que faz Jesse vibrar, pois agora ele teria algo do pai que seria só dele. E essa história se passa no pós-guerra, um relato apaixonado de um homem que Jesse jamais pensou existir e uma mulher que o encantou de todas as formas. 

Esse relato, espera Mickey, possa despertar em Jesse um pouco de empatia. 

Uma história muito bonita, sobre o amor que nunca morre, o verdadeiro amor. Gostaria que o autor houvesse entrado em mais detalhes no relato de Mickey, pois adoro histórias que se passam em outras épocas, mas é claro que não consegui deixar de me emocionar e de ser cativada pelos personagens de Mickey, Jesse, Gina e Marina.