A Menina Mais Fria de Coldtown



Título: A Menina Mais Fria de Coldtown
Autor: Holly Black
Editora: Novo Conceito
Páginas: 384
ISBN: 9788581634036


Ao acordar em uma banheira sem se lembrar de como fora parar ali, o borrão devendo-se, definitivamente, as doses de uísque que ingerira, Tana, uma adolescente de dezessete anos, depara-se com um cenário horrendo: o sangue está por todas as partes, no carpete e nas paredes, nas superfícies beges encardidas com marcas de mãos com sangue e corpos, dúzias de corpos de pessoas que Tana via todos os dias desde o jardim da infância, com quem havia brincando, por quem havia chorado e que havia beijado. Todos jaziam em ângulos estranhos, olhares fixos e lábios azulados.

O que era para ser uma festa banal havia terminado da forma mais terrível possível e Tana tentava apenas não surtar porque ela simplesmente não podia se dar ao luxo, afinal, além de todos aqueles corpos e correndo o risco de trombar com intrusos na casa, Tana encontra Aidan, seu ex-namorado, um cara insuportavelmente charmoso e manhoso, atado à uma cama e vivo em um quarto junto de um outro garoto, amordaçado e acorrentado. E para piorar a situação, o carinha bonitinho e com cara de maluco acorrentado é um vampiro e Aidan foi mordido, ou seja, ele está ficando com MUITA fome e Tana tem que agir rápido, muito rápido.

O problema quando um ser humano era mordido por um vampiro era a fome incontrolável por sangue. Uma pessoa mordida ficava Resfriada, assim chamavam as autoridades, mas diferentemente de um resfriado comum, com o Resfriado as temperaturas corporais caíam e os sentidos ficavam aguçadíssimos. Se uma pessoa que tivesse ficado Resfriada bebesse sangue humano, a infecção sofria uma mutação, matava o hospedeiro e o erguia novamente dos mortos. Havia uma cura, pelo menos era o que os cientistas diziam. A vítima deveria evitar beber sangue humano até que a infecção fosse eliminada do corpo, o que podia levar mais de 80 dias e era extremamente difícil. Tana sabia o quanto, pois vivenciara isso na sua casa, dez anos atrás com sua mãe e as coisas acabaram fugindo de controle.

A garota sabia que devia ajudar Aidan, apesar do perigo iminente, e não deixaria o ex-namorado virar um monstro. Também leva o esquisito vampiro para fora da casa, enfiando-o no porta-malas e partindo para a Coldtown mais próxima, o destino provavelmente mais correto no momento.

Tana nunca pisara em uma Coldtown, cidades rodeadas por muros e fundadas para controlar a infecção desde que ela irrompera. Vampiros vivem (são exilados) nas Coldtowns e qualquer um pode entrar nessas cidades, mas raramente conseguem sair delas, a não ser que tenha um sinalizador, objeto que se pode conseguir capturando um vampiro e entregando-o. Winter e Midnight, gêmeos com cabelos pintados de azuis são dois adolescentes que Tana, Aidan e Gavriel, o vampiro amalucado, encontram na estrada e que desejam entusiasmadamente irem para Coldtown e se tornarem vampiros, algo muito comum, especialmente entre os jovens. 

"Todo mundo tinha medo de morrer, e os vampiros nunca morreriam. Desejar ser um vampiro era tentador, até mesmo se não fosse todo mundo que tivesse coragem de tentar. Mas todo mundo queria ver um vampiro de longe. E ninguém realmente queria que eles se fossem". (p. 102)

"Vampiros tinham aparências absurdamente maravilhosas, reluzindo na televisão como anjos caídos. Até mesmo desde o começo aquilo era um problema. As pessoas gostavam de coisas belas. As pessoas gostavam até mesmo de coisas belas que queriam matá-las e comê-las". (p. 101)

As Coldtowns exibiam transmissões, a maioria delas patrocinadas por grandes corporações, e entre os reality shows estavam os sobre caçadores de vampiros, com, é claro, alta rotatividade no elenco e, um dos mais famosos, o de Lucien Moreau, um vampiro carismático que transmite pela internet as intermináveis festas que acontecem em sua mansão, cheias de pessoas belas, bem vestidas e glamour. 

Mas Tana descobre uma cidade com ruas vazias e forradas de lixo, beirando a decadência e horror. E ela não pode voltar para casa, para seu pai e sua irmã, precisa cuidar de Aidan, descobrir o que está acontecendo com o misterioso Gavriel e torcer para que não tenha sido infectada enquanto fugia de um vampiro na fazenda onde acordara e era arranhada por seus caninos. 

Se você está cansado de vampiros bonzinhos que tentam se regenerar resgatando a sua humanidade, A Menina Mais Fria de Coldtown, de Holly Black, vai te animar, fazendo-o lembrar dos bons e velhos vampiros, como Lestat e companhia (apesar de não gostar de compará-los com nenhum outro personagem, já que são meus vampiros favoritos), mas fica difícil não se lembrar deles ou até mesmo da atmosfera criada por Charlaine Harris em As Crônicas de Sookie Stackhouse (aqui, de forma mais light, claro). Holly Black dá um basta em toda essa aura cheia de glamour que envolve esses seres e escancara-os, fazendo jorrar sangue e mais sangue pelas páginas de A Garota Mais Fria de Coldtown, deixando espaço ainda para tripas e sujeira numa narrativa entusiasmada que envolve o leitor, alternando entre o presente e toda a ação ali e flashbacks do passado de Tana e de Gavriel, para que possamos nos apegar ainda mais por um e compreender as intenções e o comportamento do outro. 

Tana é forte e adorável e às vezes ela parece que simplesmente vai desmoronar com tanta coisa acontecendo, mas continua firme naquilo que se propôs. Consegui compreender suas atitudes bobas e às vezes infantis, afinal ela é uma adolescente e até adultos cometem erros tolos. Gavriel é um vampiro lunático, perturbado, e a autora empregou tanta expressividade ao personagem que pude visualizar seu olhar maníaco. Ele e Tana formam uma amizade incomum e para seu horror, ela se vê admirando aquele monstro extremamente sexy, que muitas vezes lhe causa uma certa repulsa magnética. 

No entanto, o livro não trata de romance. Holly Black foca na amizade e no ser humano e suas mais variadas facetas. Seria um vampiro um humano desprovido de sua humanidade, da sua essência, ou um ser humano na sua mais plena forma, com a humanidade afastada de todas as coisas humanas que o impedem de ser ele mesmo?

6 comentários:

  1. Quero muito ler esse livro, me interessei por ele desde o lançamento e adorei toda a divulgação que a NC fez com ele. Parece ser uma história bem legal e pela sua resenha fiquei com mais vontade de ler. Beijos

    ResponderExcluir
  2. adorei a resenha. eu estou lenvo esse livro, mas ainda n cheguei no final espero curtir, mas to com medo das coisas q tem acontecido olha ashusuhsa coitada da tana, mas ela é forte então vai sobreviver.

    Seguindo o Coelho Branco

    ResponderExcluir
  3. Essa capa é tão linda *-----*
    E a história é fascinante, adorei sua resenha, e quero muito Ler o livro *--*

    ResponderExcluir
  4. Ainda bem que veio um livro falando de como os vampiros realmente são, Holly soube usar o clichê que já se tornou escrever sobre esses seres com algumas pitadas interessantes de originalidade, a ideia de Coldtown e de Tana largar tudo para tentar salvar seu ex-namorado enfrentando tudo o que vier pela frente é extramemente atraente, descobrir o que realmente acontece por trás dos muros da cidade e ainda poder acompanhar jovens em uma aventura desse porte deve nos fazer devorar a obra e ansiarmos por mais sangue, assim como eu anseio para fazer essa leitura.

    ResponderExcluir
  5. Quero muito ler este livro, em todo blog que conheço já postaram resenhas que só aumentaram minha vontade

    ResponderExcluir
  6. Eu gosto bastante da temática tratada no livro, e sou bem seletiva quanto a isso,
    o livro parece trazer uma proposta nova, pelas resenhas que li, percebo que a maioria dos leitores tem gostado.. e espero ganhar o TOP Comentarista..

    ResponderExcluir