Sabe o tipo de livro que você abre, começa a ler e simplesmente é levado para um lugar mágico, onde tudo é possível? Tempos de AlgóriA, o primeiro volume de o Universo de Todos os Olhos, de Richard Diegues, lançado pela Tarja Editorial, parceira aqui do blog, é um livro fantástico em todos os sentidos. Conseguiu me transportar para um mundo cheio de magia, aventuras, príncipes, monstros, guerreiros...
E onde fica o Universo de Todos os Olhos exatamente? Bom, pode-se dizer que no inconsciente de cada um, pois todos os que sonham vão para lá. O Universo é dividido em três reinos: o Reino de Todos os Olhos, o Reino dos Sonhos e o Reino dos Pesadelos.
A Paz se estabeleceu após muitos, muitos anos entre os reinos. No entanto, ela é abalada quando algo fora do Universo começa a ameaçar a vida dos habitantes dos reinos.
No segundo volume, Catrina e o Reino de Todos os Olhos, conhecemos uma garotinha que vive no Reino dos Homem, o nosso mundo. Muito doente e prestes a fazer uma cirurgia, acaba conhecendo um gigante que a leva para um mundo diferente. Lá, Catrina terá uma missão, sua história é emocionante, sua delicadeza e coragem de criança são lindas e é impossível não acompanhar os passos dessa história tão bonita e rica em detalhes.
Escrever uma resenha sobre o Universo de Todos os Olhos é difícil, pois os livros são pura fantasia e, ao mesmo tempo, traçam muitos paralelos com o nosso mundo, com as nossas atitudes. Apesar de toda a magia, é um livro que também nos faz refletir (sem ser clichê, sem querer agregar ideais e valores ao leitor, afinal cada um irá interpretar a obra de uma maneira).
Eu ri, chorei, me apaixonei por determinados personagens e fiquei com raiva de outros (consegui desculpá-los depois).
Os livros são realmente recomendados para crianças de 8 a 80 anos. Imperdível!
O autor Richard Diegues foi muito legal e concedeu uma entrevista para o blog, confiram:
Electric Beans: Como você se tornou escritor?
Richard Diegues: Comecei a escrever cedo, aos 16 anos
terminei meu primeiro livro e o publiquei (Magia – Tomo I). Mas, apesar de ter
publicado esse romance, apenas há uns 10 anos realmente me considerei escritor.
Apesar das pessoas acharem que escrever é apenas botar idéias no papel, o
processo de se tornar um escritor envolve muito mais coisas. Para ser um escritor
é preciso ter a consciência de que a escrita está basicamente na traquéia (nada
dessas bobagens de coração, mente, etc) e que, caso não a coloquemos para fora,
ela vai nos sufocar. Esse é o primeiro passo. O segundo seria a aceitação de
que você não escreve para VOCÊ! O autor tem que pensar em apenas uma coisa:
preciso passar algo ao leitor, nem que seja diversão. Esquecendo fama,
dinheiro e ego, vira-se um escritor. É um processo complexo, que só vem depois
de vários trabalhos publicados. Não existe escritor de um, dois ou três livros.
Precisa-se de bem mais do que isso para compreender (e se afirmar) como
escritor.
EB: Ao ler o Universo de Todos os Olhos, lembrei
muito de um jogo de RPG que costumava jogar (Dungeons & Dragons). Você
também costumava jogar RPG? Esse tipo de jogo teve alguma influência na
coleção? Se não, quais foram as inspirações?
RD: Eu curtia muito RPG de livros. Era um nerd
caseiro, do tipo que curtia mais a solidão da leitura do que a interpretação de
personagens. Hoje posso dizer que conheço muito bem RPG, mas ele não me
influencia na literatura. O que realmente me inspirou no desenvolvimento do
Universo de Todos os Olhos (que daria sim um fantástico cenário de RPG, rs) foi
o danado do velho Tolkien, com sua neura absoluta pelos detalhes de seu
universo do Um Anel. Se eu dissesse que alguém me inspirou para o meu universo,
esse sujeito foi o Sir Neil Gaiman, confesso.
EB: Em sua opinião, por que a literatura fantástica
anda tão em alta ultimamente?
RD: Na verdade eu acho que o que anda em alta
são os leitores, rs. A literatura fantástica em si teve uma queda relativamente
boa nos últimos 2 anos. Nem tanto na questão de quantidade, mas na qualidade. O
que eu enxergo são mais leitores procurando por esse segmento da literatura,
mas isso também é um risco, pois más editoras e maus autores vem aproveitando a
onda pra colocar no mercado livros de baixa qualidade, o que a curto prazo
poderá afastar os leitores que a tanto custo nós temos cativado.
EB: Momento clichê. O que você costuma fazer quando
bate aquele bloqueio na hora de escrever?
RD: Na verdade eu nunca tive essa síndrome do
escritor. Já ouvi falar muito dela, mas sou um sujeito muito prolífico na
escrita. Se você me encomendar um texto com determinado tema para dois ou três
dias, eu consigo entregar sem nenhum tipo de problema. Sou acostumado a pressão
e tenho muita criatividade. Confesso que tenho também um trunfo na manga:
sempre que tenho uma idéia, seja de cena, personagem, ou apenas de uma
passagem, anoto para uso posterior, aí na hora de montar um texto, faço uso
dessas "inspirações".
EB: Por último, qual livro você gostaria de ter
escrito?
RD: Sou apaixonado por "História Sem Fim"; acho que
esse é um clássico com tantas camadas e formas de apresentação que qualquer
escritor com "E" maiúsculo gostaria de ter desenvolvido.