Nina

Como hoje é o Dia do Cinema Brasileiro, vou falar sobre um dos meus filmes favoritos. 


Nina é o filme de estréia do diretor pernambucano Heitor Dhalia. O thriller psicológico de 2004 é uma adaptação livre da obra de Dostoiévski, Crime e Castigo.

Fiz um trabalho sobre o filme na faculdade. Na verdade, sobre o site do filme, pelo qual já havia me apaixonado. O trabalho: analisar a estética do site e criar uma ilustração ou objeto que representasse o que observamos. Entre ilustração e objeto, optei por um objeto. Um espelho, pequenininho (daqueles que se encontram aos montes por 1 real). Pintei o espelho com tinta preta, não todo, apenas fiz uns borrões. Entreguei para cada um da sala o espelho em um saquinho preto fechado com uma fita preta. A reação da turma foi exatamente a que eu queria. Mas qual era o meu objetivo?

A estética do site segue a mesma do filme, expressionista. No filme, Nina, vivida por Guta Stresser, encontra-se em um estado mental deteriorado. Ela vê o mundo de determinada maneira, e o longa segue esse aspecto, fazendo com que vejamos a partir do ponto de vista da personagem. Um mundo deturpado, niilista, assustador, selvagem. E o expressionismo é exatamente isso. Uma estética voltada para a deformação da realidade, a fim de expressar com maior subjetividade a natureza e o ser humano, dando maior atenção a expressão dos sentimentos do que a descrição objetiva da realidade.

Voltando. Meu objetivo era provocar na turma, em um primeiro momento, surpresa, dúvida. O que eu queria, em um segundo momento, era exatamente fazê-los verem a si mesmos de uma forma deturpada (já que o espelho estava todo manchado), assim como a personagem.

Mas retomando ao longa. Nina é uma garota "desajustada" que vive no centro de São Paulo, em um quarto alugado. A proprietária do apartamento é uma velha rabugenta, dona Eulália, vivida por Myrian Muniz, e que serve de alvo para toda a loucura de Nina.

Nina tem fome, não tem dinheiro, vive em um mundo hostil a sua volta que se interliga ao seu próprio mundo interior. Nina nega a realidade e cria um mundo só dela.

Seus pensamentos estão concentrados, de forma obsessiva, na morte de dona Eulália. Tais pensamentos são representados por desenhos sombrios do cartunista Lourenço Mutarelli.




O filme conta com pequenas participações de grandes atores e atrizes, como Renata Sorrah, Lázaro Ramos, Selton Mello etc.

É um filme sombrio que se utiliza de recursos de animação (Kill Bill, de Tarantino, também utiliza-se desses recursos, mas Nina foi feito antes de Kill Bill).

Um filme pesado, que parece se tornar um pesadelo enquanto você entra na mente da personagem. Longa indispensável.

Infelizmente não encontrei o site do filme. Faz tempo que entrei nele. Nem sei se está mais no ar.

Um comentário:

  1. Olá! Eu vi esse filme há muito tempo, mas também gostei, é meio angustiante e muito interessante. Eu tenho Crime e Castigo e ainda não li, não sabia que tinha referências a ele. Bem legal o seu texto.

    abras,
    Luciana
    http://folhasdesonhos.blogspot.com

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