A Estrada da Noite

Título: A Estrada da Noite

Autor: Joe Hill

Editora: Arqueiro

Páginas: 256

ISBN: 9788599296134

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Judas Coyne (ou Jude) é uma lenda do rock pesado. Com seus cinquenta e poucos anos é dono de uma coleção um tanto peculiar: um crânio de um camponês do século XVI, que fora perfurado para os demônios saírem; uma confissão de 300 anos atrás assinada por uma feiticeira; um laço duro e gasto que fora usado para enforcar um homem na Inglaterra, uma fita snuff; um obscuro manual, impresso pela Igreja Católica nos anos 1930, para a realização de exorcismos; um livro de receitas para canibais. 

Muitos objetos dessa sua coleção particular eram presentes enviados por fãs, na verdade, era muito difícil Jude comprar algo para a coleção, até o momento em que seu assistente particular, Danny Wooten, disse que havia um fantasma à venda na internet. Jude não pensou duas vezes. 

No site, a mulher estava leiloando o fantasma de seu padrasto, que ultimamente vinha assombrando sua filha e para que ela pudesse ter uma vida normal, a mãe gostaria de dar um novo lar ao padrasto, enviando ao comprador o paletó favorito do falecido (com o qual gostaria de ter sido enterrado, mas por diversas questões não deu certo). Se havia um fantasma ou não, pelo menos o paletó tinha as mesmas medidas de Jude. 

Geórgia, namorada de Jude, não ficou impressionada com a inesperada compra do companheiro. Mas era de se esperar, afinal Jude vinha deixando para trás uma coleção de namoradas góticas que eram strippers ou cartomantes (ou as duas coisas), lindas garotas que usavam esmalte negro e cruzes egípcias e pelas quais Jude chamava pelo nome de seus estados de origem. Sua atual namorada, Geórgia, tinha 23 anos.

Uma grande caixa brilhante e preta em forma de coração chegou com o paletó, uma peça antiquada na cor preta, com botões do tamanho de moedas de 25 centavos e uma gravata bem fina, algo que provavelmente Johnny Cash teria usado no palco.

Desde que o paletó chegara Jude se sentia inquieto mas nada de aparições fantasmagóricas, até que certa noite encontrou um homem velho sentado na cadeira, vestido com o paletó e os olhos fechados. Logo Jude entrou em contato com a mulher que vendera o paletó: Jessica. 

Não havia reembolso e mesmo que devolvesse o paletó o fantasma não iria embora. 

"- Ela voltou para casa para se matar, seu babaca - disse Jessica Price da Flórida, cujo nome lhe era desconhecido, mas talvez não tão desconhecido quanto ele gostaria que fosse. De repente, sem aviso, a voz dela perdera o ar de descontração e humor. - Depois que a dispensou, ela cortou os pulsos na banheira. Foi nosso querido padrasto quem a encontrou. Ela teria feito qualquer coisa por você e você a jogou fora como se fosse lixo". (p. 28)

Jude podia acreditar em um fantasma, mas não na pura encarnação do mal. O fantasma continuava aparecendo com o seu paletó e agora com uma corrente de ouro da qual pendia uma lâmina curva. Deveria haver algo mais do que aquele fantasma sinistro com marcas pretas nos olhos e Jude lembrava de Flórida contando-lhe sobre o seu padastro: Craddock, um homem que havia descoberto sua vocação ao entrar em contato com a hipnose, coisas também como "operações psicológicas" não agradavam Jude agora. 

Com a situação piorando: além das aparições, do frio constante e de um e-mail do fantasma para Jude, agora Craddock interferia seriamente, colocando em risco a vida de Jude e Geórgia. 

Quando um Chevy, uma picape, aparece na frente da casa de Jude e depois some sem deixar qualquer vestígio, as coisas começam a piorar. O roqueiro barbudo sabe que precisa ir embora dali, pegar a estrada e Geórgia não o deixará ir sozinho, no entanto, aqueles que tentarem ajudá-lo não serão poupados e durante todo o percurso eles encontram atrás de si a picape do homem morto. 

"- VOCÊ VAI MATÁ-LA VOCÊ VAI SE MATAR OS CACHORROS VÃO MORRER OS CACHORROS NÃO VÃO SALVÁ-LO VAMOS PASSEAR JUNTOS ESCUTE AGORA ESCUTE MINHA VOZ VAMOS PASSEAR AO CAIR DA NOITE. VOCÊ NÃO ME POSSUI. EU TE POSSUO. AGORA EU TE POSSUO". (p. 125)

Durante sua jornada desesperada, Jude ainda terá de lidar com os fantasmas do seu passado: os amigos da banda que morreram e Justin Cowzynski, o garoto que fora na fazenda onde o pai criava porcos, onde a mãe vivia com a expressão inerte, de alguém que tivesse sido lobotomizada, da pobreza, dos porcos. 

A Estrada da Noite pode parecer de início um livro que beira a comédia: roqueiro compra fantasma. Mas Joe Hill consegue transformar o sobrenatural em algo completamente ligado com a realidade psicológica dos personagens, formando um todo assustador, com uma narrativa tensa e obscura e personagens igualmente obscuros e perturbados. 

Fiquei muito instigada durante toda a leitura, pois a história esconde muitas peças que vão se soltando com o seu desenrolar. É uma excelente leitura para quem gosta do gênero (eu, com certeza, quero conferir mais trabalhos do autor). 

Leia também a resenha do livro Fantasmas do Século XX, do mesmo autor.

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Andei navegando por aqui e vi que o livro terá uma adaptação cinematográfica. No entanto, não consegui encontrar muitas notícias, apenas que essa história de adaptação não é nova e que o filme nem entrou em pré-produção. Consegui encontrar duas notícias: o diretor seria Neil Jordan (Café da Manhã em Plutão, Entrevista com o Vampiro etc.) e o ator que poderia protagonizar Judas Coyle seria Jeffrey Dean Morgan (gostei!).