Um longa de Marcelo Galvão, feito com apenas 30 mil reais, seis dias de filmagem e um grupo de técnicos e atores que trocaram seus cachês por sociedade no projeto. Um técnico de som contraiu dengue três dias antes da gravação, um fotógrafo saiu do projeto na véspera e uma equipe de produção se demitiu, por fim, batidas policiais no set que foram incorporadas ao filme na sua pós-produção.
Apesar disso, recebeu o Prêmio de Melhor Filme de Longa-Metragem (júri popular) na 29ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Seleção Oficial de Festivais: Toulouse (França), Montevideo (Uruguai), Lisboa (Portugal), Ohio (E.U.A.), New York (E.U.A.), Tiradentes (Brasil), entre outros.
Rodado em São Paulo, com 90 minutos e três câmeras em um único ambiente, o longa conta a história de uma reunião de pais em um domingo chuvoso da quarta série primária. O motivo da reunião? Um tijolo de maconha é encontrado na sala de aula de seus filhos. Depois de diversas acusações sem fundamentos, todos decidem experimentar a droga, através de uma votação, para descobrir qual a reação dela em seus filhos.
Apesar de se passar em um único ambiente, o filme não é parado. Pelo contrário, aos poucos vamos descobrindo as neuroses e problemáticas de cada pai (ao todo são 15), sem contar o faxineiro, a professora e o diretor. E através dessas revelações conseguimos enxergar os filhos destes pais, mesmo que eles não apareçam no longa, pois cada uma das crianças parece ser um reflexo do pai/mãe.
Acredito que o enfoque principal não seja a droga ou o seu consumo, mas a relação pai/mãe e filho. Um garoto que bate nos coleguinhas e aparece com hematomas no colégio, possui um pai autoritário, personificado por um advogado. Outro garoto que convive "24 horas" com a mãe possui traços "afeminados". E por aí vai.
Bem no estilo Dogma 95 (o Manifesto Dogma 95 foi escrito para a criação de um cinema mais realista e menos comercial, os autores do movimento foram os cineastas dinamarqueses Thomas Vinterberg e Lars von Trier, posteriormente, outros cineastas foram aderindo ao movimento).
Então é mais ou menos isso: você pega uma câmera, que sempre deve ser usada na mão (uma das regras do Dogma 95), usa a iluminação local (sem efeitos, ok?) e tenha uma boa idéia. Pode parecer simples, mas não é. Sinta-se a vontade e corra o risco, rá.
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