Delírio

Título: Delírio

Autor: Lauren Oliver 

Editora: Intrínseca

Páginas: 352

ISBN: 9788580571646

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Eu simplesmente me apaixonei por Delírio, assim como adorei Antes Que Eu Vá (resenha aqui), romance de estréia da autora. Dois livros completamente diferentes e ambos maravilhosos. O único "defeito" de Delírio é o fato de se tratar de uma trilogia: a espera é de matar! 

Delírio foi lançado em 2012 pela Intrínseca e a capa é linda, em um azul claro metálico. 

capa oficial

Pandemonium, segundo livro da Trilogia Delírio foi lançado nos Estados Unidos no início deste ano (o lançamento por aqui está previsto para 2013).

O último livro da Trilogia, Requiem, tem lançamento previsto para a primavera de 2013 nos Estados Unidos. 

Delírio é uma distopia e a história se passa em um futuro próximo, nos Estados Unidos. Fiquei na dúvida se o que aconteceu por lá aconteceu ao restante do mundo (talvez este seja um mistério para se revelar nos próximos livros). 

Há 64 anos o amor foi identificado como uma doença e há 43 anos os cientistas descobriram a cura, há 50 anos também o governo fechou as fronteiras dos Estados Unidos, ninguém entra e ninguém sai. 

Lena aprendeu na escola sobre os tempos sombrios, quando as pessoas não percebiam quão mortal era a doença do amor. 

"(...) afeta nossa mente, impedindo-nos de pensar com clareza ou tomar decisões racionais sobre nosso próprio bem-estar." (página 8)

O amor deliria nervosa foi a grande causa de guerras e tantas destruições. Antes da descoberta da doença muitas pessoas eram diagnosticadas com problemas cardíacos, ansiedade, depressão, insônia, transtorno bipolar, sem saberem que tudo isso era resultado do deliria. 

No entanto, nem todos estão livres da doença, pelo menos até os 18 anos. A intervenção que promete felicidade e segurança não é segura para menores, podendo causar sérios danos colaterais. 

Lena está prestes a completar 18 anos e conta ansiosamente os dias que faltam para sua intervenção. 

"Noventa e cinco dias, e então estarei segura. (...) Mesmo assim me preocupo. Dizem que antigamente o amor levava as pessoas à loucura. Isso é ruim o bastante. A Shhh também conta histórias sobre aqueles que morreram por causa de amores perdidos ou nunca encontrados, e isso é o que mais me assusta. É o mais mortal entre todos os males: você pode morrer de amor ou da falta dele." (página 9)

Shhh (Suma de hábitos, higiene e harmonia) é basicamente uma bíblia e um guia de leitura obrigatória que mostra todos os perigos do deliria. Apesar do Shhh, muitas pessoas não-curadas acabam se apaixonando, matando-se antes de serem levadas à força para a intervenção. Além disso, existem os simpatizantes, pessoas que fingem concordar com as regras e vivem dentro da sociedade, e também os Inválidos, pessoas que vivem na Selva (nasceram ou fugiram para lá) antes de serem curadas e que costumam realizar protestos. É claro que o governo teme de alguma forma estas pessoas que acreditam no amor e não na cura. Para os moradores das cidades dizem que os Inválidos não existem e nem a Selva, que foi destruída em uma blitz há 50 anos. 

Antes da intervenção os jovens devem passar por uma avaliação onde serão pareados, isso significa que avaliadores irão fazer uma lista com alguns prováveis pretendentes compatíveis, os jovens escolhem um dos pretendentes que estão na lista, sem conhecê-los, para casarem-se após a faculdade (se passarem para uma universidade, alguns jovens acabam se casando logo após o fim do ensino médio). 

A lista possui pretendentes compatíveis com sua realidade, ou seja, se você é rico, bonito etc., terá um par igualmente rico e bonito e vice-versa. Não que depois da intervenção isso tenha alguma importância. Engraçado, quando comecei a ler o livro só pensei no aspecto romântico do amor, mas no decorrer da leitura, especialmente observando os outros personagens, percebi como todos vivem apaticamente. Não existe companheirismo, simpatia, carinho, solidariedade etc. Na verdade, muitos pais acabam matando seus filhos por negligência e é por isso que existe um manual para tudo, como por exemplo, para lidar com as outras pessoas, afinal não existe mais nenhum vínculo entre ninguém. 

Mesmo Lena e sua melhor amiga, Hana, provavelmente não serão mais amigas após a intervenção. Hana é rica e uma das poucas que possui uma família que tem um carro. Sim, Delírio é uma distopia sem carros voadores ou coisas altamente modernas, como Lena, a maioria das pessoas vive de forma mediana, ela não tem computador, roupas novas etc. Nem vive com a sua mãe e seu pai. Sua tia e seu tio a acolheram depois que sua mãe se matou (queriam tentar a intervenção nela pela terceira vez, já que as outras não funcionaram. A mãe de Lena sofria com a morte de seu marido (câncer) e Lena sempre foi menosprezada pelos colegas por possuir uma predisposição à doença). 

Bem no dia de sua avaliação Lena é surpreendida por um protesto dos Inválidos, vacas invadem os laboratórios, o que não a deixa tão triste, pois sua avaliação foi péssima. Lena sente ser duas pessoas: uma que vive para os outros, mostrando-se a garota que deve ser, diferente de sua mãe e outra que tem um desejo incontrolável de ser ela mesma, apesar do medo e de não ter muita certeza quanto quem é esta Lena. 

Lena encontra um rapaz, Alex, que irá lhe mostrar um mundo diferente do qual ela conhece, mas ela está segura, ele tem a marca da cura, enquanto Hana, com seu espírito aventureiro e desbravador, irá incitar a amiga a se divertir um pouquinho antes da intervenção. 

Alex é encantador, um personagem incrível, apaixonante (eu acabei sofrendo de deliria lendo o livro!) e Lena está muito engana quanto a estar segura com ele. 

"Ouvi muitas vezes que quando eu fosse curada do amor ficaria feliz e em segurança para sempre. Eu acreditava nisso. Antes. Agora tudo mudou, e posso dizer que hoje prefiro sofrer de amor por um único milésimo de segundo a viver cem anos reprimida por uma mentira". 

Apesar da (torturante) espera pelos dois próximos volumes, indico o livro. É lindo, perfeito (olha o deliria!), com uma narrativa muito gostosa e que prende a atenção do leitor. 

Espero ver Hana nos próximos livros. Uma personagem tão bem segura e aventureira não deveria simplesmente ficar em segundo plano, gostaria de ver bastante ação para ela...

Acabei de encontrar um conto que a Lauren Oliver escreveu, disponível apenas em e-book (aqui), com o título Hana. Trata da mesma história de Delírio mas sob a perspectiva de Hana.