Panorama do Inferno


Venha com Hideshi Hino conhecer o Inferno que nem mesmo Dante poderia descrever. Uma paisagem pós-nuclear, que se confunde com a nossa própria realidade - desenhada por um pintor insano com o seu próprio sangue. Esse pintor, de quem nunca saberemos o nome, nos apresenta um mundo corrompido, onde a vida humana não vale nada e o estado promove sessões de decapitação públicas, enquanto fogos de artifício ardem no céu. 

O pintor nos apresenta sua atormentada família: uma filha também desenhista, que se diverte retratando animais mortos; um filho que prefere matar os animais e lamber seus olhos apodrecidos; e a esposa que trabalha num bar para zumbis. Voltando no tempo, apresenta seu pai e seu avô, pelas enormes tatuagens que carregavam nas costas. 

Panorama do Inferno é uma obra perturbadora e autobiográfica. Hino também nasceu na China e teve os pais expulsos do país ao fim da guerra. Seu avô foi um yakuza que dirigia uma casa de jogos, e seu pai realmente tinha as costas cobertas por tatuagens. Escrito em meio a noites em claro e bebedeira pesada, Panorama do Inferno é um mergulho profundo de Hino em seu próprio ser, procurando seus instintos mais sórdidos. Concebido para ser a obra derradeira de um artista desiludido, Panorama... acabou sendo o momento de maior brilho do maior mangaká de terror - que, após o sucesso do livro, continuou como desenhista do gênero.

Nossa, ótima leitura e desenhos de arrepiar. Loucura, sadismo, mutilações, em uma obra que é para chocar, no estilo splatter-gore. Panorama do Inferno é para quem gosta desse tipo de leitura. E quem gosta, vai se deliciar, amar. 

O gore e o splatter que estão nos quadrinhos desde os anos 1960, são gêneros que surgiram no cinema, e o próprio Hino já dirigiu uma produção splatter-gore. O autor comandou um dos capítulos da série Guinea Pig (1885 - 1991), que trazia episódios em que uma pessoa era sequestrada e mutilada, argh, passo-a-passo, de maneira bem explícita. Reza a lenda que o ator Charlie Sheen acionou o FBI para investigar o pessoal da filmagem, acusada de fazer snuff movies (filmes reais com gente sendo torturada). O pessoal do Guinea Pig foi "absolvido", mas o gênero já estava bem adiantando, com vários fãs espalhados pelo mundo. 

Para quem não quer nada tão pesado como um filme, e quer conhecer o gênero, basta dar uma visitada em Panorama...


2 comentários:

  1. Ai, credo oO'
    Não tenho estômago pra isso não... E nem mais idade! hahaha

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  2. Uau, não sabia dessa história do filme. Eu li um pouquinho sobre o Hino e fiquei fascinada por ele.

    Ah eu ri demais no começo, é que não sou acostumada com mangás, então óbvio que comecei a leitura pelo final, e ficava pensando: nossa, como é complexa a história hahahah!

    Mas estou dando um tempo pra voltar a ler haha, li só um pedacinho do começo (de verdade), e achei interessante ele tomar ácido clorídrico pra vomitar sangue, mais prático que só ficar se retalhando né?! Comprei por causa do desafio literário, vou ler também O garoto verme, do Hino. Já leu?

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