Feios, Sujos e Malvados


Brutti, Sporchi e Cattivi (1976), dirigido por Ettore Scola, é um filme pesado, que provoca sensações de angústia e desconforto diante de cenas tão brutais e reais. O filme não é uma comédia, mas inevitavelmente faz com que os espectadores dêem risadas diante de cenas tão absurdas. O longa parece mostrar um estilo de vida londe do nosso, mas, pelo contrário, ele é essencialmente um retrato dos dias de hoje, uma caricatura da própria sociedade. No entanto, o filme é fascinante.

Scola apresenta uma crítica social clara desde o início do filme, mas também fica muito claro que não é só isso que o longa oferece. O diretor consegue organizar os planos com maestria, tirando proveito de um elenco numeroso que se concentra em um espaço muito pequeno.

Utilizando-se de elementos da realidade em uma obra ficcional, o longa apresenta a realidade social, econômica etc., sem rodeio algum. Por isso, o filme pode ser considerado neo-realista. Uma corrente artística, o neo-realismo nasceu com um caráter ideológico explicitamente de esquerda/marxista. Literatura, pintura, música. Esse movimento teve seu apogeu no cinema, especialmente no italiano.

Não espere por um final feliz. Na verdade, o final indica apenas a perpetuação de uma situação sórdida em um mundo triste e niilista.

Violento e emocionante, um dos meus filmes favoritos, deve ser visto para ser apreciado, tornando-se inesquecível.

Sinopse

O longa mostra a vida de uma família com mais de 15 pessoas (pai, esposa, 10 filhos, amante do pai e outros parentes) que vivem em uma favela nos arredores de Roma em um barraco de três cômodos.

O pai é um ex-operário que sofreu um acidente de trabalho, deixando-o sem um dos olhos, que recebe um seguro por acidente. Ele esconde o dinheiro, enquanto toda a família tenta roubá-lo desesperadamente. Uma rede cheia de mentiras, incesto, traições e violência.

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