Feitiço

Título: Feitiço

Autor: Sarah Pinborough

Editora: Única

Páginas: 248

ISBN: 9788567028057

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Todo mundo conhece a história da Cinderela, né? Ou ao menos a versão da Disney, repleta de animais que se comunicam com Cinderela e ajudam a garota e, é claro, música, diferente do conto dos Irmãos Grimm. Mas não importa a versão, parece que esses contos nos fascinam sempre, independentemente da idade e se deparar com uma releitura de um deles, uma boa releitura, escrita de forma habilidosa, é extremamente estimulante! 

Sarah Pinborough é competente no momento de dosar humor, sarcasmo e sensualidade, criando uma leitura d-e-l-i-o-s-a do início ao fim. 

Feitiço traz a sensível e doce Cinderela, que nesta versão não tem nada de sensível ou doce, aliás, que garotinha mais intragável! Cinderela é invejosa, infantil e extremamente ambiciosa. Ela odeia viver com a sua família em uma casa pequena sem qualquer luxo, Cinderela quer mais da vida, quer viver ao lado de um homem alto e bonito em um castelo maravilhoso, com muitas roupas bonitas, música e diversão.

Nada é justo em sua vida. Seu pai havia perdido o emprego no jornal que fechou e vivia metido em um livro que escrevia, sua madrasta parecia não gostar nada da afilhada e suas duas filhas recebiam a atenção que Cinderela tanto queria! Ivy, a irmã casada com o visconde, visitava a família de vez em quando e Cinderela podia sentir a inveja corroendo por dentro. Ela poderia matar por um vestido lindo como os de Ivy ou por uma única volta naquela carruagem tão bela, mas beijar o visconde parecia uma ideia repugnante. Rose, sua outra irmã, parece extremamente sem graça para Cinderela, além de ser uma chata com seus discursos inflamados sobre o estado do reino. Tudo bem, as duas podiam ter dinheiro, pelo menos Ivy, e Rose a atenção da mãe, mas Cinderela tinha a beleza que nenhuma das duas possuía.

A certeza de ser a mais bela e gostosona (sim, Cinderela deseja vida longa às inimigas e manda beijinho no ombro) traz conforto, fazendo com que a garota saiba que um dia vai chegar ao camarote e não será mais a meia-irmã oprimida que passa as noites admirando o retrato emoldurado do príncipe sorridente em seu quarto e fantasiando as mais diversas estripulias, ai ai.

Enquanto criancinhas desaparecem misteriosamente em suas idas para a floresta na busca de lenha, Sua Majestade, o rei, anuncia a intenção de realizar dois Bailes da Noiva Real, onde todas as jovens de famílias nobres e suas acompanhantes estão convidadas. O príncipe irá dançar com todas elas e ao final dos dois bailes irá escolher sua futura esposa. A notícia gera um alvoroço, com homens e mulheres excitados e cheios de expectativa, afinal um casamento real significa feriados extras e banquetes, bons tempos estavam por vir. Menos para Cinderela, é claro, que não iria ao baile e ainda teria que ouvir por semanas Rose e sua madrasta falando sobre o assunto.

Enquanto as famílias gastam todas as suas economias para deixarem suas filhas incríveis para os bailes e chamarem a atenção do príncipe, Cinderela, a-r-a-s-a-d-a e irada, só quer ter a chance de ir ao castelo uma vez, porque sabe que nessa única vez irá conquistar o seu tão amado príncipe. E, como mágica, surge à sua frente uma bela mulher capaz de realizar os seus desejos, ou alguns deles.

"- Isso eu não posso prometer. - Ela bebeu mais um pouco de vinho. - Não há magia suficiente que possa garantir sua felicidade depois. Posso garantir, entretanto, que você chame a atenção dele. Posso fazer com que deseje você. Você vai conquistar o príncipe. Depois disso, porém, a sorte está lançada, não posso fazer mais nada." (p. 65)

Sua "fada madrinha" pede apenas um favorzinho para Cinderela e que se não for realizado, bom, as coisas não irão acabar nada bem. No entanto, Cinderela percebe antes mesmo de cumprir o prometido que suas ações impulsivas levaram-na para um lugar bastante sombrio e quando a realidade vem à tona ela percebe que não é assim, tão glamourosa.

Mais uma vez, Sarah traz personagens com personalidade forte e nenhum deles é o que parece. Neste segundo volume da Saga Encantadas, leia a resenha do primeiro (Veneno) aqui, encontramos novamente personagens de outros contos e, olha só, personagens de um reino distante, mais precisamente, lá de Veneno. Pois é, eu pensava que cada livro tinha início e fim (óbvio), mas que não haveria uma continuação para alguns personagens e fiquei super feliz em rever alguns deles, especialmente com o que acontece com eles. Sarah é super criativa e talentosa e Feitiço fez com que eu apenas me apaixonasse ainda mais pela Saga. Mesmo tendo adorado o primeiro livro, esse é o meu favorito.

Ah, e não dá para deixar de comentar sobre a diagramação linda desse livro, da capa que é um espetáculo e, assim como o primeiro livro, a orelha do livro da parte de trás pode ser destacada e vira um marcador (já com a capa do terceiro volume da Saga, Poder).

Fabulosa!