Título: O Jogo da Amarelinha
Título original: Rayuela
Autor: Julio Cortázar
Editora: Civilização Brasileira
Páginas: 602
ISBN: 9788520011980
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"Encontraria a Maga?".
Assim começa O Jogo da Amarelinha e a busca, já fadada ao fracasso, de Horácio Oliveira, herói problemático e introspectivo, não importando se o leitor inicia a leitura de forma cronológica (primeiro livro), do 1° capítulo ao capítulo 56, ou se o leitor começa a leitura proposta pelo autor, iniciando a leitura pelo capítulo 73 (segundo livro) e indo e vindo numa leitura que lembra o jogo da amarelinha, pois Rayuela, publicado primeiramente em 1963, é um livro dividido em três partes (Do lado de lá, Do lado de cá e De outros lados) e essas três partes podem ser lidas de forma independentes ou, se o leitor preferir, seguir a ordem sugerida pelo autor, mencionada anteriormente (primeiro e segundo livro, fracasso iminente).
O Jogo da Amarelinha é um livro subjetivo, aberto a múltiplas leituras e olhares, onde o leitor participa da leitura, é executante e não meramente consumidor de uma história que aqui, na verdade, vai além de uma história, mas busca as possibilidades de se contar uma história.
Do lado de lá, o argentino Horácio Oliveira vive em Paris em meio aos companheiros de exílio, os membros do Clube da Serpente, onde discutem arte, política e filosofia, onde ouvem jazz, fazem sexo, andam pelas ruas de Paris e vagam por vielas metafísicas e também é em Paris onde vive um romance com Maga. Do lado de cá, Oliveira se encontra na Argentina ao lado de Traveler e Talita, em meio ao circo e a um hospício e encontra Maga em diversos aspectos de Talita. Por fim (ou não), em De outros lados (ou capítulos prescindíveis), o leitor pode sentir certo desconforto, pois as informações nestes capítulos parecem ser as mais desordenadas possíveis, uma espécie de colagem dentro do livro, mas é aqui que encontramos as ideias de Julio Cortázar acerca de sua teoria da criação poética na voz de Morelli.
Combinando uma forma inusitada de ler com a busca de Horácio, (uma realidade que engloba outra realidade, uma realidade verdadeira, não transcendental), O Jogo da Amarelinha se torna o tipo de livro difícil de se esquecer, que deixa um sabor amargo na boca e, mesmo não possuindo uma leitura fácil, não poderia ser outra coisa que não fantástico.