Título: Alma?
Autor: Gail Carriger
Editora: Valentina
Páginas: 308
ISBN: 9788565859042
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Alexia Tarabotti enfrenta uma série de atribulações sociais, quiproquós e saias justas (embora compridíssimas) em plena sociedade vitoriana. Em primeiro lugar, ela não tem alma. Em segundo, é solteirona e filha de italiano, que, ainda por cima, está morto. Em terceiro, acaba sendo atacada sem a menor educação por um vampiro, o que foge a todas as regras de etiqueta.
A srta. Alexia Tarabotti não estava se divertindo nem um pouco naquele baile. Embora esses bailes fossem apenas uma distração para solteironas, o que incluía Alexia, ela não era o tipo de mulher que via graça neles. Para se livrar de todo aquele tédio e mediocridade, Alexia resolve ir para seu refúgio favorito: a biblioteca. Ela apenas não contava se deparar com um vampiro, muito mal educado por sinal, que tentou atacá-la.
Oras, Alexia nascera sem alma e qualquer vampiro de boa linhagem sabia que deveria evitar uma dama assim a qualquer custo. Com suas presas prontas para entrar em ação o vampiro tocou em Alexia e logo se surpreendeu: ficou inerte enquanto suas presas haviam sumido de repente. Claro que a srta. Tarabotti não ficou surpresa: a ausência de alma tinha o poder de neutralizar as forças sobrenaturais. Mas será que aquele sujeito nem se dera ao trabalho de checar a lista oficial de aberrações de Londres?
Logo que o vampiro se afastou de Alexia suas presas retornaram e ele tentou um novo ataque: ultrajante! Nenhum vampiro tentara mordê-la em sua vida e aquele sujeito a estava irritando. A srta. Tarabotti não gostava de violência, mas se viu obrigada a agarrar o tal vampiro e empurrá-lo, que se estatelou no chão justamente em cima de uma torta de melado, torta que Alexia estava ansiando comer inteirinha. Como quase nunca saía sem a sua sombrinha, usou-a para golpear o vampiro.
"Ela própria a idealizara: preta, componentes de bronze, ponteira de prata em forma de cápsula, babados e amores-perfeitos de cetim, de tom roxo, com bordado aqui e ali". (p. 10)
No meio da luta e tentando se salvar, já que o vampiro percebeu que não iria conseguir mordê-la mas poderia enforcá-la, Alexia o matou sem querer.
No entanto, ficou pasma com a confissão do vampiro. Os sobrenaturais, fossem eles vampiros, lobisomens ou fantasmas, só existiam devido a superabundância de almas. A maioria destes seres sabia que havia outros como ela, que nasciam totalmente sem alma. O renomado Departamento de Arquivos Sobrenaturais (DAS), um setor de Administração Civil de Sua Majestade, denominava seu tipo de preternatural. Os vampiros usavam nomes bem menos lisonjeiros, já que haviam sido caçados pelos preternaturais. Por isso, qualquer vampiro digno de respeito tinha a obrigação de reconhecer o toque de um preternatural. Mas aquele vampiro, agora morto, não fazia idéia de nada disso.
Pior que um vampiro mal educado e mal informado era a presença de Lorde Maccon naquela biblioteca.
"Por quê, srta. Tarabotti, sempre que eu chego para resolver uma desordem numa biblioteca, a senhorita está envolvida?" (p. 15)
Lorde Maccon, o quarto Conde de Woosley e Alfa dos lobisomens da região (além de maravilhosamente lindo) chegou acompanhado pelo seu Beta, o professor Lyall, muito mais agradável que o carrancudo Alfa, que aprendera a ser paciente no convívio com a sociedade refinada, mas a srta. Tarabotti parecia lhe trazer à tona seus piores instintos animais.
Assumindo a expressão de dirigente do DAS, fez com que Alexia contasse o que ocorrera na biblioteca. O Conde fez Alexia perceber o quanto aquela situação era delicada: se não fosse comprovado que agira em legítima defesa, poderia ser acusada de assassinato.
Mas aquela situação também era estranha, afinal não se viam por aí vampiros esfomeados. Vampiros viviam em colmeias e podiam tomar alguns goles de vários zangões (futuros vampiros) pertencentes a ele ou à sua colmeia ou ainda pagar e recorrer às prostitutas de sangue nas docas (eles estavam no século XIX, por favor, ninguém atacava sem a autorização do outro!) e até mesmo os lobisomens, que perdiam o autocontrole nas noites de lua cheia, eram trancafiados e mantinham por perto seus zeladores (futuros lobisomens). É claro que nem sempre zangões ou zeladores transformavam-se, havia a questão da quantidade de alma que essa pessoa poderia ter e isso iria interferir no sucesso (ou fracasso) de sua transformação, além disso, muitos deles apenas queriam se manter como zangões e zeladores, nada mais.
Lorde Maccon imaginou que aquilo só poderia significar uma coisa: alguma abelha-rainha estava fazendo metamorfoses deliberadamente fora das normas do DAS. O conde tentaria manter o nome de Alexia fora de tudo aquilo, mas a srta. Tarabotti sabia que podia ser útil.
"- Agente secreta? A senhorita? Tão sutil quanto um elefante numa loja de cristais". (p. 26)
Na manhã seguinte os jornais já falavam sobre o terrível incidente do baile, felizmente o nome de Alexia não fora revelado. Seria um transtorno ter que explicar para a sua família tudo. Sua condição de não ter alma era mantida em segredo, seus parentes próximos e os membros dos círculos sociais que frequentava não percebiam nada, apenas a encaravam como uma solteirona, cuja situação desfavorável devia-se claramente a um misto de personalidade forte, compleição escura e traços faciais marcantes. Além disso, sua mão, a senhora Loontwill (sobrenome que adquirira após se casar de novo), era propensa a ataques de histeria e fazê-la se confrontar com a verdadeira identidade da filha e com um vampiro morto podia ser uma receita perfeita para o desastre.
Sua família, formada por sua mãe, seu padastro e suas duas irmãs (do segundo casamento) Felicity e Evylin, era do tipo especializada nas atitudes inconvenientes e tolas. Suas irmãs eram presença constante nos jornais, tanto pela elegância quanto por terem reunido à sua volta um número considerável de admiradores. Toda a família adorava aquela atenção, menos, é claro, a srta. Tarabotti, tão diferente de suas meias-irmãs.
O jornal trazia uma novidade: um novo clube seria aberto na cidade, voltado para intelectuais, filósofos, cientistas etc. Alexia ficou interessada no Clube Hypocras, um local onde poderia encontrar pessoas com quem conversar, afinal só tinha uma amiga, a srta. Ivy Hisselpenny, que não sabia sobre o estado da amiga e possuía um péssimo gosto para chapéus. Apesar de tudo, era bom passear com Ivy e em circunstâncias normais, uma jovem solteira, de boa estirpe, jamais passearia pelo parque sem a presença de mulheres mais velhas, mas essas regras não se aplicavam à Alexia.
"A sra. Loontwill nem se dera ao trabalho de oferecer um baile de debutante à filha mais velha ou de apresentá-la de forma apropriada à sociedade. "Minha querida", dissera, à época, em tom de profunda condescendência, "com esse seu nariz e essa sua cor de pele, nem adianta gastarmos dinheiro. Tenho de pensar nas suas irmãs". Portanto, a srta. Tarabotti, que não era nem tão morena nem tão nariguda assim, tinha sido colocada para escanteio aos quinze anos". (p. 34)
Mas a vida de Alexia estava prestes à mudar. Um convite feito pela abelha-rainha da Colmeia de Westminster, Condessa Nadasdy, lhe revela algumas coisas. Os encontros com seu amigo, Lorde Akeldama, um vampiro um tanto extravagante, ajuda-a entender algumas coisas, mas Alexia está longe de descobrir o que está acontecendo, enquanto é perseguida por uma estranha criatura amedrontadora, algo não totalmente humano, liso, pálido e sem manchas, cicatrizes e pelos. Seus olhos eram escuros e estranhamente vazios, inexpressivos e sua boca estava repleta de quadrados brancos e retos. Para sua surpresa, seu toque não parava a coisa.
Vampiros iam desaparecendo e outros iam surgindo, como aquele que tentou atacar Alexia e o professor Lyall descobre que lobisomens também estão desaparecendo.
A srta. Tarabotti irá trocar muitas idéias com Lorde Maccon sobre o que poderá estar ocorrendo e como ela é uma mulher sem papas na língua mas muito inteligente e impulsiva, ajuda com ótimos argumentos, mas também não perde tempo em se meter em enrascadas. Lorde Maccon não aguenta a tagarelice de Alexia e sua impulsividade, mas o lobisomem também é cabeça dura, no entanto, não pode negar que Alexia realmente está ajudando.
"O que havia de errado com ele naquele dia? Não suportava Alexia Tarabotti, embora seus adoráveis olhos de tom castanho brilhassem quando sorria, ela cheirasse bem e tivesse um belo físico". (p. 68)
Alma?, de Gail Carriger, é o primeiro volume da série steampunk O Protetorado da Sombrinha. Um livro delicioso de se ler, com ótimas doses de humor, romance e mistério. Em meio a anquinhas, tortas, chá, vampiros, lobisomens, temos uma narrativa empolgante e ótimas descrições acerca dos ambientes e detalhes incríveis sobre a moda da época.
Os personagens são muito bem elaborados e acabei me apegando a vários deles: Alexia é ótima, uma mulher forte e que, sem papas na língua, torna-se muito engraçada, Lorde Maccon é um delicioso lobisomem mal-humorado que veio da Escócia e não entende muito bem as mulheres, Lorde Akeldama é um fofo, um vampiro todo pomposo e extravagante, no estilo rococó, Floote é o mordomo leal da família Loontwill, apesar de ser mais leal à Alexia, pois era mordomo quando seu pai ainda estava vivo e apesar de Floote não falar muito, ele ajuda bastante Alexia e espero que o mordomo tenha bastante participação nos próximos volumes (acho que ele guarda um segredo) e, por fim, o professor Lyall, um homem sensato que precisa aturar as mudanças de humor de Lorde Maccon e lhe dar conselhos amorosos.
Em entrevista a autora disse que, dentre outros, inspirou-se em Jane Austen e dá para perceber isso muito bem na família de Alexia. Apesar de como a tratam, algumas cenas acabam sendo hilárias.
O livro é um convite maravilhoso para o mundo sobrenatural e para quem procura romance, aventura, mistério e estranhas tecnologias.
O segundo volume da série será publicado aqui no Brasil no segundo semestre desse ano. \o/
nossa e eu não dava nada por esse livro
ResponderExcluirnão curti nenhum pouco essa capa, o que me fez ficar longe do livro.
essa foi a segunda resenha que eu li do livro, estou curiosa pra ler porque adoro fantasias, apesar de nem todas me chamarem a atenção.
Achei tão legal esse livro! Estou doida pra ler, muito bom mesmo essa história. E pelas resenhas que vi não decepcionou, a maioria é cheia de elogios.
ResponderExcluirSe não fosse pela parte do sobrenatural, até que leria esse livro...
ResponderExcluirÉ a primeira resenha que leio dele e vc gostou bastante né, =D
Desde que a publicidade com esse livro começou eu já fiquei ansiosa para ler =) Agora só estou mais curiosa ainda na menina em que vejo as resenha ;D
ResponderExcluirhahah
beijos
Não sabia que era uma série, pensava que era um livro só ^^
ResponderExcluirUltimamente tenho gostado muito de livros com humor, e acho que ia gostar desse. Hoje em dia todo mundo anda tão estressado, então é bom ter humor pelo menos nos livros!
Adorei sua resenha. Não conhecia o livro,
ResponderExcluira história parece ser boa, pelo fato de falar de vampiros já me interessou!!
Eu estou louca para comprar ou ganhar esse livro, ele me cativou muito. :3
ResponderExcluirUma solteirona de atitude. =)
ResponderExcluirAdorei a resenha, fiquei aqui rindo ao imaginar a bagunça na biblioteca. Tantos seres sobrenaturais legais num único livro.
Curiosa para ler. Uma série? Aiii, haja paciência para aguardar os próximos.
Ainda não li nada do gênero Steampunk e estou doida para ler Alma?.
ResponderExcluirAdoro livros com seres sobrenaturais, com um toque de comédia, mistério e claro um romance e creio que “Alma?” tem tudo isso e mais.
Achei interessante é que todos sabem da existência de vampiros, lobisomens e fantasmas e que todos convivem pacificamente (parece que nem todos né), porém a base de regras.
O Livro realmente me chamou a atenção e instigou minha curiosidade e interesse. Achei a capa do livro linda.
Bjus!!