A Linguagem das Flores

Título: A Linguagem das Flores

Autor: Vanessa Diffenbaugh

Editora: Arqueiro

Páginas: 304

ISBN: 9788580413717

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Victoria foi abandonada assim que nasceu e Meredith ficou responsável por selecionar as inúmeras famílias adotivas que devolviam a garota. A assistente social perdia as esperanças cada vez que uma família devolvia Victoria, nem tanto por um sentimento de afeto, mas pelo fato de que se Victoria fracassasse, o fracasso também seria de Meredith. 

Victoria havia morado em 32 casas e abrigos e se lembrava que eram todas barulhentas, especialmente pelo choro constante das crianças, dos berros de irmãos sendo separados e gritos agudos de dor. Mas agora Victoria completara 18 anos e a garota é responsável por ela mesma. Victoria vai para uma casa onde vivem outras garotas e tem três meses de aluguel gratuito, tempo suficiente para arranjar um emprego ou então ir embora da casa. 

No lugar de seguir o conselho de Meredith e ir atrás de um emprego, Victoria cultiva em seu quarto um jardim com vasos de flores improvisados, furtando plantas de quintais, jardins comunitários e pracinhas. No dia de seu despejo, sem um emprego e sem ter como pagar o aluguel, Victoria transfere seu jardim para um local isolado num pequeno parque, onde consegue uma perfeita combinação de sol, sombra, solidão e segurança.

Enquanto procura por plantas para adicionar ao seu jardim em expansão, Victoria come o que encontra nos balcões de restaurante chiques, refeições deixadas pela metade pelos clientes. Logo a fome e o frio apertam e o local isolado se mostra perigoso, com jovens bêbados perambulando por lá. Diante desse situação, Victoria arrisca pedir para ser ajudante em uma floricultura e Renata, a florista, fica bastante satisfeita com os conhecimentos que a garota possui sobre as flores e logo os clientes se sentem fascinados pelo dom de Victoria, que sabe arranjar as flores em belos buquês e encontrar o que cada pessoa precisa para cada ocasião. 

Ao visitar o mercado de flores com Renata, Victoria acaba conhecendo um misterioso vendedor de flores com o qual inicia um diálogo através de flores, o que acaba levando a garota a ter que enfrentar uma parte de seu passado que a atormenta todos os dias. 

Assim, A Linguagem das Flores parece ser um livro extremamente clichê, mas Vanessa Diffenbaugh surpreende o leitor ao apresentar uma história que foge completamente dessa linha, uma história extraordinariamente poderosa e dolorosa, com personagens que surpreendem, de formas às vezes não muito agradáveis, o que não quer dizer que são mal construídos, mas por serem extremamente humanos e com personalidades que englobam todos os tormentos pelos quais já passaram. Victoria não é uma personagem fácil de gostar, muitas vezes ela pode assustar o leitor, mas a dor e a solidão dessa personagem estão tão bem visíveis e narrados no livro que o leitor passa a querer o seu bem. 

A narrativa em primeira pessoa vai para o passado para o leitor acompanhar uma Victoria mais nova vivendo em um vinhedo com Elizabeth, uma mulher também marcada por um passado sofrido, com quem a garota aprendeu a linguagem das flores e é esse passado que vem atormentar Victoria e que faz a trama manter uma aura de suspense e ainda possuir uma grande carga dramática. Debatendo, além disso, a questão do abandono de uma criança e a falta do amor incondicional e suas prováveis consequências, numa narrativa extraordinária.

Só de escrever essa resenha e relembrar os detalhes dessa história dá um nó na garganta. A leitura vale a pena, especialmente porque irá te surpreender.